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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

RELEMBRANDO O OSCAR 2002

Assista nesta postagem um vídeo especial com os vencedores do Oscar 2002

A premiação dos melhores títulos lançados no primeiro ano do novo milênio foi um misto de novidades, tradição e melancolia. Esta era a primeira cerimônia do Oscar após os ataques de 11 de setembro de 2001 e pairava no ar medo e tristeza. Fazer uma festa que exaltava principalmente a cultura americana quando uma tragédia local com projeção mundial ainda estava fresca na memória do público poderia não ser uma boa idéia e até os produtores do evento estavam preocupados com possíveis novos ataques em plena reunião de astros do cinema. Felizmente, nada aconteceu. Se alguém morreu foi de tédio, pois a 74º edição do Oscar foi uma das mais longas da história com quase quatro horas e meia de duração.

Naquele ano estreava a categoria de Melhor Animação. Cerca de duas décadas antes foi a última inclusão de um novo quesito a ser avaliado (maquiagem). A novidade foi uma grande vitória festejada por animadores e desenhistas e muitos acham que ela já deveria ter existido bem antes disso, porém, havia o problema que até meados da década de 1990 a Disney dominava o ramo dos desenhos animados, apesar de que com uma boa garimpada acharíamos ao menos concorrentes para o peso pesado. Já vencedores são outros quinhentos.
Causou grande impacto também a reviravolta nas categorias dos intérpretes principais. Os favoritos perderam para as zebras da noite que não eram pretas e brancas, mas representantes orgulhosos da raça negra. Denzel Washington e Halle Berry foram premiados como atores principais enquanto o veterano Sidnei Poitier ganhou uma merecida homenagem e o prêmio honorário. Aliás, ele já havia ganhado um Oscar como ator principal em 1965, mas desde então nenhum negro conseguiu colocar as mãos na estatueta dourada, exceto os coadjuvantes como o próprio Washington em 1989. Por outro lado, como Melhor Filme prevaleceu a tradição em premiar dramas edificantes e baseados em fatos reais.
Todos os anos muitos filmes merecedores de prêmios ficam de fora da lista de indicados, alguns que não merecem entram e muitos concorrentes ficam sem o cobiçado troféu, afinal só um pode levá-lo para casa por categoria. Em 2002 quem saiu da festa com menos lembrancinhas do que merecia foram Moulin Rouge e Assassinato em Gosford Park, ambos com visuais impecáveis. Ok, O Senhor dos Anéis – A Sociedade do Anel também merecia mais. 

Não deixe de assistir o vídeo especial com os vencedores do Oscar 2002. Basta clicar na imagem abaixo.

O Oscar acertou premiando...

ShrekSem dúvidas o ogro verde da Dreamworks (empresa de Steven Spielberg) deu um belo puxão de tapete no concorrente Disney que comparecia na festa com o também excelente Monstros S.A., que ficou com o prêmio de canção. Foi uma escolha correta, principalmente por causa do roteiro bem elaborado e cheio de citações que brinca com a atualidade e os contos de fadas, mas causou espanto a maior produtora de desenhos para cinema até então ficar sem a honra de ser a primeira a conquistar o Oscar de Melhor Animação. 

O Senhor dos Anéis – A Sociedade do AnelCom quatro prêmios (trilha sonora, maquiagem, fotografia e efeitos especiais), a turma de Peter Jackson estava bem representada no palco e ganhou os prêmios que realmente eram merecidos. Poderia ter ganhado outros, mas a concorrência era pesada. Com guerra e um musical glamoroso na disputa, brigar por prêmios de efeitos sonoros, figurinos e cenários é bem difícil.
Merecia ter ganhado...
Moulin RougeOs musicais acabaram se tornando um sinônimo de filmes clássicos e de Oscar devido ao grande número de representantes do gênero premiados no passado mesmo que em categorias secundárias. Porém, por quase três décadas eles foram banidos da festa e até mesmo do cinema sendo raros os lançamentos do tipo. O diretor Baz Luhrmann renovou o gênero colocando muita cor, brilho e adaptando canções famosas alternadas com algumas originais para embalar um romance. A Academia preferiu o tradicionalismo oferecido por Uma Mente Brilhante, produção muito boa e feita na medida para agradar os votantes.
Robert Altman ou Peter JacksonO Oscar sempre gostou de dar prêmios sentimentais e teve a última chance de premiar um diretor veterano. Altman mostrou mais uma vez competência para orquestrar um elenco numeroso distribuído por vários cenários, mas acabou entrando para a lista dos cineastas que receberam muitas indicações, mas nunca foram vencedores (exceto prêmio honorário como neste caso). Já Jackson comandou uma mega produção repleta de efeitos especiais, vários cenários, centenas de pessoas em cena entre atores e figurantes e filmou boa parte das cenas em locações naturais na Nova Zelândia. O conservadorismo da câmera de Ron Howard para Uma Mente Brilhante acabou vencendo.
Russell CroweAposta certeira de muitos, o astro acabou perdendo para Denzel Washington e seu Dia de Treinamento. Os dois mereciam, mas Crowe tinha a seu favor o favoritismo de seu Uma Mente Brilhante com suas oito indicações contra as duas do filme do concorrente. Pesou o fato do ator ter ganho um ano antes a estatueta por Gladiador, sendo que também um ano antes de subir ao palco para os agradecimentos ele já havia sido indicado por O Informante. Com essa de corrigir os erros do passado, quando realmente o prêmio é merecido ele é negado.
Nicole KidmanEla já era uma estrela de Hollywood em ascensão naquela época, mas no ano de 2001 ela resolveu se livrar literalmente da sombra do então marido Tom Cruise e se jogar em projetos atípicos em seu currículo certamente em busca de reconhecimento dos críticos. Cantou e dançou em Moulin Rouge, mas foi preterida pela interpretação forte e emocionante de Halle Berry em A Última Ceia que não era tida como uma das favoritas até a hora da festa. Vale lembrar que Nicole ainda poderia ter sido indicada por sua atuação em Os Outros no qual sua personagem e o público só conseguem compreender um mistério nos minutos finais.
O Fabuloso Destino de Amélie Poulain ou O Filho da NoivaCom cinco indicações, o primeiro longa é de origem francesa e todos apostavam suas fichas nele. Perdeu em todas as categorias, inclusive como Melhor Filme Estrangeiro, na qual era franco favorito. O segundo filme é argentino e já vinha colecionando boas críticas e prêmios em todo o mundo. Foram preteridos por Terra de Ninguém, produção de guerra produzida na Bósnia. Foi uma tremenda zebra. Dizem que foi um incentivo para um país que ainda não tinha uma produção cinematográfica consolidada, mas o agrado não surtiu efeito.
Estava perdido na festa...
Entre Quatro ParedesO representante independente daquele ano é um drama muito paradinho, história sem grandes pretensões, mas com atuações fortes, tanto que três representantes do elenco ganharam indicações. Porém, o longa entrou na disputa muito por causa da força do nome Miramax por trás de sua produção, empresa que colecionou indicações e prêmios entre a década de 1990 e os primeiro anos do novo milênio, tornando-se um pesadelo para as grandes produtoras. Neste caso o nome de peso não amedrontou os votantes. Perdeu as cinco indicações que conquistara.
David LynchVencedor do prêmio de Melhor Diretor em Cannes e com quatro indicações ao Globo de Ouro por Cidade dos Sonhos, Lynch chegou ao Oscar como um estranho no ninho e roubou a vaga que teoricamente seria de Baz Luhrmann.  No longa ele propõe um estudo da dualidade dos seres humanos tendo como ponto de partida Hollywood. O projeto era um piloto de uma série de TV, mas os financiadores não aprovaram e o cineasta rodou alguns minutos adicionais e o transformou em um longa-metragem. Talvez a força de vontade em não se deixar abater pelas finanças escassas tenha levado a Academia a se sensibilizar e indicar Lynch como consolação.
Will Smith e Sean PennEstes não chegaram a se perder na festa, pelo contrário, nem compareceram. Concorrendo como atores principais em Ali e Uma Lição de Amor, respectivamente, os intérpretes sabiam que suas chances eram nulas de saírem vencedores e preferiram não ir à cerimônia. Aplaudir o concorrente com uma câmera em cima de você para flagrar sua reação de decepção realmente deve ser difícil até para o mais brilhante dos intérpretes.
Renée ZellwegerComo uma princesa solitária em uma festa que nenhum príncipe a tira para dançar deve ter se sentido a atriz que concorria por seu desempenho na comédia O Diário de Bridget Jones. Ao menos sua indicação serviu para mostrar que nem só chororô a Academia aprecia.
O Oscar esnobou...
Os OutrosÉ difícil de engolir que um dos melhores suspenses feitos em Hollywood nos últimos tempos não concorreu em nenhuma mísera categoria. Nicole Kidman e a coadjuvante Fionulla Flanagan mereciam ser lembradas por suas interpretações fortes e que seguram a atenção do espectador até os momentos finais quando finalmente o grande segredo da história é revelado. Ao menos sua parte técnica e artística, como fotografia e direção de arte e cenários, merecia ser indicada.
Ewan McGregor e Tilda Swinton – Ele se afundou em um mundo colorido onde a cantoria e a bebida rolam soltas e ela penetra em um ambiente estranho até então para si mesma para conseguir proteger a integridade física e moral de seu filho e livrá-lo de uma pesada acusação que poderia leva-lo à prisão. Respectivamente em Moulin Rouge e Até o Fim, os dois astros conseguem excelentes desempenhos. Causou surpresa a ausência do rapaz na lista dos indicados, até porque ele não só atua como também canta no longa. Já Tilda colecionava elogios por esta mistura independente de drama e suspense que ao menos merecia ser indicada pelo roteiro que foge dos convencionais joguinhos de pessoas em busca de provas para provar inocência.
O Homem Que Não Estava Lá e AmnésiaDois longas alternativos que pareciam ser a grande zebra da temporada e com fôlego para chegar as categorias principais decepcionaram. O primeiro tinha chances como Melhor Filme, Melhor Ator para Billy Bob Thorthon e Melhor Roteiro, mas só recebeu a merecida indicação para fotografia. Já o segundo foi lembrado por seu roteiro e montagem, inovadores, diga-se de passagem, mas justamente pelo fator da novidade merecia uma atenção maior da academia.
Planeta dos MacacosHoje muitos criticam negativamente esta reinvenção de um clássico comandada por Tim Burton, mas na época ela foi considerada um dos melhores lançamentos de 2001. Nas atuações o destaque são Helena Bonham Carter e Tim Roth, mas não tinham muitas chances mesmo. Porém, a parte técnica e visual deste longa são impecáveis e com chances de saírem vencedoras, mas inexplicavelmente o filme foi completamente esquecido e sequer conquistou a merecida indicação para Melhor Maquiagem. E pensar que colocar algumas rugas no rosto e uns fios brancos de cabelo em Russell Crowe e Jennifer Connelly ofereceu essa vaga para Uma Mente Brilhante. O que não faz o marketing de uma produtora.
Abril DespedaçadoConfiando na valorização do nome do cineasta Walter Salles no cenário internacional após a boa aceitação de Central do Brasil no mundo todo e em Rodrigo Santoro iniciando sua carreira fora do país com seu primeiro mico, ou melhor filme, para ser lançado naqueles tempos, o Brasil indicou como representante para concorrer a vaga de filme estrangeiro Abril Despedaçado, mas o enredo melancólico e a paisagem árida e pobrezinha desta vez não tocaram o coração dos votantes.

Um comentário:

renatocinema disse...

Adorei sua visão e suas definições. Só fico em dúvida sobre a questão de Abril Despedaçado.

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