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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

ESQUECERAM DE... ESPOSAS EM CONFLITO

Quando um filme ganha uma refilmagem é comum que as distribuidoras se apressem para colocar a disposição dos consumidores as versões originais, independente de serem ou não as responsáveis pela tal reinvenção ou se o novo trabalho guarda apenas alguns resquícios da fonte em que bebeu. Foi isso que aconteceu há alguns anos quando foi lançada a comédia Mulheres Perfeitas. Com um elenco encabeçado por Nicole Kidman, esse filme teve passagem rápida pelos cinemas e foi classificado por muitos como uma produção de humor rasteiro ou até mesmo uma bobagem que não vale o tempo perdido para assistir. Bem, talvez muitos passassem a ver esse trabalho com outros olhos ou reforçando as más críticas se conhecessem as raízes da história. Esposas em Conflito (1975) tem um ponto de partida interessante que foi reaproveitado em sua releitura mudando completamente o enfoque.
    
O diretor inglês Bryan Forbes criou um misto de ficção científica e suspense inspirado por uma trama de autoria de Ira Levin, o mesmo do enigmático O Bebê de Rosemary. A história nos apresenta a um casal que decide deixar a estressante vida na metrópole para ir viver em um subúrbio norte-americano. A cidade de Stepford parece um sonho. Ruas tranquilas, casas bonitas, bem adornadas e até excessivamente limpas e organizadas. Para completar o cenário perfeito para uma família modelo habitar só falta uma esposa bonita, bem arrumada, prendada, obediente e que nunca nega um pedido do marido. Bem, até isso se encontra nesse verdadeiro recanto feliz.

Em meio a esse mundo de fantasia, a recém-chegada fotógrafa Joanna Eberhart (Katharine Ross) não consegue se encaixar e acha tudo aquilo muito estranho. A mesma opinião compartilha Bobby (Paula Prentiss), outra habitante da cidade que não consegue compreender como todas as donas-de-casa parecem seguir um mesmo padrão de vida. Juntas elas passam a investigar o mistério, mas não tarda para que uma delas passe a apresentar um comportamento muito estranho. Enquanto isso, os maridos vivem nas nuvens. Sempre reunidos, bebendo e jogando conversa fora, a tal aura misteriosa do local parece não atingi-los.


Exposta a história dá para perceber que ela é idêntica a da refilmagem que o cineasta Frank Oz coordenou em 2004, mas as semelhanças ficam por aí. Forbes, com elenco pouco conhecido e recursos financeiros minguados, conduziu sua obra de forma puxada para uma fantasia de terror, com direito a uma surpresa aterradora no final, e até mesmo seu material publicitário é um tanto enigmático e impactante. Apesar do ineditismo deste trabalho para os anos 70, o filme fracassou nas bilheterias americanas e nem chegou aos cinemas brasileiros. O tempo passou e a fita acabou conseguiu reunir uma legião de fãs. O termo "Stepford wife" acabou se tornando uma gíria para denominar o estilo de mulher que é bonita, bem arrumada e que não trabalha, apenas vive para cuidar da casa. Logo, quem levava a sério o estilo de vida marido e mulher como antigamente passaram a pertencer ao grupo dos "Stepford way of life".

Antes mesmo das fitas VHS originais surgirem, o longa vez ou outra era exibido nas madrugadas na televisão, mas por muitos anos ficou escondido em algum porão da sua produtora ou distribuidora. Com o gancho da refilmagem em tom de crítica humorística da sociedade, na época foi lançado o DVD de Esposas em Conflito sem muito alarde e nem mesmo despertou o interesse alguma emissora de TV exibi-lo. Quem adquiriu o produto tem a chance até hoje de mergulhar fundo na nostalgia dos anos 70. Visualmente a obra é bem datada e fica visível através das roupas, objetos dos cenários e penteados e nem mesmo o discurso esconde o envelhecimento do filme, mas nada que atrapalhe o público-alvo que certamente busca respirar naftalina através das imagens. É muito interessante comparar como um mesmo roteiro pôde ter duas leituras tão diferenciadas, mas é uma pena que quem quer fazer essa comparação hoje não encontra a obra original. Os direitos são da Paramount. Já que lançaram uma vez em DVD, por que não manter o título no catálogo da empresa? Em meio a tantas abobrinhas e centenas de discos de seriados que hoje já nem estão na moda, certamente um filme a mais ou a menos para ser trabalhado não faria diferença nos cofres da distribuidora.

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