A história da sétima arte
está repleta de cenas clássicas e emblemáticas que acabam extrapolando os
limites do cinema e são incorporadas a cultura popular mundial sendo
empregadas, por exemplo, em peças publicitárias e servindo como inspiração a
outros filmes, seja com a finalidade do deboche ou de uma merecida homenagem. É
na primeira opção que se encaixa geralmente a imagem do garoto com uma estranha
criatura voando em uma bicicleta tendo a iluminação de uma gigantesca lua cheia
para realçar a originalidade e a poesia desta que sem dúvida é uma das cenas
mais clássicas de todos os tempos, mas a também uma das mais parodiadas. Todavia,
esta criação virou até o símbolo de uma das empresas do diretor Steven
Spielberg, o responsável por E.T . – O Extraterrestre, uma
obra-prima que não só emocionou o público infantil dos quatro cantos do mundo
como também cativou as platéias com mais idade, inclusive idosos. Esta
admiração praticamente unânime se deve a competência e a sensibilidade do
diretor que conseguiu a proeza de inovar e dar uma cara nova a um tema na época
já bastante explorado nas telonas. A existência de seres vivos em outros
planetas sempre chamou a atenção das pessoas, ainda que na maior parte das
vezes a curiosidade se transformasse em pavor pela forma como os
extraterrestres eram apresentados. De filmes trash até superproduções
hollywoodianas, os seres extraterrenos comumente eram mostrados como monstros
ou figuras estereotipadas que visitavam a Terra com o intuito de causar mal aos
seres humanos, mas Spielberg conseguiu humanizar de tal forma sua criatura
neste caso que dificilmente alguém não ficou ao menos com os olhos marejados de
lágrimas com a belíssima história de amizade que surge com entre uma criança e
um ser alienígena a ponto de cada um sentir as mesmas coisas que o outro. A
criatura conquista também o carinho dos irmãos do menino Elliot, vivido por Henry
Thomas, e eles decidem ajudá-lo a voltar para seu planeta, porém, um grupo de
humanos já está à sua caça e pode atrapalhar tudo.
O longa é recheado de
belas e icônicas imagens, como o dedo do E.T. emanando uma luz e lentamente se
dirigindo a um ferimento de Elliot para curá-lo ou quando ele faz reviver as
flores que estavam murchas em um vaso, mas certamente nenhuma é tão emblemática
quanto a destacada aqui. A sequência toda é de arrepiar de emoção, desde a
partida da bicicleta rumo aos céus até sua aterrissagem fracassada, tudo
acompanhado pela belíssima e retumbante trilha sonora composta por John
Williams que também ostenta a alcunha de uma das canções mais famosas do
cinema. Lançado em 1982, E.T. – O Extraterrestre continua
alimentando a nostalgia dos adultos, que provavelmente não resistem a dar uma
conferida na obra quando raramente é exibida na TV ou tem a sorte de encontrar
para comprar ou alugar, mas você não precisa ter nascido entre as décadas de
1970 e 1980 para embarcar na magia desta produção, afinal de contas a fama, o
encantamento e a mensagem deste longa tem atravessado gerações em boa forma e
promete continuar assim para as futuras gerações apreciarem. Curiosamente, se o
filme em si consegue até hoje se manter em evidência, o mesmo não se pode dizer
do seu elenco. Todos sumiram dos holofotes e quem continuou no meio artístico
teve que se contentar com papéis pequenos em filmes idem, com exceção de Drew
Barrymore, a garotinha tão cativante quanto o E.T., que após uma infância e
adolescência problemáticas deu a volta por cima e tornou-se uma das atrizes
mais requisitadas de Hollywood. Bastidores à parte, nem a Academia de Cinema
resistiu a ternura da produção e entregou a ela quatro Oscars, além de
indicá-la ao prêmio de Melhor Filme. Este é um programa obrigatório pelo menos
uma vez na vida para reunir a família e assim as diversas gerações
compartilharem juntas um raro momento em que a nostalgia e a surpresa do
ineditismo caminham lado a lado.
Um comentário:
Além de ser um clássico do cinema, fez parte da minha infância. Adoro!
http://cinelupinha.blogspot.com/
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