
A história tem como personagem central Jane (Katherine Heigl), uma moça muito prestativa e romântica que adora ajudar as suas amigas nos preparativos pras as suas festas de casamento. Convites, cardápio, vestido, cerimonial, igreja, enfim ela colabora com tudo que é necessário com muita boa vontade sonhando com o dia em que elas retribuirão os favores quando for sua vez de subir ao altar. Porém, esse dia parece estar longe, até porque noivo ela não tem, mas há um candidato. O problema é que o escolhido não sabe. Ela é apaixonada por George (Edward Burns), seu chefe. Para variar, ela é super prestativa para ele, mas não recebe gestos de carinho em troca, apenas de amizade. Quando as coisas entre eles parecem finalmente avançar um passinho surge um empecilho. Tess (Malin Akerman), a irmã caçula da moça, conquista o coração do empresário rapidamente. Jane, sempre preocupada em ver os outros felizes, prefere reprimir seus sentimentos e mais uma vez parece não ter alternativa que ser a dama de honra perfeita.
Quem abre os olhos de Jane para alertá-la que sua vida está passando e ela só vive em função dos outros é o jornalista Kevin (James Marsden), um colunista social que está cansado de cobrir festas de casamento e deseja ocupar uma nova posição no jornal em que trabalha. Quando conhece a super dama de honra em um desses eventos, eis a chance dele fazer uma matéria que realmente vale a pena e que seria seu trampolim na empresa. Ele consegue se aproximar de Jane com a desculpa de devolver uma agenda, mas logo está cobrindo o noivado da irmã dela. Inicialmente o contato é por puro interesse, claro que sem revelar suas reais intenções para a jovem, mas conforme o tempo passa o amor atinge em cheio o coração desse rapaz que tem verdadeiro repúdio aos casamentos, ou melhor, não condena as uniões, mas sim a indústria que foi criada em torno desse evento que deveria ser simplório e dedicado a felicidade do casal e não para fazer bonito e agradar aos convidados.
A ótima crítica à indústria casamenteira inserida no roteiro não chega a ser explorada com boa vontade, mas serve como alicerce para excelentes passagens de discussões entre os personagens de Katherine e Marsden, que mostram impecável timing para o humor, assim como química em cena. Eles protagonizam as melhores cenas. Já começam muito bem em uma introdução muito criativa. Jane se divide entre duas festas de casamento e passa a noite trocando de roupas em um táxi para viver cada momento especial das festas e agradar suas amigas. Kevin a observa de longe e quando tem a oportunidade de falar com ela afortunadamente fica com sua agenda e descobre seus segredinhos. Outro momento memorável é o desfile de roupas de dama de honra. O jornalista a convence a posar para fotos com os seus inacreditáveis e originais vestidos. Longos, curtos, de renda, com babados, estilo country, mocinha de época e até um terno. São exatamente 27 trajes diferentes. Aliás, o título original é "27 Vestidos". Desta vez o pessoal do Brasil acertou e deu um nome bem melhor à produção, porém, cometeram o erro de praticamente esconder a participação de Marsden dos materiais publicitário, inclusive na embalagem do DVD. Sem ele, e claro a protagonista, não haveria história. Ganhou destaque o nome da roteirista Aline McKenna, a mesma que escreveu o texto de O Diabo Veste Prada, mostrando aqui mais uma vez habilidade para o humor sutil, bem longe do pastelão.
A crítica especializada e também aqueles que gostam de dar seus pitacos intelectuais avaliaram este longa com muita má vontade. Simplesmente resumiram a algo medíocre e totalmente dispensável. Realmente, não é revolucionário, mas atende com folga as expectativas de seu público-alvo, ou seja, adeptos de comédias do tipo água-com-açúcar e as platéias femininas de todas as idades. O que os críticos e os chatos de plantão esperavam de um trabalho dirigido por Anne Fletcher, a mesma do questionável sucesso popular Ela Dança, Eu Danço? Uma obra filosófica a respeito da indústria que se alimenta dos sonhos dos casais que desejam festejar a união ou um drama intimista sobre uma jovem que nutre sua felicidade vivenciando a dos outros? É preciso ser um pouco mais flexível e tentar pensar com a cabeça do espectador a quem este produto se destina. Aos apreciadores de filmes cults, europeus, com roteiros milimetricamente planejados ou de cineastas de renome, esta comédia é um lixo com letras maiúsculas. Correto, estão no direito deles. Aos amantes de produções despretensiosas, finais felizes, histórias previsíveis e fãs de boa parte da filmografia de Julia Roberts ou Sandra Bullock, Vestida Para Casar é perfeito e para rever diversas vezes. Por fim, um brinde a diversidade do público do cinema.
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