Veja no final da postagem um vídeo com todos os vencedores
A 84º festa da Academia de Cinema e Artes Cinematográficas teve todo um clima nostálgico do início ao fim, a começar pela introdução do apresentador Billy Crystal, pela nona vez na função, que em meio as suas tradicionais brincadeiras fez uma referência a última cerimônia do Oscar possivelmente realizada no Hollywood and Highland Center, o ex-Kodak Theatre. A empresa internacionalmente conhecida pelos seus produtos para filmagens e fotografias pediu recentemente concordata e cancelou o patrocínio do espaço que abrigava o evento há mais de uma década. Tal episódio foi desencadeado justamente pelos avanços tecnológicos, já que muitos cineastas estão optando pelas câmeras digitais para as filmagens, o que torna obsoletos processos como arquivamento de imagens em rolos e revelações.
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Meryl Streep e Jean Dujardin ganharam praticamente todos os prêmios da temporada e só faltava o Oscar para completar a coleção de troféus |
A nostalgia continuou no ar com o prêmio de Melhor Roteiro Original oferecido à Meia-Noite em Paris, de Woody Allen, obra que nos remete a década de 1920 e nos apresenta grandes nomes do cenário cultural e artístico da época. O cineasta para variar não compareceu ao evento, mas ele e seus roteiros também são peças importantes da história da premiação. O ator Christopher Plummer conseguiu sua primeira estatueta muito próximo de atingir a mesma idade do Oscar. Por sua atuação em Toda Forma de Amor foi eleito o Melhor Ator Coadjuvante aos 82 anos de idade, dois a menos que a idade do prêmio. Por fim, a grande Meryl Streep foi surpreendida ao ser chamada ao palco para receber o troféu de Melhor Atriz por A Dama de Ferro. Após 14 derrotas provavelmente ela esperava receber da Academia em um futuro próximo um Oscar honorário, o que certamente deverá ocorrer. Tomara que demore bastante para isso acontecer e que ela receba outras indicações antes, afinal ela é a imagem perfeita do que representa o cinema e sua história profissional está totalmente envolvida com a da premiação.
E o Brasil novamente saiu de mãos abanando da festa. Havia muita esperança de que o Oscar de Melhor Canção viria pela animação Rio, mas novamente a nostalgia falou mais alto. Os simpáticos e velhinhos bichinhos de Os Muppets levaram a melhor na categoria com a música “Man or Muppet”. Nessa área o processo de classificação é um tanto esquisito e isso se reflete sempre nos resultados. Há muito tempo nenhuma canção vencedora do prêmio se torna um sucesso nas rádios ou de vendas e com a eleita de 2012 não será diferente. Funciona bem dentro do filme apenas.
Para não dizer que a festa só teve clima nostálgico, Os Descendentes levou o prêmio de Melhor Roteiro Adaptado e Millennium – Os Homens Que Não Amavam as Mulheres faturou o prêmio de edição, o que surpreendeu até a própria equipe vencedora. O visual surreal de Rango levou o cineasta Gore Verbinski a ser premiado na categoria Melhor Filme de Animação. Curiosamente, os elementos diferenciados deste desenho não escondem o seu tom de homenagem aos clássicos do gênero western e alguns sucessos da história mais recente do cinema. Olha a nostalgia de novo marcando presença. Na categoria de filme de língua estrangeira não foi surpresa o Irã vencer por A Separação, afinal faturou todos os prêmios da temporada, mas aqui sim foi um passo a frente que a Academia deu. Oferecer o Oscar a um país que há anos está em guerra com os EUA é um ato corajoso e louvável, provando amadurecimento dos votantes que não se deixaram influenciar ou serem amedrontados por agentes externos.
Enfim, o Oscar 2012 merece ser refletido. O que foi exaltado nesta edição mostra que é preciso olhar com um pouco mais de atenção o passado do cinema para verificar se os caminhos traçados para o futuro desta arte estão realmente corretos. Um filme só vale a pena realmente se as imagens e os sons transportarem o espectador para dentro da história com o auxílio de algum utensílio extra? A imaginação do público já não é mais o suficiente para envolvê-lo? É preciso entregar tudo mastigadinho ou ainda temos a capacidade de apenas olhando cenas sem diálogos compreender uma trama? Os atores de antigamente ainda tem o que oferecer ou conseguem trabalhos e são premiados apenas por bondade? Após anos de premiações mornas e com títulos que hoje escapam facilmente da nossa memória, finalmente temos uma edição do evento memorável e que faz jus a fama de “a maior festa do cinema mundial”.
Confira abaixo o vídeo com todos os vencedores do Oscar 2012
Vencedores do Oscar 2012
Filme - O Artista
Diretor - Michel Hazanavicius, por O Artista
Ator - Jean Dujardin, por O Artista
Atriz - Meryl Streep, por A Dama de Ferro
Ator Coadjuvante - Christopher Plummer, por Toda Forma de Amor
Atriz Coadjuvante - Octavia Spencer, por Histórias Cruzadas
Roteiro Original - Meia-Noite em Paris
Roteiro Adaptado - Os Descendentes
Filme de Animação - Rango
Filme Estrangeiro - A Separação, do Irã
Fotografia - A Invenção de Hugo Cabret
Edição - Millennium - Os Homens Que Não Amavam as Mulheres
Direção de Arte - A Invenção de Hugo Cabret
Figurino - O Artista
Maquiagem - A Dama de Ferro
Trilha Sonora - O Artista
Canção - "Man or Muppet", de Os Muppets
Mixagem de Som - A Invenção de Hugo Cabret
Edição de Som - A Invenção de Hugo Cabret
Efeitos Visuais - A Invenção de Hugo Cabret
2 comentários:
Com o prêmio de Streep o resto, na minha opinião, ficou em segundo plano. Ela merecia e merece.
Bem, eu gostei bastante da premiação, esse fato de premiar filmes que homenageam o cinema no início, me dá uma ideia de louvor a qualidade, pois um filme não precisa de tecnologia para ser bom. Esse caminho de fazer filmes cada vez mais comercial com grande quantidade de efeitos especiais, e apenas por dinheiro, pode deixar de lado algo muito importante, uma história de qualidade. O artista realmente mereceu ( e Hugo também), pois todos os dois são belas histórias de amor ao cinema, filmes realmente bons, mostrando um cinema com qualidade, como arte e não só como meio de ganhar dinheiro. Gostei do recado dado.
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