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terça-feira, 1 de novembro de 2011

LINDOS, TALENTOSOS E... SANGUINÁRIOS


Antes da metade da década de 1990, Tom Cruise já era uma estrela com nome e valor de mercado em alta. Já Brad Pitt estava em plena ascensão após uma sequência de filmes bem avaliados por público e crítica e já ameaçava tomar o posto de galã do cinema da época do então marido de Nicole Kidman. Colocar os dois juntos em um mesmo filme poderia significar uma união de sucesso ou uma verdadeira guerra entre egos inflados. A primeira opção venceu. Hoje, quase duas década depois, Entrevista Com o Vampiro, lançado em 1994, é um título de fama no mundo todo e considerado um clássico do terror com estilo próprio. Porém, se voltarmos ao período em que a produção foi iniciada até a sua estréia, podemos encontrar histórias de bastidores que bem desenvolvidas poderiam render um outro roteiro de cinema. A escritora Anne Rice vendeu os direitos de seu best-seller homônimo cerca de dezessete anos antes dele finalmente ganhar sua versão em celulóide. Nesse período, diversas tentativas de adaptá-lo fracassaram até que o cineasta Neil Jordan, colocou as mãos no projeto. Vivendo um período de glórias depois de ter causado frisson nas premiações dois anos antes com seu então inovador e ácido Traídos Pelo Desejo, parecia que finalmente a história polêmica e com teor homoerótico chegaria aos cinemas, mas a escalação do elenco foi problemática. Eram necessários atores com apelo junto ao público e com aspecto jovem principalmente para viver Lestat, papel de Cruise. A própria autora do livro repugnou publicamente a escalação do astro, este que sofria preconceito. Muito bonito e considerado um artista com talento limitado, duvidava-se que ele poderia dar vida a um personagem dúbio que flerta entre o herói e o vilão com total desenvoltura, mas com a ajuda do cineasta acostumado a desbravar fronteiras ainda desconhecidas, o ator surpreendeu com sua interpretação ora dramática e ora perversa, mas em ambos os casos impregnadas de sensualismo. Anne foi obrigada a dar o braço a torcer, se desculpar e assumir que gostou do que viu. 

O outro problema era administrar mais um queridinho do público feminino em geral junto com Cruise no set. Pitt vive Louis, que tem tanto ou até mais direito de ser considerado o protagonista da trama. Ele é o fio condutor desde o início, quando, muito atormentado, decide contar sua história de vida (ou seria de morte) para um jornalista. Ele recorda o que aconteceu com ele há cerca de duzentos anos quando se encontrou com Lestat e como era seu relacionamento com o vampirão, uma estranha ligação que por vezes parecia algo como a de um pai e um filho, mas em outros momentos exalava o clima existente entre dois amantes. Segundo boatos, existiu sim certo descontentamento de Cruise quanto ao roteiro, afirmando que a história privilegiava o personagem de Pitt. O fato é que hoje, longe dos burburinhos e fofocas da imprensa da época, percebemos claramente que ambos têm importância singular na condução da trama e que o filme só fez bem a carreira deles. Os dois seguiram seus caminhos participando de bons projetos, uma ou outra furada, mas depois de viverem papéis de vampiros muito verossímeis ganharam status, reconhecimento da crítica e triplicaram a fama junto ao público. A cena em destaque com Cruise mordendo o pescoço de Pitt e lhe oferecendo a dádiva ou talvez a maldição da vida eterna celebra e eterniza este encontro produtivo e memorável. Quem não assistiu pode se perguntar o que haveria de tão especial em mais algumas interpretações de chupadores de sangue, personagens que já na época contabilizavam diversas participações no cinema. Simples, eles não estavam lá só para morder pescocinhos e saciar a sede, mas na realidade tais criações são muito profundas e tratam dos sentimentos que afligem aqueles que estão condenados a viver eternamente e obrigados a caçar seres vivos para garantirem seu alimento. O tema ganha ainda mais força quando aparece a menina-vampira Claudia, vivida pela famosa namorada do Homem-Aranha Kirsten Dunst em início de carreira. A garotinha também se mostra perturbada com a sua condição de morta-viva, mas essa é uma discussão que rende muita argumentação até por ser questionada a participação de uma criança em uma produção de conteúdo forte e adulto. Só para fechar os problemas de elenco, sem falar na presença do galã latino Antonio Banderas disputando a atenção da mulherada, prestes a iniciar as filmagens, faleceu River Phoenix, irmão de Joaquin Phoenix e verdadeiro ídolo e modelo para os jovens da época. Escalado para viver o entrevistador de Louis, ele foi substituído às pressas por Christian Slater quando ainda vivia longe de escândalos e mantinha um currículo de trabalho interessante. Essas são só algumas das histórias de bastidores que agitaram as filmagens de Entrevista Com o Vampiro, um título que merece ser sempre revisto. Para quem nunca viu, fica ai a dica de um estiloso filme de terror que aborda as temidas criaturas de dentes pontudos com maturidade, elegância e totalmente críveis.

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