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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

ANJELICA HUSTON E SEU TALENTO DE BERÇO


Ela vem de uma linhagem de pessoas ligadas ao cinema e as artes e não negou sua vocação. Com um extenso currículo, Anjelica Huston não começou a atuar simplesmente por comodismo, por ter encontrado as portas abertas para este mundo de sonhos de forma fácil. Ela realmente é talentosa e já teve grandes trabalhos feitos para as telonas e também para a televisão. Sua beleza exótica, muito explorada em seus tempos de modelo, a ajudou a eternizar sua imagem em papéis fortes e enérgicos. Para crianças e adolescentes que hoje são adultos, ela marcou esses períodos de suas vidas vivendo uma bruxa, uma mulher excêntrica e adepta de torturas e a famosa e malvada madrasta da Cinderela. Mas sua capacidade de atuar vai muito além da fantasia e ela também se adequa muito bem a personagens sérios e contemporâneos.


Nascida em 08 de julho de 1951 em Santa Mônica, na Califórnia, a atriz herdou o talento para a interpretação de seu pai, o cultuado ator e diretor John Huston, e do avô, o também ator Walter Huston. Também é meia-irmã e tia respectivamente dos atores Danny Huston e Jack Huston. Filha da bailarina Enrica (Ricki) Somma, a quarta esposa do cineasta, ela passou boa parte de sua infância na Irlanda, mas também na Inglaterra por causa da separação de seus pais quando ela tinha onze anos de idade. Iniciou uma carreira de modelo na década de 1960, mas não demorou muito para se dedicar ao cinema. Seu primeiro trabalho foi um pequeno papel em Cassino Royale (1967), mas a maior parte de seus projetos seguintes foram dirigidos por seu próprio pai, apesar de que ele não desejava que ela seguisse a carreira de atriz já prevendo que ela sofreria rejeição ou excessos de cuidados por ser a filha de um cineasta influente. Na adolescência, em 1969, ganhou dele uma ponta em O Irresistível Bandoleiro e o papel principal em Caminhando com o Amor e a Morte. O fracasso destes trabalhos fez com que ela dividisse seu tempo entre a interpretação e a modelagem, mas sempre fazendo pequenos personagens em filmes como Um Estranho no Ninho (1975), O Pirata Escarlate (1976) e O Destino Bate à Sua Parte (1981).

As desconfianças do senhor Huston se confirmaram. Anjelica não conseguiu papéis relevantes mesmo após uma década de tentativas, mas ela estava decidida a provar que era uma boa atriz. Assim, na década de 1980, ela resolveu ir estudar interpretação e encarar a carreira a sério. Assim, ela surpreendeu e se vingou de todos aqueles que duvidavam de seu talento quando seu pai lhe presenteou com o papel da filha de um chefe da máfia que ama um pistoleiro, mas seu amor é desprezado pelo mesmo o que motiva seu espírito vingativo. Com A Honra do Poderoso Prizzi (1985) ganhou seu primeiro e único Oscar, mas foi o suficiente para saciar sua vontade de dizer "eu venci". O filme foi marcante na carreira da atriz não só pelo troféu, mas também por tornar a sua família um caso curioso na história da premiação. Até hoje os Huston é o único clã da história do cinema a ter três gerações premiadas no Oscar (seu pai e avô já haviam sido vitoriosos em outras ocasiões). Também foi durante as filmagens do longa que ela iniciou um relacionamento com Jack Nicholson, sua paixão não correspondida na história, que durou até 1992.

Após o rompimento com Nicholson, Anjelica e seu ex não se tornaram inimigos e em 1995 formaram um casal em uma produção escrita e dirigida pelo ator Sean Penn. Em Acerto Final eles vivem em harmonia até que a morte da filha em um acidente de carro faz com que esse pai e essa mãe tenham suas vidas completamente mudadas e cada um tenha sua maneira particular de superar a tragédia.

Voltando na linha do tempo de seu histórico profissional, Anjelica participou do derradeiro filme de seu pai, Os Mortos e os Vivos (1987), no qual interpreta uma mulher que relembra um caso de amor antigo a partir das lembranças trazidas por uma música triste. O falecimento de seu ente querido não fez com que a atriz desistisse da carreira, pelo contrário, lhe deu mais forças para seguir em frente. Tanto é que foi indicada ao Oscar dois anos seguidos por suas atuações em Inimigos, Uma História de Amor (1989) e Os Imorais (1990). No primeiro ela é uma das três mulheres que conturbam a vida de um homem na década de 1940 e no segundo ela vive uma mãe sem nenhum escrúpulo que faz o que pode atingir os seus objetivos, assim como seu filho e sua nora.


Malvadas, coadjuvantes e musa

Ainda em 1990, Anjelica conseguiu se aproximar do público infanto-juvenil com a aventura repleta de mistério Convenção das Bruxas. Suas feições exóticas e misteriosas caíram como uma luva para compor a rainha das malvadas feiticeiras que desejam transformar as crianças do mundo todo em ratos para que assim seja mais fácil exterminá-las. Em uma longa sequência, atriz atua sob pesada e horripilante maquiagem, mas ainda assim é possível sentir que é ela quem está por baixo de tudo aquilo destilando seu veneno. O papel na realidade era para ser da cantora e atriz Cher, mas ela recusou assim como fez com Morticia Addams. Sorte da senhora Huston que virou sinônimo de bruxa, no bom sentido, ao viver a matriarca de uma estranha família em A Família Addams de 1991 e em sua continuação de 1993. Apesar das boas críticas de ambas as produções, elas não garantiram novas indicações ao Oscar para a atriz, mas preencheram sua vaga no Globo de Ouro. Marco indiscutível na vida de muita gente, a excêntrica família só não ganhou novos filmes por causa da morte do ator Raul Julia, o patriarca do clã.

Depois da proximidade do público jovem, a atriz entrou em um longo período de papéis secundários e de pouca relevância, uma verdadeira coadjuvante de luxo, até que novamente foi notada vivendo, para variar, uma personagem com um pezinho no lado do mal. Ou melhor, os dois. Apesar de toda a sofisticação e aparente firmeza de sua condessa em Para Sempre Cinderela (1998), no fundo ela é uma mulher perversa que bate com uma mão na enteada e a acaricia com a outra e nem mesmo ama suas filhas. Ela ama o que elas podem lhe trazer caso façam um bom casamento.

No ano seguinte, em 1999, Anjelica foi parar atrás das câmeras ao mesmo tempo em que atuava. Em Agnes Browne - O Despertar de Uma Vida ela coloca várias lembranças de sua infância na Irlanda na história de uma mulher de meia idade que passa dificuldades para criar seus filhos, mas não desiste de ser feliz, ajudar os necessitados e finalmente viver um amor de verdade, algo que nunca teve com o marido. Antes, em 1996, ela já havia realizado um telefilme com certa repercussão.

Nos últimos tempos, a atriz tem aparecido com menos frequência e sempre relegada a papéis que não fazem jus ao seu talento como a antagonista de A Creche do Papei (2003), uma política em O Fator Hades (2006) e aguentando as chatinhas e mimadas irmãs Hilary e Hayle Duff na comédia Material Girls (2006). Sua tábua de salvação tem sido a parceria com o cineasta Wes Anderson, conhecido por suas histórias envolvendo famílias cheias de problemas e personagens peculiares e curiosos. Assim, ela bateu cartão em Os Excêntricos Tenembaums (2001), A Vida Marinha com Steve Zissou (2004) e Viajem a Darjeeling (2007), todos seguindo a mesma fórmula, conquistando a crítica, mas recebendo o desprezo do grande público. Ela praticamente se tornou uma musa para o diretor e peça indispensável em suas últimas produções.

É uma pena ver que esta grande atriz parece estar esquecida, apesar de ter ganhado em 2010 uma homenagem na Calçada do Fama de Hollywood. Um pouco mais jovem que Meryl Streep, Anjelica Huston não teve a mesma sorte que a sua contemporânea, mas merece novas e boas chances para mostrar todo o seu talento. Bem, a esquecida Glenn Close em 2011 parece estar vivendo um renascimento em sua carreira cinematográfica, podemos acreditar que outras excelentes atrizes voltarão a brilhar. Será que na febre de Harry Potter, crônicas de terras encantadas e tantas outras produções fantasiosas não existe nenhum projeto de filme sobre bruxas? Seria uma ótima forma de voltar ao estrelato aquela que eternizou por mais de uma vez a imagem da mulher pálida e com olhos grandes e tão escuros quanto seus cabelos e que pode ser perversa, maliciosa ou até mesmo irresistivelmente sádica. Vamos torcer para que a história da atriz acabe como nos contos de fadas: com um final feliz e de sucesso.

2 comentários:

Anônimo disse...

Anjelica é super talentosa. Muitos filmes eu assisti mais de uma vez só pra vê-la em cena. :D

Mas "A Família Adams e "Convenção das Bruxas" ficaram na memória.

Bjs ;)

ANTONIO NAHUD disse...

Gosto muito de Anjelica, ou melhor de todos os Huston, começando pelo grande Walter.
Cumprimentos cinéfilos!

O Falcão Maltês

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