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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

FESTIVAL DE FÉRIAS - À PROCURA DA FELICIDADE

É tempo de aflorar o espírito solidário. Época de estender a mão ao próximo e ajudá-lo no que for preciso. Período perfeito para assistir um filminho com mensagens que elevam nosso espírito e auto-estima e aqueçam ainda mais a vontade de acreditar que o próximo ano será melhor. A dica de hoje, apesar de ser repleta de clichês, é uma ótima pedida para reforçar estes objetivos. À Procura da Felicidade (2006) é o típico filme conto de fadas, mas sem princesas ou bruxas. Aqui vemos um homem comum tentando sobreviver em uma sociedade canibalista em que a cada dia precisamos vencer uma batalha. E olha que a história se passa na década de 1980, detalhe que acaba passando despercebido já que o mundo em que o protagonista vive basicamente continua o mesmo ou está até pior. Por ser baseado em uma história real vitoriosa, embora com alguns fatos tristes ampliados, a dramaticidade extrema do texto acaba se revelando como um atrativo para as platéias que fogem do gênero, ainda mais por ser interpretado por um dos atores mais populares de Hollywood, Will Smith, merecidamente indicado a vários prêmios, incluindo o Oscar.


O enredo nos apresenta a sofredora batalha de Chris Gardner (Will Smith) para enfrentar sérios problemas financeiros. Tudo começa quando ele adquire alguns aparelhos de scanners de medição de densidade óssea que revolucionariam a medicina, mas os altos preços deles inviabilizavam a comercialização. Apesar de tentar todas as maneiras possíveis para manter sua família unida, sua esposa Linda (Thandie Newton, em participação relâmpago) decide partir, mas sem levar junto o único filho do casal, o pequeno Christopher (Jaden Smith). Gardner então decide usar suas habilidades como vendedor para conseguir refazer sua vida ao lado do garoto. Consegue um emprego em uma empresa corretora de ações que não oferece salário, porém, ao fim do estágio há chances de ser contratado. O problema é que ele não tem renda suficiente para se manter durante este período de escassez financeira e pai e filho acabam sendo despejados. A partir dai o longa apresenta uma sucessão de dificuldades que a dupla irá enfrentar, como dormir em um banheiro público, mas sem nunca deixar a tristeza tomar conta de suas vidas. Assim, é reforçada a idéia de que se você deseja muito a realização de um sonho, o potencial para tanto está dentro de si mesmo, depende de sua determinação.


Smith, muito a vontade em filmes de ação e comédias, mostra que está ganhando intimidade com os dramas e se entrega totalmente a seu papel. Abandonado pela esposa, sem dinheiro, sujo e sofrendo os mais diversos constrangimentos, desde um acidente na rua no qual perde um pé de seu único par de sapatos até enfrentar uma longa fila para conseguir uma vaga em um abrigo para a noite, o ator atingiu uma interpretação digna e soube alternar os momentos de tristeza extrema com os que precisa provar sua coragem e determinação. Como é dito na autobiografia que o longa se baseia, existem dois tipos de homens: aqueles que olham para um monte de estrume e só enxergam ali merda e aqueles que sabem que ali existe uma boa quantia de fertilizantes. O protagonista faz parte do segundo time e identificou nas dificuldades a chance de poder subir na vida, ao mesmo tempo em que pode servir de exemplo ao filho, uma interpretação muito sincera e surpreendente da revelação Jaden Smith. Aliás, a empatia imediata e longínqua entre o público e este filme deve-se muito ao fato curioso de pai e filho na vida real repetirem o parentesco na ficção. A inocência e o otimismo do garoto caminham lado a lado ao espírito empreendedor e confiante do adulto.

O diretor italiano Gabriele Muccino, de O Último Beijo, fez sua estréia em Hollywood com um projeto seguro e sem inovações. Sabemos pelo título que as coisas vão acabar bem, mas o cineasta capricha nas situações que castigam seu protagonista. Tanta falta de sorte pode até conferir um ar de improvável em certas sequências. Vale ressaltar como algo positivo o fato do tema racismo ter sido limado da história. Em momento algum a cor da pele do pai de família é usada para mostrar preconceito ou como um motivo a mais para se sentir pena. Foi bom não ter inserido tal discussão no roteiro. Poderia ser um argumento mal desenvolvido e obviamente muito desprezo para uma pessoa só além de tudo de ruim que já passava, ainda que muitos digam que as situações de pobreza que o protagonista enfrenta não são nada perto do que milhares de pessoas passam no mundo todo, inclusive no Brasil. Mas não se pode encarar este trabalho desta forma, a ferro e fogo. Temos que respeitar a liberdade poética e criadora dos responsáveis e focar a atenção nas dificuldades daquele perfil de personagem, afinal de contas a infelicidade não se manifesta somente onde a miséria. Até o mais rico dos homens tem seus momentos penosos.   


O fato de ser totalmente esquemático para levar facilmente o espectador às lágrimas, incluindo a parte técnica como closes fechados em expressões entristecidas e uso da trilha sonora imponente em momentos importantes ou de ternura, não atrapalham em nada. À Procura da Felicidade não tem vergonha de assumir seu rótulo de piegas, afinal de contas foi produzido para ser como tal e reafirmar que filme bom deve mexer com o emocional de quem vê. A emoção também deve transbordar dos atores e Smith pai e Smith filho conseguiram isso aparentemente sem muitos esforços. O amor entre eles é totalmente perceptível e passa do real para a ficção com a ajuda de um ótimo texto, sentimentos que nem o 3D ou a mais revolucionária tecnologia do mundo poderia transmitir. Em resumo, este é um filme que é uma verdadeira lição em diversos aspectos e perfeita para esta época do ano.

2 comentários:

renatocinema disse...

Ainda não vi o filme. Mas, concordo que o ator tem sido bem aceitado na linha de drama. Depois de Sete Vidas....é impossível negar.

Marcelo Keiser disse...

Antigamente eu torcia o nariz para filmes baseados em fatos reais. Evitava sem remorso. Hoje pelas melhorias em si tratando de produção, direção e pelas escolhas estelares de elenco que fazem diferença sim no produto final, ja procuro eventualmente dar atenção a esses filmes. Ao meu ver, esse A Procura da Felicidade é um bom exemplo de realização bem feita.
Abs!

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