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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

CLASSES C E D VÃO AO CINEMA


Os cinemas multiplex tomaram o lugar das salas de ruas e populares e abrigou o público das classes A e B. Por serem instaladas em shoppings, essas redes de cinema tem muitos gastos para serem mantidas e quem escolhe uma das salas para ver um filme também tem que dispo de uma quantia de dinheiro significativa. Não é só o ingresso, cobrado individualmente. Tem também os gastos com pipocas e doces, o estacionamento e as compras não programadas que o ambiente acaba inevitavelmente despertando o desejo. Mas com outras opções de lazer, só essa elite já não basta para manter os cinemas em atividade. É necessário chamar mais público.

Para tanto, já não basta apenas os dias com valores promocionais. Os cinemas em regiões de periferia e com preços mais compatíveis já são realidade em vários lugares e até os grandes multiplex já estão se adequando para atender o público de menor renda. É graças a ele que o filme Tropa de Elite 2 conseguiu chegar a marca de nove milhões de espectadores em apenas cinco semanas.

Esses novos consumidores de cinema gastam moderadamente com guloseimas e não saem de casa para ver qualquer filme. Eles procuram ver um filme específico, algum que desperte realmente a vontade de assistir. De olho nisso, vários filmes estão sendo exibidos dublados. Antes, somente desenhos e infantis eram exibidos assim. Com os filmes baseados em super-heróis, quadrinhos e games invadindo as salas e despertando o interesse nas classes C e D, atender a esse público era essencial. O primeiro filme adulto a ser dublado nos últimos anos foi Duro de Matar 4.0, produção com muitas cenas de ação e que para grande parte das pessoas perde a graça quando necessário prestar atenção nas legendas.

Hoje, os filmes dublados correspondem mais da metade do faturamento de grandes multiplex. Segundo o diretor da Sony Pictures, Rodrigo Saturnino, em declaração à "Folha de São Paulo", lançar a comédia romântica Plano B dublada foi um grande acerto, mas algo impensável até pouco tempo. Porém, afirma ter se arrependido de só lançar em cópias legendadas Comer, Rezar e Amar, com Julia Roberts, estrela que tem um grande público no Brasil.

As cópias dubladas ainda são mais pedidas por cinemas de periferia ou que atendam clientes de classes mais simples, mas essa escolha não quer dizer que esses consumidores tenham menos capacidade para entender as legendas que os de elite. As legendas brancas muitas vezes atrapalham qualquer um. Em cima de cenas com fundo branco, perde-se sequências inteiras. A trilogia A Era do Gelo, por esse motivo, foi exibida dublada e nem por isso deixou de ser sucesso. Outro fator importante é que as legendas muitas vezes são rápidas, assim pessoas de mais idade ou que se distraem facilmente, não conseguem acompanhar textos e imagens ao mesmo tempo.

Apesar de ampliar a faixa de público, os cinemas ainda não garantem acesso a diversidade de títulos nas telas. Os filmes de arte, europeus, orientais e documentários continuam restritos a cineclubes, não encontrando nem mesmo vagas nas salas de elite. Por mais que surjam cinemas, são praticamente os mesmo filmes sendo exibidos em qualquer região, só muda o endereço.

Também há o inconveniente de uma mesma produção estar sendo exibida em diversas salas em um mesmo complexo, diminuindo o espaço para outros filmes chegarem aos consumidores. Os multiplex também não facilitam, parecem querer direcionar os espectadores a determinados filmes. Muita gente deixou de assistir filmes no cinema nos últimos feriados devido as enormes filas formadas para Tropa de Elite 2. Sem ter filas exclusivas para compras de ingresso para o blockbuster da semana ou temporada, outros títulos são prejudicados e quem perde é o público, que se contenta com a falsa impressão de diversidade e múltiplas opções dos cinemas.

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