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quinta-feira, 8 de março de 2012

UM OSCAR PARA RYAN GOSLING


 
Ao longo da história do cinema, muitos artistas trabalharam bastante e em excelentes produções, mas nunca conseguiram um reconhecimento decente por parte do público e crítica. As vezes nem eles mesmos se importam com isso, mas para quem gosta de cinema é meio revoltante saber que pessoas talentosas estão sendo injustiçadas e nessa área a Academia de Cinema de Hollywood é pós-graduada e anualmente comete equívocos ou esquecimentos na hora de revelar os indicados ao Oscar. Um dos astros da atualidade que tranquilamente poderia estar entre os candidatos ao troféu de melhor ator por anos seguidos é Ryan Gosling. Com pouco mais de trinta anos e um currículo de cinema não muito extenso, o rapaz preza por bons papéis em histórias idem, ou seja, declaradamente prefere qualidade a quantidade. Muito sábio de sua parte.

Ryan Thomas Gosling é um ator e músico de origem canadense nascido em 12 de novembro de 1980. Filho do casal Donna e Thomas Gosling, respectivamente uma secretária e um operário de fábrica, o jovem tinha problemas de relacionamento na época da escola e chegou a ficar fora das salas de aula por um bom tempo por causa disso. Após a separação dos pais, passou a ter ensino doméstico com sua própria mãe como professora. Apesar desta passagem de sua vida que poderia indicar rebeldia ou introspecção, ele já demonstrava interesse no campo artístico, deixando evidente que vergonha não era seu mal. Aos 13 anos, superou a grande concorrência na disputa por uma vaga de apresentador no programa de TV “Clube do Mickey”. Ocupou o cargo por dois anos na companhia dos também novatos na época Justin Timberlake, Britney Spears e Christina Aguilera. Talvez tenha sido este tempo de convivência com tantos “seres pensantes” que tenham tornado Gosling um tanto seletivo em sua vida profissional futura.
Em 1995 ele deixou o programa infantil e passou a se dedicar a telefilmes e conseguiu certa projeção quando se mudou para a Nova Zelândia para gravar a série “O Jovem Hércules” que protagonizou durante dois anos. Sua grande estréia no cinema foi como um jogador de futebol americano treinado pelo personagem de Denzel Washington em Duelo de Titãs (2000). Hoje o filme é considerado uma obra inspiradora e programa obrigatório para muitos jovens como geralmente ocorre com produções ligadas ao tema esporte como ferramenta para superações.
Ao contrário do que acontece com outros artistas jovens, Gosling conseguiu convites para atuar em um filme por ano após sua estréia e logo em seu segundo trabalho já passou a ser notado pela crítica especializada e séria. Em Tolerância Zero (2001), deu vida a um estudante de uma escola judaica que se torna um anti-semita e causou polêmica. Acabou sendo nomeado como Melhor Ator em um Papel Principal no Independent Spirit Awards. Em 2002, foi a vez de tentar uma produção estilo blockbuster. Uniu-se a Sandra Bullock no suspense Cálculo Mortal, mas não conseguiu projeção com um filme tão comum. Mesmo com a recepção fria deste trabalho, foi indicado como Artista Mais Promissor pela Chicago Film Critics Association. Voltou ao cinema mais independente com O Mundo de Leland (2003) interpretando um jovem que é enviado a um internato após chocar sua pacata vizinhança cometendo um crime.

Conquistando o público
Em 2004, Gosling participou de sua primeira grande produção que faturou alto nas bilheterias. Ao lado de Rachel McAdams, com quem namorou por muitos anos, protagonizou a adaptação de um romance que já é considerado um clássico moderno por muita gente. Em Diário de Uma Paixão, interpretou um rapaz humilde que se apaixona por uma moça de família mais tradicional, mas as imposições da sociedade e a chegada da Segunda Guerra Mundial separam o casal. Automaticamente o ator virou o novo galã que viria habitar os sonhos de milhares de adolescentes que certamente se decepcionaram pelo longa ter sido totalmente esnobado no Oscar. Em seguida, a imagem de mauricinho foi desconstruída pelo próprio Gosling para dar vida a um perturbado jovem que tem ouvido vozes e tido visões perturbadoras em A Passagem (2005), suspense intrincado e que flerta entre o estilo comercial e o independente.
A Academia de Cinema finalmente e, diga-se de passagem, pela única vez até agora, notou o talento do rapaz em Half Nelson (2006), uma verdadeira febre entre as produções da época fora do circuito comercial. Ele interpreta um professor desiludido com a realidade e que tenta oferecer um ensino diferenciado aos seus alunos, mas seu vício em drogas o torna um péssimo exemplo e o próprio sofre com essa contradição de vontades. O papel lhe rendeu muitas indicações a prêmios assim como seu próximo trabalho, A Garota Ideal (2007), em que seu personagem passa a ter um relacionamento com uma boneca de silicone e as pessoas que convivem com ele tentam achar isso natural seguindo conselhos médicos para evitar o agravamento do problema mental do rapaz. Tido como ocupante certo de uma das vagas para concorrer ao Oscar de Melhor Ator pelo segundo ano consecutivo, desta vez não rolou.
Também em 2007, Gosling se juntou a Anthony Hopkins para o suspense policial Um Crime de Mestre, aumentando sua exposição junto ao grande público vivendo um promotor excepcional que precisa vencer um último caso para subir na carreira, mas o ator veterano que interpreta o criminoso do derradeiro caso não está de brincadeira e está disposto a livrar sua cara e provocar a primeira grande derrota da carreira do jovem. Depois de tantos trabalhos, o rapaz resolveu dar um tempo das telas grandes e investir em uma banda de música chegando a lançar um álbum.
A volta aos cinemas ocorreu em 2010, dando início a uma safra produtiva e com excelentes trabalhos. Brilhou ao lado de Michelle Williams em Namorados Para Sempre como um casal que revê os caminhos de sua relação em uma única noite ao mesmo tempo em que flashbacks relembram o passado deles. No mesmo ano, interpretou um rapaz que sofre com problemas psicológicos desde criança após ver sua mãe morrer em Entre Segredos e Mentiras. Os membros da Academia tinham duas boas chances de candidatar Gosling a ser o mais novo oscarizado da praça. De cegos e surdos novamente os votantes se fizeram em 2011 quando mais duas super chances de premiá-lo surgiram. O ator foi escolhido por George Clooney para estrelar Tudo Pelo Poder, longa em que um jovem idealista vai sendo corrompido pelo cínico mundo da política e ainda viveu um motorista que resolve ajudar uma família com um plano de “trabalho” arriscado em Driver, raro exemplar do gênero de ação que tem personagens e enredo bem desenvolvidos. Tudo bem não foi só o Oscar que o jogou para escanteio, outras premiações infelizmente fizeram o mesmo.
Nesta análise da breve, porém, muito construtiva carreira deste ator canadense, ficamos com a pulga atrás da orelha a respeito das premiações. É legal escolher para torcer por alguns dos filmes e artistas indicados, criticar as más escolhas e ralhar sobre as muitas omissões que ocorrem, mas quando vemos casos como este em que sucessivas boas atuações foram ignoradas colocamos em xeque a seriedade de tais prêmios. O caso do Oscar é o mais chamativo, mas parece que a contaminação da política da boa vizinhança ou do respeito aos nomes de peso tem pegado a todas as festas de cinema. Mas não importa, o ator versátil e talentoso se garante e não precisa de troféus, plaquinhas ou medalhas para ser considerado um grande profissional e Ryan Gosling é a prova. Mas não seria nada mal vê-lo com a tão famigerada estatueta dourada do cinema em mãos. Se a Academia adora corrigir injustiças, já está na hora de rever uma das mais gritantes dos últimos anos.

Um comentário:

Rafael W. disse...

Ryan Gosling deveria ter sido indicado junto com Michelle Williams por Namorados Para Sempre, mas não foi. Espero que ele rceba logo a devida atenção, pois está numa ótima fase de sua carreira. Grande ator.

http://cinelupinha.blogspot.com/

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