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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

FACE A FACE COM A INOCÊNCIA


Os horrores da guerra vistos através do olhar inocente das crianças é algo comum no cinema. São vários os exemplos de filmes que emocionaram o mundo com essa fórmula, mas aparentemente as obras que misturam tempos difíceis com o universo infantil passaram a não ser bem vistas pela crítica que as consideram produções manipuladoras feitas sob medida para levarem os espectadores ao choro fácil, recheadas de clichês e que não acrescentam nada de novo em relação a tantos outros títulos que se dedicam a falar sobre guerrilhas. O período do Holocausto, durante a Segunda Guerra Mundial, quando milhares de inocentes foram mortos e muitos sem saber ao menos o motivo, tornou-se uma fonte inesgotável de matéria-prima para a indústria cinematográfica e o tema já foi exposto de diversas maneiras e enfocando o seu impacto em várias partes do mundo. Em 2008, O Menino do Pijama Listrado apostou em viés semelhante ao de A Vida é Bela: uma criança em meio a um mundo em conflito, mas sem desconfiar de todas as atrocidades que ocorrem a sua volta. Na Alemanha de meados da década de 1940, um oficial nazista (David Thewlis) assume um cargo em um campo de concentração e isto faz com que sua família deixe Berlim e se mude para uma área desolada onde uma criança pequena não tem muito que fazer para se divertir. Ao explorar o local, Bruno (Asa Butterfield) conhece Shmuel (Jack Scanlon), um garoto judeu aproximadamente de sua idade que sempre está com uma roupa listrada e isolado do outro lado de uma cerca. Bruno passa a visitá-lo frequentemente, surgindo entre eles uma amizade, mas o alemãozinho nem imagina o que se passa naquele local e muito menos dentro de sua própria casa. Sua mãe (Vera Farmiga) faz de tudo para esconder a verdade do filho, mas seu pai não se importa em ser cruel com as pessoas que cercam a casa deles e não pensa nas consequências de seus atos. Porém, como diz o ditado, aqui se faz, aqui se paga.

O diretor e roteirista Mark Herman adaptou o best-seller homônimo de Peter Boyne com o desafio de equilibrar a emoção e a crueldade contidas nas páginas do livro e conseguiu um resultado para partir os corações até dos mais insensíveis. É impossível não se envolver com a bonita história de amizade de dois meninos semelhantes, mas com uma diferença gritante para a política e sociedade da época. Ainda assim, não houve unanimidade a respeito da avaliação desta obra. Se para o público comum é um belo filme, para a crítica não passa de mais do mesmo. Realmente cada um tem sua opinião, mas é impossível negar que o longa deixa explícita a separação existente entre os povos da época, como se de um lado estivessem os nobres e do outro a plebe, bem ao estilo de castas dos tempos medievais. A cena em destaque, reproduzida de forma semelhante para estampar o material publicitário do filme, deixa bem clara a separação através de colunas que sustentam cercas de arames. Visualmente já podemos perceber diferenças. O excluído da sociedade transparece em sua postura e modo de agir sua submissão e ocupa um terreno de chão batido. O outro está de pé em uma área de vegetação mais abundante, como se indicasse altivez. Pode não ter sido proposital, mas tal cena permite essa interpretação que se encaixa perfeitamente na exemplificação do contexto histórico. Apesar de separados pela cerca, a amizade surge entre eles e emociona o espectador que dificilmente não sente um aperto no coração ao chegar a conclusão da história ao mesmo tempo em que sente certo alívio ao ver que o vilão da trama (o pai de Bruno) recebeu seu castigo, embora da pior maneira possível. Será realmente que os críticos especializados assistiram até a última cena? A narrativa pode ser convencional e repetitiva, mas o final não floreia os fatos, doa a quem doer. O Menino do Pijama Listrado mantém a inocência de seu título em sua essência e sem dúvida é um dos melhores projetos do cinema dos anos 2000.

Um comentário:

renatocinema disse...

Não li o livro, ainda. Mas, gostei do filme.

Agora que é clichê fazer o povo se emocionar com filme de criança isso é.

Mas, qual o problema num bom clichê? kk

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