DVDs - Submarino.com.br

sábado, 23 de julho de 2011

FESTIVAL DE FÉRIAS - JOHNNY E JUNE

Nas noites de sábado, muitas pessoas gostam de ir a shows para curtir uma boa música, relaxar e se divertir. Por isso, a sugestão de filme de hoje é literalmente um show tanto musical quanto de atuações. Joaquim Phoenix e Reese Witherspoon se entregaram completamente aos seus personagens em Johnny e June (2005), inclusive soltando a voz interpretando canções que fizeram muito sucesso nos anos 60. A produção se concentra na relação conturbada que viveram Johnny Cash e June Carter, duas pessoas que sonhavam em viver do trabalho nos palcos, mas cujas vidas pessoais rendiam muito mais notícias à imprensa e críticas da sociedade conservadora. O diretor James Mangold construiu um belo e correto drama que emociona na medida certa e sem necessidades de forçar situações para levar o público as lágrimas. As canções inseridas estrategicamente ajudam a deixar a narrativa mais leve e funcionam perfeitamente para pontuar momentos das vidas dos artistas.

O longa começa nos mostrando a infância difícil de Cash em um ambiente rural, passando por sua juventude quando dava os seus primeiros passos para tentar a carreira profissional como cantor até culminar em um show que marcou época ao ser realizado em uma prisão e que gerou um dos álbuns mais emblemáticos da trajetória do músico. Sem êxito nas tentativas iniciais de lucrar com seu talento vocal e com o violão e já estando casado com Vivian (Ginnifer Goodwin) e com filhos para sustentar, ele levava uma vida um tanto desregrada e boêmia, inclusive procurando outras mulheres para afogar as mágoas. Quando surge a oportunidade de fazer uma importante apresentação com sua banda, na qual se apresentariam também Elvis Presley, Jerry Lee Lewis, entre outros nomes hoje famosos, ele conhece June, por quem ele se encanta imediatamente, mas ela também é comprometida. Aliás, a vida amorosa da moça era bem movimentada e ela colecionava relacionamentos mal sucedidos, motivo que levava muitas pessoas a apontarem nas ruas como um mau exemplo. Logo, os dois passam a cantar juntos e a fazer muito sucesso, mas a jovem deixa claro que não quer se envolver amorosamente com ele.


As pressões de trabalhar ao lado da mulher que ama, mas a qual o rejeita, lidar com o ciúmes da esposa, aproveitar os benefícios da fama e ainda tentar conseguir uma palavra de aprovação ou carinho de seu pai, levam Cash pouco a pouco aos vícios da bebida e das drogas. Enquanto isso, June tenta reconstruir sua vida com casamentos que sempre fracassam, mas sem abandonar o companheiro de palcos, isso até que ela perde a paciência e decide virar as costas de vez. Assim, o cantor mergulha na depressão, porém ele não desiste do seu amor pela cantora e tenta reconstruir sua vida para reconquistá-la. Entre idas e vinda, carinhos e brigas, alegrias e tristezas, a paixão pela música fará com que esse casal sempre esteja unido. Desde o prólogo até a cena final, são condensados em cerca de duas horas momentos importantes das vidas destes dois artistas, tanto fora quanto em cima dos palcos, mas de tal forma que é praticamente inexplicável como enredo flui tão bem, visto que muitos filmes sobre personalidades acabam se perdendo nos dramas pessoais e caindo na armadilha do dramalhão que soterra a obra do homenageado. Apesar de dosar bem o profissional e o particular, muitos críticos questionam a opção de Mangold em privilegiar as passagens amorosas e dramáticas, pois consideram que a importância de Cash no cenário musical é muito maior do que foi mostrado no longa.

Baseado em dois livros de autoria do próprio Cash, "Man in Black" e "Cash: The Autobiography", além de entrevistas com o casal praticamente até a morte de ambas ocorridas em 2003, o longa não traz inovações, é um tanto convencional, mas as interpretações vivas e sinceras de Reese e Phoenix compensam qualquer falta de ousadia, ou melhor, só o fato de ambos evitarem a dublagem e encararem o desafio de regravar as canções que compõe a trilha sonora já é o bastante para que o filme seja lembrado com destaque. É curioso que na verdade a cinebiografia deveria destacar Cash como protagonista e sua fiel companheira seria uma coadjuvante, como denuncia o nome original, "Walk The Line", título de uma música do cantor, e os materiais promocionais originais. Quando o longa chegou ao Brasil, ele já veio mostrando que sem o papel feminino não havia história, assim a distribuidora, também produtora, aprovou que o cartaz original fosse trocado por uma foto do casal em destaque e o título escolhido faz questão de ressaltar os nomes dos dois artistas. Pelo menos não adicionaram a ressalva "do mesmo diretor de Kate e Leopold", o que poderia dar uma conotação de comédia romântica a obra. Apesar de muitos criticarem essas modificações, elas até que foram bem vindas e vendem direitinho o peixe pelas bandas de cá, pois o longa é um retrato da vida de ambos e cada um tem seu grau de importância equivalente no roteiro.


Phoenix tem naturalmente uma expressão mais séria e contida que é essencial nesta história, já que Cash era um homem tímido, apesar do temperamento explosivo, e que ao subir no palco adorava fazer o tipo rebelde. Já Reese, até então se aperfeiçoando em comédias, capta a essência e o atrevimento de sua personagem com perfeição e consegue fazer bem a transição do humor da juventude para a seriedade da maturidade, fase denunciada pela mudança de figurinos e penteados. A dupla tem uma química em cena que é raríssima e ajuda a elevar a produção do status de banal, já que muitas cinebiografias são feitas todos os anos, mas a maioria fica afundada em um limbo. Os atores conseguem fazer o espectador acreditar no romance que se arrastou por anos até ser concretizado e vibrar a cada nova canção e se esforçaram para conseguir passar o máximo de detalhes dos personagens reais para os da ficção. Tudo parece tão autêntico que é difícil para aqueles que não conhecem nada sobre os músicos não imaginarem que os atores são as próprias reencarnações deles. Johnny e June é um título que por ter sido muito premiado, apesar do Oscar só ter contemplado a atriz principal, já está com seu nome escrito na história do cinema, mas suas qualidades com certeza garantem uma vida longa e de sucesso. O final da história já é conhecido. O encontro dos dois já estava escrito pelo destino e a morte de ambos com a diferença de apenas quatro meses só vem a confirmar isso. Uma opção recomendadíssima para amantes de cinema e de música.

3 comentários:

Rafael W. disse...

Excelente filme. Joaquim Phoenix e Reese Wintherspoon arrasam na tela!

http://cinelupinha.blogspot.com/

renatocinema disse...

Não sei dizer claramente o motivo...mas, sempre deixo esse filme para depois.

Eu que sou tão fã de música nunca senti uma atração fatal por essa produção.

Alan Raspante disse...

É um bom filme. Tem boas atuações e uma boa direção. Me deu vontade de rever :)

Você também pode gostar de:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...