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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

ROBERT DE NIRO, UM ATOR INDOMÁVEL


Ele é sem dúvida um dos maiores astros de sua geração ainda em atividade e gosta de se transformar em diversos tipos, não medindo esforços para conseguir a perfeição. Tanta dedicação a carreira fez com que Robert De Niro se tornasse um dos maiores nomes do cinema americano, um dos artistas mais premiados da atualidade e dono de um currículo repleto de sucessos, títulos importantes e, é claro, alguns fracassos. Ninguém é perfeito. Muito marcado por personagens fortes em tramas com pitadas ou assumidamente do gênero suspense ou policial, ele é muito versátil e também já se aventurou pelos caminhos do drama e do humor com muita tranquilidade. Porém, são os papéis de mafiosos e marginais que lhe trouxeram a fama e a perpetuam até hoje.

Muitos artistas têm histórias tristes e sofríveis para contar desde a infância até os primeiros passos no cinema, mas De Niro pode-se considerar um privilegiado. Para começar ganhou o mesmo nome de seu pai, um artista expressionista, e sua mãe Virginia Admiral também trabalhava com pintura, assim a tendência em seguir o caminho das artes já estava em seu sangue. Robert Mario De Niro Jr. nasceu em Greenwich Village, em Nova York, em 17 de agosto de 1943. Seus pais se separaram quando ele tinha apenas três anos, mas isso não o afetou negativamente. Ficou morando com a mãe, mas visitava regularmente seu pai, com quem mantinha o hábito de ir ao cinema. Muito observador, sempre prestou atenção em tiques e detalhes físicos, assim, se tornar um especialista na área de interpretação não seria nada difícil.

Após estudar interpretação no Actor´s Studio, se dedicou primeiramente ao teatro. Os primeiros cinco anos da carreira do ator no cinema foram lentos e não prometiam um futuro promissor. Estreou em Quem Anda Cantando Nossas Mulheres (1968), sob a batuta do respeitável Brian de Palma. Após esse filme, participou em muitas outras produções, alternado bons papéis e outros menores, mas nenhum deles com grande sucesso, até que atingiu a popularidade com o seu papel de jogador de beisebol em A Última Batalha de um Jogador (1973). A boa repercussão deste trabalho chamou a atenção do diretor Martin Scorsese que o chamou para atuar em Caminhos Perigosos, produzido no mesmo ano. A dobradinha com o cineasta se repetiu muitas outras vezes e sempre trazendo reconhecimento e indicações a prêmios para ambos. Foi isso que aconteceu com Táxi Driver (1976), O Rei da Comédia (1983), Os Bons Companheiros (1990), Cabo do Medo (1991) e Cassino (1995). Apesar de criticar os artistas que preferem interpretar personagens cujas características, gostos e hábitos são semelhantes aos seus, De Niro viveu nestas obras tipos estranhos a sua realidade, como gângsteres, psicopatas ou instáveis emocionalmente, mas sempre soube trazer algo a mais para que suas criações se diferenciassem umas das outras e não se tornassem repetitivas. Em New York, New York (1977), também da safra da parceria, aprendeu a tocar saxofone para viver um músico, papel atípico em seu currículo até então.

Em 1980, a parceria com Scorsese lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator pelo lutador de boxe que interpretou em Touro Indomável, papel que lhe exigiu muito fôlego e uma sobrecarga de cerca de vinte quilos de músculos. Mudar fisicamente nunca foi problema para ele, mas sua forma no longa surpreendeu muita gente. Porém, antes deste reconhecimento, De Niro já havia ganhado um prêmio de Melhor Ator Coadjuvante da Academia de Cinema por sua atuação em O Poderoso Chefão 2 (1974), de Francis Ford Coppola, como um dos membros do clã dos famosos Corleones. Perfeccionista, viajou até a Sicília para aprender particularidades do dialeto e dos costumes dos italianos para compor um tipo totalmente verossímil. O esforço deu certo.

Outras parcerias do ator com um diretor de gabarito foram com Elia Kazan em O Último Magnata (1976), Bernardo Bertolucci em 1900 (1976), Sergio Leone em Era Uma Vez na América (1984), Roland Joffé em A Missão (1986), Alan Parker em Coração Satânico (1987) e novamente com De Palma em Os Intocáveis (1987). Em todos estes filmes, De Niro interpretou tipos bem diferenciados e recebeu críticas elogiosas, mas sua filmografia também reserva espaço para fracassos, guardadas as devidas proporções, como seu encontro com a grande Meryl Streep em Amor à Primeira Vista (1984) ou com Jessica Lange em Sombras do Mal (1992). Nem seu esperado confronto com Al Pacino em Fogo Contra Fogo (1995) rendeu o esperado. Hoje a maior parte dos títulos que levam o nome do astro nos créditos gera certa curiosidade e dificilmente alguém diz que ele está interpretando mal aqui ou ali. Analisando sua obra, é possível dizer que ele se envolveu em projetos que não faziam jus ao seu talento, mas fez o que pôde para salvar sua pele.


Outros caminhos

A partir do início dos anos 90, a carreira do ator começou a oscilar entre projetos arriscados, outros banais e alguns que não se esperava muito, mas que acabaram surpreendendo. Sempre variando os gêneros de filmes, não ficou marcado por um único papel e suas experiências com os mais diversos tipos de cineastas o ajudaram a tomar uma decisão ousada: sentar-se na cadeira de diretor. Em 1993, seu pai havia falecido e De Niro dedicou seu primeiro trabalho atrás das câmeras a ele. Desafio no Bronx foi muito elogiado e um dos primeiros projetos de sua produtora, a Tribeca Films. Aliás, ele também é o criador do Tribeca Film Festival, evento que vem ganhando maior importância a cada ano e dedicado as produções independentes.

Apesar da boa repercussão de sua estréia como diretor, De Niro demorou mais de uma década para voltar a assumir a direção do longa. Em 2006 lançou O Bom Pastor, um suspense de época a respeito do surgimento da Agência de Inteligência Central, a popular CIA, tendo como pano de fundo o cenário da Guerra Fria. O projeto ambicioso não rendeu nem muitos elogios tampouco dinheiro.

Voltando a falar do De Niro ator, como já foi dito ele é extremamente versátil e não tem medo de mudanças físicas para incorporar personagens. Porém, foi muito criticado em 1994 quando assumiu o papel título de Frankenstein de Mary Shelley (1994). Atuando sob pesada maquiagem e figurino, não deixa de ser interessante ver um astro de seu gabarito aceitando um papel que muitos diziam que qualquer iniciante poderia fazer. A diferença é que o ator não compôs um monstro com maldade, mas adicionou certa dramaticidade ao personagem, o que gerou controvérsias. Voltaria a atuar em produções fantasiosas em 2007 quando integrou ao elenco da aventura épica Stardust - O Mistério da Estrela no papel do Capitão Shakespeare.

Mesmo nos últimos anos não concorrendo a prêmios importantes, De Niro tem trilhado um caminho de sucesso que acaba sendo comprovado conforme o tempo passa, ou seja, pode não ser que seus últimos trabalhos sejam arrasadores quando lançados, mas tal qual um bom vinho eles melhoram a medida que envelhecem. Assim filmes como As Filhas de Marvin (1996), Cop Land (1997), Mera Coincidência (1997) e Homens de Honra (2000) continuam frescos na memória dos fãs. Seu público também foi renovado com a franquia Entrando Numa Fria, iniciada em 2000 e que já chegou ao seu terceiro episódio, apesar deste último não ter empolgado e ter sido alvo de críticas negativas.

Resumir a carreira de um grande ator com mais de quatro décadas de trabalho e cuja filmografia é tão longa quanto diversificada não é fácil. Também dizer em poucas palavras tudo aquilo que ele representa para a história recente do cinema é dificílimo. Robert De Niro é único e com certeza ainda brindará o público com excelentes interpretações. Seja um psicopata, um mocinho, um policial, um advogado ou um desconfiado pai de família, o astro sempre dá conta do recado. Sorte de seus fãs.

2 comentários:

Rafael W. disse...

Com certeza, um dos atores mais competentes que o cinema já teve. Grande De Niro!

http://cinelupinha.blogspot.com/

renatocinema disse...

Belo texto.

Em minha visão, De Niro é o melhor de sua geração.

Somente Nicholson consegue igualar, não passar.

Mesmo sem estar num grande momento o eterno Touro Indomável é indomável como ator e na arte de representar.

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