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quinta-feira, 21 de julho de 2011

FESTIVAL DE FÉRIAS - MANUAL DO AMOR

Nesta quinta-feira a sugestão é mudar de ares e experimentar uma agradável comédia romântica que provavelmente se você a visse na locadora não daria nada por ela. No entanto, é muito bom quando acabamos nos surpreendendo com algo inesperado. Essa é a situação que você deve passar ao assistir Manual do Amor (2005) uma interessante opção vinda da Itália que foge do esquema hollywoodiano de fazer cinema e provoca boas risadas. A forma encontrada pelo diretor Giovanni Veronesi para amarrar quatro histórias que falam sobre a busca pelo amor é um dos pontos fortes do longa. Elas são como curtas-metragens anunciadas por um título que resume em uma única palavra o tema principal das sequências. O cineasta tomou o cuidado de sempre deixar um gancho de um trecho para o outro, porém todos os contos também podem ser apreciados de forma independente, pois eles só são introduzidos na parte anterior, mas os conteúdos não têm ligações.

O filme retrata quatro fases cruciais de um relacionamento fadado ao fracasso, mas cada uma delas segue um viés diferente e conta com um elenco distinto. A primeira é "A Paixão", em que Tommaso (Silvio Muccino) se apaixona por Giulia (Jasmine Trinca), mas não é correspondido. A moça resiste até conhecer o lado família do seu cortejador. Então vem o primeiro beijo, a primeira relação e finalmente o pedido de casamento. A segunda representa "A Crise", mostrando Barbara (Margherita Buy) e Marco (Sergio Rubini), um casal de meia idade, passando por um momento difícil de entendimento após muitos anos de casamento. Eles cogitam a idéia de ter uma criança acreditando que isso resolveria seus problemas. "A Traição" é o terceiro conto e nos apresenta à Ornella (Luciana Littizzetto), que está arrasada com a traição de seu marido Gabrielle (Dino Abrescia), mas está determinada a superar a dor de uma forma inusitada: declarando guerra aos homens usando sua autoridade de fiscal de trânsito. Por fim, em "O Abandono", Goffredo (Carlo Verdone) é um médico bem-sucedido que foi deixado pela esposa. Se sentindo sozinho, ele acaba se metendo em uma confusão com sua secretária Luciana (Sabrina Impacciatore). Desesperado para encontrar uma solução para seu problema, ele busca auxílio em um livro de auto-ajuda chamado "Manual do Amor", que oferece dicas às pessoas com o coração partido.


A produção, como a maioria oriunda de terras européias, é impecável tecnicamente, com uma fotografia muito bonita, principalmente nas cenas finais passadas em uma praia praticamente deserta. O roteiro também é muito caprichado. Além da estrutura narrativa diferenciada, o texto prende a atenção lançando mão de artifícios muito simples e apresenta um olhar muito delicado sobre as relações amorosas reproduzindo momentos com os quais os espectadores podem se identificar, pois são universais, podem ocorrer com qualquer um e em qualquer parte do mundo. Certamente muita gente vai se ver dentro deste filme e e é impossível não chegar ao final com um sorriso no rosto. Interessante que a produção começa com um tom mais romântico e o humor vai sendo introduzido aos poucos, chegando ao ápice no último conto. O melhor é que as situações engraçadas não são forçadas. Todas elas são muito naturais e calcadas em eventos cotidianos que podem ou não acontecer em sigilo.

O elenco é um show a parte. Os atores não são conhecidos do grande público, mas provam que não é preciso ser famoso para chamar a atenção, basta ter talento e isso aqui tem aos montes. Todos os personagens são interessantes e cativam o público de alguma forma, mas é inevitável que os traídos Ornella e Goffredo chamem mais a atenção. Seus contos são os mais engraçados e neles a veia cômica é mais forte, abrindo espaço para que seus intérpretes proporcionem um show de humor de qualidade. Até a cena em que o médico atrapalhado precisa se esconder embaixo da cama para não ser encontrado pelo marido de sua secretária, a típica cena cômica do amante em perigo, uma situação corriqueira no cinema e constante em novelas, ganha um gostinho diferente aqui. Claro que é preciso ter um mínimo de interesse nas relações humanas para poder aproveitar esta obra.


O cinema italiano, infelizmente, sofre ainda por ser taxado de chato, lento, melodramático ou antigo. Esse é um mal que atinge as obras vindas da Europa, mas é preciso deixar o preconceito de lado. Em todo o mundo, os investimentos em produções cinematográficos estão sendo ampliados e cada vez mais os resultados são mais satisfatórios e expressivos, tanto financeiramente quanto de críticas. Há muitos filmes estrangeiros excepcionais que nem chegam a passar nas telas grandes, mas encontram nas locadoras e lojas seu espaço. Aproveite as férias e procure diversificar suas escolhas e amplie seus horizontes. Manual do Amor é uma excelente sugestão para começar essa experiência e com certeza não causará decepções.

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