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terça-feira, 16 de agosto de 2011

NOS TEMPOS DO SUPER-8

Há um clima de nostalgia no ar. Além dos clássicos personagens de quadrinhos continuarem ganhando as telas, como Capitão América e Lanterna Verde, Os Smurfs ressurgirem em grande estilo e muitas refilmagens estarem engatilhadas, como A Hora do Espanto e Footloose, agora está em cartaz Super-8 (2011), uma aventura fantasiosa que nos remete a grandes produções infanto-juvenis dos anos 80 e com um pé no passado desde seu título, uma referência a uma modelo antigo de câmera. Muitos cineastas usavam o aparelho na infância e adolescência para fazer filmes caseiros, inclusive Steven Spielberg e J, J, Abrams, produtor e diretor deste filme respectivamente. Aliás, esta obra é cheia de homenagens ao homem por trás de E.T - O Extraterrestre, o que confere um atrativo a mais para chamar a atenção dos adultos que certamente vão curtir reconhecer as referências e influências de outros títulos.

Envolvente para os marmanjos, a lembrança de um passado cinematográfico nem tão distante pode não surtir o mesmo efeito nas novas gerações que provavelmente não conhecem algumas das obras homenageadas, mas nada que impeça a diversão. Porém, é preciso ressaltar que a aventura não tem o ritmo frenético das produções atuais e isso deve desagradar a gurizada. Existe ação, mas tudo segue uma linha diferenciada de narrativa, bem no estilo anos 80, o que pode impactar negativamente alguns espectadores. Bem, um respiro de vez em quando não faz mal a ninguém. Como a maior parte das produções, há alguns furos no roteiro que não comprometem a trama e o sentimentalismo impresso no final deve gerar algumas reclamações, mas já que a obra é uma homenagem ao estilo "spielberguiano", certa dose de emoção no final não poderia faltar.

Abrams voltou seus pensamentos para a memória de sua adolescência, que nem precisa dizer que foi povoada pelo cinema e pelos trabalhos de Spielberg, este que também o incentivou a usar referências a produção cinematográfica da França, assim imprimindo também sentimentalismo em sua nova produção. O cineasta acabou unindo dois filmes em um. O primeiro se refere a história de adolescentes que capturam imagens do mundo pela lente da câmera Super 8. O segundo era uma idéia de terror passada nos anos 70 sobre a decisão do governo de transportar alienígenas capturados em trens para outras localidades secretas ao redor dos EUA.


O roteiro nos apresenta a Joe Lamb (Joel Courtney), um adolescente que perdeu a mãe há pouco tempo e não está conseguindo ter um bom relacionamento com o pai (Kyle Chandler), um policial dedicado que não sabe como se comportar com o filho. O menino é fã de cinema e entende muita coisa sobre maquiagem, assim ele se diverte ao lado de Charles (Riley Griffiths), Martin (Gabriel Basso) e Cary (Ryan Lee) produzindo um filme caseiro de terror para participar de uma competição local para jovens cineastas. Joe logo se anima quando um dos amigos convida Alice Dainard (Elle Fanning) para o elenco, já que está gostando dela. Utilizando uma câmera Super-8, o grupo vai de madrugada rodar, às escondidas, uma cena na estação ferroviária local, mas uma caminhonete se choca com um trem e provoca um descarrilamento de grandes proporções. Logo o local está cercado pelo exército que procura algo que estava alojado em um dos vagões. A partir de então, estranhos acontecimentos e desaparecimentos começam a acontecer na pequena cidade de Lillian. Tudo indica que um ser alienígena está rondando o local, este que é apresentado aos poucos e em rápidas e escamoteadas aparições.

Aproveitando o cenário da tragédia, os jovens passam a fazer suas filmagens ao mesmo tempo em que tentam desvendar os mistérios que passam a acontecer na cidade. Assim Abrams faz sua homenagem ao cinema, com um filme dentro do outro e alinhavando cenas que remetem a sucessos mundiais da história cinematográfica, principalmente do gênero de aventura que levam nos créditos o nome de Spielberg. E.T. - O Extraterrestre e Contatos Imediatos do Terceiro Grau são as referências mais óbvias, mas alguns detalhes lembram Tubarão e Parque dos Dinossauros. O grupo de adolescentes envolvidos em uma trama de mistério também nos remete a Os Goonies. O humor também marca presença. O tal vídeo caseiro rende algumas situações bem engraçadas e pode ser conferido na íntegra durante a exibição dos créditos finais.


Super 8 deve ajudar a consolidar o nome de J.J. Abrams como um dos cineastas de peso da Hollywood atual. Até o momento ele é mais lembrado no cinema por dar uma nova chance as aventuras espaciais e conhecidas de Star Trek. Apesar de na tela grande parecer que ele tem predileção pelo passado, na TV ele prendeu a atenção de milhões de pessoas no mundo todo com a série "Lost", que trouxe uma trama carregada de suspense, mas que acabou decepcionando nas últimas temporadas e até foi esticada além do que o roteiro permitia. Há muito do seriado no texto desta sua nova empreitada cinematográfica e até na construção visual das cenas, mas é certo que a grande influência vem mesmo do próprio cinema, como o uso de luzes estouradas e sombras em momentos estratégicos. Também é preciso se destacar o bom desempenho do elenco jovem, principalmente de Elle Fanning, a irmã da menina prodígio Dakota Fanning. Ela prova que pode caminhar com as próprias pernas e que não deve ser lembrada como um chamariz para uma produção devido ao seu grau de parentesco com outra atriz famosa. Mas ela não carrega o filme nas costas. Todo o elenco de pré-adolescentes tem importância na trama, cada um com seus bons momentos.

Esta mistura de ação, mistério e homenagens é um excelente programa para toda a família, sem dúvida, principalmente para os cinéfilos de plantão. Porém, as crianças do filme são raridades hoje em dia e pode ser que a gurizada estranhe. Antigamente os mais novos eram mais ingênuos, não tinham acesso tão fácil as informações e amadureciam à força diante do boom dos lares desfeitos, mas pelo menos elas sonhavam, se divertiam, brincavam e prezavam o contato social e as amizades reais. Traduza as últimas palavras para o oposto que impera na época contemporânea e veremos que faz bem quem vive como Abrams e Spielberg: reverenciando o passado e evitando crescer por completo ou antes do tempo. Bons tempos que Super-8 traz de volta.

2 comentários:

Rafael W. disse...

Um dos melhores blockbusters do ano, divertidão e extremamente nostálgico.

http://cinelupinha.blogspot.com/

Marcos Rosa disse...

Gostei, lembra mesmo o E.T. que encantou a infância de muitos por aqui, inclusive eu.

http://algunsfilmes.blogspot.com/

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