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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

ESQUECERAM DE... A LENDA DO PIANISTA DO MAR

Giuseppe Tornatore é um grande cineasta italiano que já escreveu seu nome na história do cinema com grandes obras, sendo a mais marcante e internacionalmente conhecida a vencedora do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro Cinema Paradiso. Sempre em busca de belas histórias nas quais o enfoque são os conflitos e desejos dos seres humanos e tendo como pano de fundo ou alusão alguma manifestação artística, muitos dos trabalhos do cineasta não estão disponíveis em DVD, pelo menos não no Brasil. Nesta coluna já foi destacado a inexistência no mercado do título O Homem das Estrelas, que homenageia o cinema. Agora, é hora de lembrar A Lenda do Pianista do Mar (1998), obra que exalta a paixão do diretor pela música e que passou voando pelos cinemas e também não teve grandes chances de encontrar seu público quando lançado em vídeo.

O filme conta a história de um garoto que nasceu em pleno alto-mar no primeiro dia do século e foi abandonado. Ele foi encontrado pelo engenheiro do navio, Danny Boodmann (Bill Nunn), dentro de uma caixa em que estava escrito “T.D. Lemon”. O homem decide criar a criança, pois sempre afirma que as iniciais da tal caixa significavam "Thanks, Danny". Danny Boodmann T.D. Lemon (Tim Roth), ou simplesmente Mil Novecentos, que foi acrescido ao seu nome por causa da sua histórica data de nascimento, cresceu em meio ao carvão e caldeiras da embarcação, pois foi criado as escondidas. Quanto completou oito anos, seu benfeitor sofre um acidente e falece, assim não haveria outra alternativa para o menino sobreviver senão frequentar as outras dependências do navio. Numa dessas escapadas encontra um piano e descobre que possui uma habilidade natural para tocar o instrumento e chama a atenção de uma lenda do jazz, o pretensioso Jelly Roll Morton (Clarence Willians III), que sobe a bordo para desafiá-lo para um duelo. Toda essa curiosa história de uma vida em alto-mar e com raríssimos momentos em terra firme são narrados por um de seus amigos com quem tocou, Max (Pruitt Taylor Vince), então um cantor de jazz falido.

O ator Tim Roth encarnou com perfeição o protagonista. Dono de um currículo extenso e muito variado, ele não é muito bem aproveitado pelos cineastas americanos e foi preciso um diretor com olhar estrangeiro perceber o grande intérprete que ele é e lhe oferecer uma grande oportunidade. Ele sem dúvida colecionou grandes cenas neste longa, assim como o restante do elenco. É preciso ressaltar que o idioma original desta obra é o inglês, o que ajuda explicar a escolha do astro principal e a percepção de que este filme lembra muito as antigas produções americanas de época.


Como em toda a sua filmografia, Tornatore conquista o espectador com sua visão esplêndida e emocionante sobre belas histórias e aqui trabalha com um texto adaptado do monólogo dramático de Alessandro Barico que transpira poesia e arte. Acostumado a lidar com personagens fictícios que geralmente são ricos em sonhos, aqui o cineasta opta por literalmente embarcar em um conto fantasioso, mas ainda assim imprimindo seu estilo de direção em cada fotograma, como, por exemplo, na cena inesquecível em que Mil Novecentos toca piano no meio de um tempestade enquanto o instrumento desliza por todo o navio. Aliás, a trilha sonora composta pelo mestre Ennio Morricone é maravilhosa e servem como um complemento essencial no conjunto todo. Não a toa foi vencedor do Globo de Ouro nesta categoria, mas não deixa de ser triste pensar que esta linda obra ficou de fora de importantes premiações, inclusive o Oscar.

Falar que um trabalho do famoso cineasta italiano é esplêndido é ser redundante. Visualmente e tecnicamente ele nunca decepciona. No quesito roteiro dificilmente ele entrega algo ruim, mas obviamente um ou outro sempre acaba se sobressaindo em sua filmografia, como no caso de A Lenda do Pianista do Mar, um título que infelizmente nunca teve o respeito e a publicidade que merecia e que hoje lamentavelmente está fora do mercado. Mais uma vez fica o lembrete: as distribuidoras empurram tecnologia e o consumidor compra sem pensar ou fazer indagações. Melhor seria se elas gastassem tempo e dinheiro recuperando grandes trabalhos do cinema no bom e velho DVD.

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