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terça-feira, 23 de agosto de 2011

O CURIOSO CASO DE MAX SCHRECK


Os filmes sobre vampiros fazem sucesso desde os primórdios da sétima arte, tempo em que o cinema era mudo ou era exibido com o acompanhamento de música instrumental ao vivo. Estas criaturas noturnas já ganharam diversas variações e facetas com o passar dos tempos. Sedutores, maquiavélicos, sanguinários, engraçados, tímidos, depressivos ou românticos. Tudo quanto é comportamento já foi incorporado à história dos dentuços em comédias, dramas e principalmente suspenses e terror. Até versões femininas do tipo "rainha dos vampiros" já tivemos. Algumas dessas encarnações ficam muito famosas e só de batermos os olhos já identificamos quem é como no caso da foto acima. Quem é cinéfilo ou pelo menos já teve curiosidade de conhecer um pouco sobre os primeiros anos da atividade cinematográfica certamente reconhece este homem. O ator Max Schreck fez uma personificação tão assustadora de um vampiro na década de 20, tanto no visual quanto no comportamental, que diversas de suas cenas permanecem até hoje vivas no imaginário coletivo, mesmo sendo uma produção sem áudio. Se você acha que este homem caracterizado com perfeição é o protagonista do clássico do expressionismo alemão Nosferatu está enganado. Este é Willem Dafoe caracterizado como o ator do passado, claro que com certa dose de exagero para reforçar a imagem excêntrica e curiosa que impressionava todos no set de filmagem a ponto de acharem que ele realmente era um mordedor de pescoços. Tal lenda é a base de A Sombra do Vampiro, um trabalho do ano 2000 dirigido por E. Elias Merhige que leva o espectador em uma verdadeira viagem no tempo e nos transporta para os bastidores da famosa obra de F. W. Murnau, interpretado nesta homenagem pelo grande John Malkovich, que se mostra tão monstruoso em suas intenções de buscar o sucesso quanto o próprio monstro.

Partindo da premissa de que o protagonista do clássico era realmente um vampiro, o roteiro nos mostra como seria a rotina de trabalho com tal criatura. Impedido de filmar a história do Conde Drácula, Murnau fez algumas adaptações na história original e estava disposto a fazer de seu filme "Nosferatu" a obra mais autêntica do cinema. Para tanto ele contrata um vampiro de verdade com o objetivo de conseguir atuações mais realistas do restante do elenco que imediatamente fica curioso e intrigado, pois ninguém conhece este ator e estranham seu comportamento nos bastidores e em cena. Sempre caracterizado como o personagem, só querendo filmar a noite e apresentando certa agitação nas cenas em que há sangue, o diretor explica que este intérprete tem um método rigoroso e metódico de trabalho e nem mesmo nas horas de folga deixa de viver sua criação. Para conseguir que esta sinistra figura ficasse entre os simples mortais sem causar problemas, foi fechado um acordo: o cineasta lhe ofereceu o pescoço da mocinha da fita Greta, vivida por Catherine McCormack, mas apenas quando as filmagens fossem concluídas. Porém, conforme o tempo passa fica insustentável segurar os instintos do excêntrico protagonista. Para alguns esta história pode ganhar tons de sátira, mas na prática ele é bem diferente, mas não chega a ser terror. Conhecendo os fatos reais que originaram este enredo, não fica difícil para o espectador se entregar ao espírito do filme, ainda mais porque os cenários, a iluminação e a fotografia se encarregam de criar um clima perfeito para lembrar que não é preciso ter litros de sangue jorrando ou corpos esquartejados para causar a sensação de medo. Do início ao fim é possível sentir algum tipo de calafrio, mas não chega ao ponto de causar pesadelos a noite. Mesmo assim, A Sombra do Vampiro é uma interessante produção que todo cinéfilo deveria ver pelo menos uma vez. Em tempos em que os vampiros caminham livremente pela luz do dia, lutam contra lobos e se entregam a paixões avassaladoras por humanos, é bom relembrar as raízes desses enigmáticos personagens em um trabalho que, guardada as devidas proporções, homenageia uma época em que o cinema era feito por curiosos e apaixonados por essa arte e não apenas visando lucros. Lembranças que ficaram no passado, mas que de tempos em tempos são recriadas por alguns poucos entusiastas.

2 comentários:

renatocinema disse...

Vi no cinema e amei esse filme.

A atuação de Dafoe é muito boa e o clima sombrio da obra faz uma ótima homenagem ao gênero. Uma bela produção....para quem aprecia o estilo.

Maxx disse...

Max Schreck em Nosferatu foi excelente mesmo.
Abç.
Maxx

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