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segunda-feira, 18 de julho de 2011

FESTIVAL DE FÉRIAS - CISNE NEGRO

Mais uma semana começando e que tal aproveitar que deu para descansar no sábado e domingo para tirar o dia para assistir um filme mais denso e reflexivo? A dica de hoje é Cisne Negro (2010), um badalado título da safra do Oscar 2011 que uniu arte e entretenimento com perfeição, assim como reuniu em um mesmo longa drama e suspense em doses certas. O cultuado cineasta Darren Aronofsky, de obras de conteúdo forte e reflexivo como Réquiem Para um Sonho, construiu uma obra-prima usando como ponto de partida a idéia de que a busca pela perfeição exacerbada pode levar uma pessoa a loucura, a um mundo onde o real e o fictício se misturam e não se sabe onde um termina e o outro começa. A culpa não é exclusivamente do indivíduo, mas a sociedade influi muito exercendo uma pressão absurda cobrando resultados excepcionais o que leva a uma estafa mental e física e, consequentemente, a um quadro de problemas psicológicos.

A história gira em torno de Nina (Natalie Portman), uma jovem que dança em um grupo de balé há muitos anos e sonha em ganhar um lugar de destaque nele. A oportunidade chance chega quando Beth MacIntyre (Winona Ryder), a primeira bailarina da companhia, anuncia sua aposentadoria. Para conseguir a vaga, as candidatas precisam dançar a coreografia do clássico musical Lago dos Cisnes, de Tchaikovsky, um famoso número no qual precisam se dividir em dois personagens: entre a delicadeza e a pureza do Cisne Branco e a agressividade e a malícia do Cisne Negro. Nina passa a se esforçar para conseguir o papel para realizar o sonho de sua mãe Erica (Barbara Hershey), uma ex-bailarina que precisou abandonar a carreira após engravidar. A moça consegue ser escolhida para ser a protagonista do espetáculo, mas, mesmo assim, devido a pressão que o coreógrafo Thomas Leroy (Vicent Cassel) passa a exercer sobre ela, Nina não descansa e continua cobrando o máximo de esforço de si mesma, até para não perder o posto para sua principal rival, Lilly (Mila Kunis), que será sua substituta caso ocorra qualquer imprevisto. Assim, a bailarina acaba entrando em uma angustiante paranóia onde realidade e loucura se misturam e a busca pela perfeição parece ser seu único objetivo.


Nina acaba se dividindo em sua vida fora dos palcos também. Em certos momentos ela é imaculada como o Cisne Branco, de acordo com a educação que teve, mas em poucos instantes passa por uma metamorfose e explode como o Cisne Negro, reflexo das pressões que sofre em seu ambiente de trabalho. É como se ela se transformasse de uma hora para a outra de menina em mulher. A garotinha que a mãe protegia cede lugar a uma adulta que precisa lutar e até extrapolar os limites permitidos para conquistar seu lugar no mundo, mesmo que precise matar alguém. Desta forma, a produção se divide entre ser um forte drama e um intenso thriller psicológico que divide opiniões. O fato é que para quem se entrega à obra, a história inicialmente simples acaba envolvendo conforme as questões complexas vão sendo moldadas chegando ao ápice no momento em que o Lago dos Cisnes é encenado.

Tecnicamente, a produção é um primor contando com um trabalho de fotografia e edição essenciais para dar o clima de tensão que combina muito bem com a iluminação que se alterna para criar efeitos de penumbra e outros de luz estourada, como se quisesse passar a idéia que a protagonista se apaga em sua versão mais recata e brilha nos momentos em que seu lado malicioso aflora. À medida que Nina busca a perfeição para alcançar seu objetivo e superar as expectativas dos que a cercam, mas principalmente as suas próprias cobranças, Aronofsky mostra com sutileza as transformações de sua personalidade e comportamento e Natalie Portman dá um show de interpretação apresentando gradativamente essas drásticas mudanças. Seus olhos vermelhos e movimentos firmes e ágeis quando se transforma em Cisne Negro são de arrepiar e sua interpretação ganha ainda mais ênfase acompanhada da bela trilha sonora cujo pano de fundo são as melodias de Tchaikovsky combinadas com novos arranjos para auxiliarem na construção do clima sombrio que acompanha toda a obra.


Todo este processo degradante de uma artista em busca de reconhecimento é trazido à tona aos poucos. Vemos a construção de um sucesso profissional aniquilando a felicidade pessoal, mas para quem vive o conflito a realização na carreira significa sua alegria em todos os sentidos. Cisne Negro é uma obra densa e ao mesmo tempo muito sutil e que não serve apenas para passar o tempo. É preciso ter sensibilidade apurada para usufruir deste verdadeiro estudo sobre psicologia e comportamento. Os aplausos dados no final do filme coroando o apoteótico final devem ser retribuídas em dobro à Aronofsky, que atingiu a perfeição em seu trabalho, assim como sua protagonista. Aproveite o período de férias para apreciar sem pressa essa surpreendente produção.

2 comentários:

M. disse...

Eu tinha comprado este DVD e guardado para assistir nas férias. Realmente uma obra-prima, Natalie Portman interpretou uma bailarina como nenhuma outra atriz teria conseguido.

Também recomendo este filme.

renatocinema disse...

Portman é a alma do filme...completamente.

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