
O diretor inglês Bryan Forbes criou um misto de ficção científica e suspense inspirado por uma trama de autoria de Ira Levin, o mesmo do enigmático O Bebê de Rosemary. A história nos apresenta a um casal que decide deixar a estressante vida na metrópole para ir viver em um subúrbio norte-americano. A cidade de Stepford parece um sonho. Ruas tranquilas, casas bonitas, bem adornadas e até excessivamente limpas e organizadas. Para completar o cenário perfeito para uma família modelo habitar só falta uma esposa bonita, bem arrumada, prendada, obediente e que nunca nega um pedido do marido. Bem, até isso se encontra nesse verdadeiro recanto feliz.
Em meio a esse mundo de fantasia, a recém-chegada fotógrafa Joanna Eberhart (Katharine Ross) não consegue se encaixar e acha tudo aquilo muito estranho. A mesma opinião compartilha Bobby (Paula Prentiss), outra habitante da cidade que não consegue compreender como todas as donas-de-casa parecem seguir um mesmo padrão de vida. Juntas elas passam a investigar o mistério, mas não tarda para que uma delas passe a apresentar um comportamento muito estranho. Enquanto isso, os maridos vivem nas nuvens. Sempre reunidos, bebendo e jogando conversa fora, a tal aura misteriosa do local parece não atingi-los.
Exposta a história dá para perceber que ela é idêntica a da refilmagem que o cineasta Frank Oz coordenou em 2004, mas as semelhanças ficam por aí. Forbes, com elenco pouco conhecido e recursos financeiros minguados, conduziu sua obra de forma puxada para uma fantasia de terror, com direito a uma surpresa aterradora no final, e até mesmo seu material publicitário é um tanto enigmático e impactante. Apesar do ineditismo deste trabalho para os anos 70, o filme fracassou nas bilheterias americanas e nem chegou aos cinemas brasileiros. O tempo passou e a fita acabou conseguiu reunir uma legião de fãs. O termo "Stepford wife" acabou se tornando uma gíria para denominar o estilo de mulher que é bonita, bem arrumada e que não trabalha, apenas vive para cuidar da casa. Logo, quem levava a sério o estilo de vida marido e mulher como antigamente passaram a pertencer ao grupo dos "Stepford way of life".
Antes mesmo das fitas VHS originais surgirem, o longa vez ou outra era exibido nas madrugadas na televisão, mas por muitos anos ficou escondido em algum porão da sua produtora ou distribuidora. Com o gancho da refilmagem em tom de crítica humorística da sociedade, na época foi lançado o DVD de Esposas em Conflito sem muito alarde e nem mesmo despertou o interesse alguma emissora de TV exibi-lo. Quem adquiriu o produto tem a chance até hoje de mergulhar fundo na nostalgia dos anos 70. Visualmente a obra é bem datada e fica visível através das roupas, objetos dos cenários e penteados e nem mesmo o discurso esconde o envelhecimento do filme, mas nada que atrapalhe o público-alvo que certamente busca respirar naftalina através das imagens. É muito interessante comparar como um mesmo roteiro pôde ter duas leituras tão diferenciadas, mas é uma pena que quem quer fazer essa comparação hoje não encontra a obra original. Os direitos são da Paramount. Já que lançaram uma vez em DVD, por que não manter o título no catálogo da empresa? Em meio a tantas abobrinhas e centenas de discos de seriados que hoje já nem estão na moda, certamente um filme a mais ou a menos para ser trabalhado não faria diferença nos cofres da distribuidora.
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