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quarta-feira, 4 de maio de 2011

BELEZA ORIENTAL


Há alguns anos cinema deixou se ser sinônimo de algo americano. Os nacionais invadiram os multiplex de shoppings e até produções de diversos países têm encontrado seu espaço, mesmo que restrito ainda ao circuito alternativo na maioria das vezes. Uma das filmografias que mais tem conquistado espaço no circuito de exibição e nas prateleiras de locadoras é a oriental. Além das famosas produções de terror e suspense e dos filmes de ação que mesclam elenco e técnicas de filmagem orientais e ocidentais, tem chamado a atenção dos espectadores a beleza plástica dos dramas e romances. Cada fotograma parece uma detalhada pintura e claro que surpreende a perfeição das atrizes que parecem até bonecas. O difícil é estreitar os laços com produtos cujos diretores e atores têm nomes praticamente impronunciáveis e identificar rapidamente qual a real nacionalidade, até porque muitas delas já são financiadas por capital do ocidente.

O Império dos Sentidos, apesar do fundo psicológico da obra, foi
censurado em diversos países inclusive no Brasil
A primeira vez que o cinema oriental atravessou fronteiras em grande estilo foi com o cineasta japonês Akira Kurosawa e seu Rashomom (1950) que recebeu o Leão de Ouro no Festival de Veneza, além de prêmios de melhor filme e direção nos EUA e em diversos festivais europeus. Sucesso ainda maior o diretor fez com Os Sete Samurais (1954), que chegou até ganhar uma refilmagem em estilo faroeste. Nas duas próximas décadas, com a nouvelle vague japonesa, uma nova geração de profissionais foi formada. Eles se arriscavam a fazer projetos não só detalhistas em cores, cenários e figurinos, mas também investiam em histórias polêmicas. Dessa fase se destaca Nagisa Oshima, diretor do polêmico O Império dos Sentidos (1976), obra um tanto escandalosa para a época e para o país em que foi feito. O filme tem um interessante fundo psicológico que acaba passando em brancas nuvens para a maior parte dos espectadores. Muitos só tinham ou ainda tem interesse no filme por causa das cenas ousadas que levaram a censura proibir sua exibição em muitos países, inclusive no Brasil.

A década de 1980 foi marcada por filmes que buscavam inspiração nas artes marciais, como o kung fu. Tendo como principal nome nesse tipo de produção o já então falecido Bruce Lee, o ator deixou vários discípulos que seguiram seus passos. Essas filmagens eram razoavelmente rápidas e com baixo custo, mas o lucro era garantido já que o ritmo ágil e as bem coreografadas lutas chamavam a atenção. Na era dos jogos de video games, esses longas ganharam um impulso ainda maior para se alastrarem em direção ao mundo ocidental. A febre era tanta que até Hollywood se entregou ao gênero, bancando produções do tipo com astros de ação como Jean-Claude Van Damme e chegando ao ápice com o bem sucedido Karatê Kid (1984). Experiente em filmar cenas com altas doses de adrenalina, o cineasta John Woo acabou sendo importado para o Ocidente justamente por Van Damme para dirigi-lo em O Alvo (1993). Nesse período os dramas e romances do Oriente ficaram um pouco apagados.


Novos tempos

Gong Li é a protagonista de Adeus, Minha Concubina e se tornou
uma das grandes atrizes do cinema oriental

Rompendo ainda mais barreiras e chegando a grandes festivais e premiações, inclusive o Oscar, o cinema oriental caminhou durante a década de 90 a passos largos. Lanternas Vermelhas (1991) e Adeus, Minha Concubina (1993) marcaram época e catapultaram os nomes de seus diretores e intérpretes, como a atriz Gong Li. O diretor Zhang Yimou, um grande cineasta e famoso atualmente, inaugurou a ação dos estúdios Columbia/Sony em terras orientais com a produção feita em mandarim, mas com objetivo de ser inserida em mercado internacional, Nenhum a Menos (1999), vencedor do Leão de Ouro em Veneza.

O Clã das Adagas Voadoras é uma belíssima mistura de drama,
artes marciais e elemento históricos do Oriente

Também nos anos 90, o taiwanês Ang Lee causou furor com O Banquete de Casamento (1993) e Comer, Beber, Viver (1994), assim acabou assumindo também as rédeas de projetos de outras nacionalidades como o britânico Razão e Sensibilidade (1995). A consagração que faltava veio com os quatro Oscars de O Tigre e o Dragão (2000). O sucesso da mistura de elementos da milenar cultura chinesa com ação coreografada e estilizada abriu caminho para o cineasta Yimou desenvolver os roteiros de Herói (2002) e O Clã das Adagas Voadoras (2004), dois longas que agradaram ao público jovem e também as platéias mais adultas e sofisticadas graças a recriação de períodos marcantes da história da China fazendo uso bem expressivo das cores e de cenas de batalhas com delicadeza e beleza ímpares. Usando também a estilização para recriar tempo e espaço, o cineasta Wong Kar-Wai é outro nome que fincou raízes em terras ocidentais com suas obras como Amor à Flor da Pele (2000) e 2046 (2004).

Claro que também não podemos esquecer de Memórias de Uma Gueixa (2005), um belíssimo romance com todas as marcas e características das terrinhas dos olhos puxados, mas na direção um ocidental. Rob Marshall, o mesmo do divertido e premiado musical Chicago (2003), assumiu a cadeira de diretor nesta produção vencedora de três merecidos Oscars técnicos e que causou polêmica pela escolha da atriz chinesa Ziyi Zhang para o papel de uma gueixa japonesa. Polêmicas a parte, o contraste do colorido das imagens com o roteiro triste e emocionante revela uma beleza impressionante.

Apreciadores das tradições e costumes, com certeza os cineastas e intérpretes do cinema Oriental continuarão brindando muitas gerações com suas belíssimas produções repletas de poesias transmitidas em forma de palavras, cores, gestos e olhares. Eles podem ter olhinhos pequeninos, mas eles estão bem abertos para o mundo cinematográfico.  

Um comentário:

M. disse...

MUito bom o seu blog. Passo a ser seguidora!

http://www.salalatinadecinema.blogspot.com

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