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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

CINEMA EM PERIGO


Todos já ouviram falar naquelas histórias de que um dia o homem perderia o seu lugar de trabalho para um robô. Essa cena já foi até retratada no infantil A Fantástica Fábrica de Chocolate, de Tim Burton. O pai de um garotinho perde seu emprego em uma fábrica de cremes dental porque uma máquina foi colocada em seu lugar. Ela produzia mais por hora de trabalho e dava gastos quase nulos a empresa. Infelizmente, essa cena, com suas variações, estão realmente acontecendo. Mas será que alguém pensa na possibilidade da tecnologia acabar com um nicho de mercado ou diminui-lo drasticamente?

Atualmente o cinema vive em perigo justamente por causa da tecnologia. Ela fez com que esse instrumento cultural se disseminasse entre o público, mas não extrapolou os limites permitidos. A pirataria nas ruas ameaça a indústria cinematográfica até hoje, mas a pirataria caseira, como os tão populares dowloads ilegais, representa um perigo ainda maior. É impressionante o número de pessoas que tem possibilidades para assistir um filme pelas formas corretas e legais mas recorrem a pirataria. Mesmo as cópias feitas em casa somente para uso doméstico também correspondem a crimes e é preciso que o público tome consciência.

Para barrar o avanço da pirataria, o mercado de cinema resolveu lançar os discos blu-ray, um novo formato para exibição de filmes que promete melhor qualidade de imagem e som e tem proteção contra cópias (até os piratas não descobrirem como fazer). Mas tudo isso o DVD também oferece. A opção de ter mais espaço no disco para disponibilizar mais materiais especiais e até jogos também é algo desnecessário. Sem dúvida é um produto criado apenas para vender tecnologia e destinado a elite. Existem muitas pessoas do próprio mercado do cinema que confirmam que a criação é um novo brinquedinho para os ricos. Quando todos já tiverem o seu aparelho de blu-ray, já será tarde, pois algo novo terá que surgir para manter o interesse dos que tem posses.

A grande massa popular nem liga para o blu-ray. Quem é esperto já imagina que agora o mercado vai relançar todos os títulos no novo formato e forçar os colecionadares a comprarem tudo de novo para atualizarem sua videoteca particular. Foi assim quando O DVD tomou o lugar do VHS, mas nesse caso foi algo necessário. Todos que curtem filmes lucraram nessa transição. Na atual troca proposta, os benefícios são mínimos e não correspodem aos investimentos necessários, lembrando que não basta ter um player de blu-ray. Para aproveitar o máximo a nova mídia, até um tipo específico de tv e de sistema de aúdio é exigido.
 
Tecnologia e preguiça

Nas últimas semanas também gerou polêmica as notícias de que as operadoras de telefonia fixa e tv paga querem oferecer aos clientes a opção de ter uma videolocadora em casa bastando um clique no computador ou apertar um botão do controle remoto, mas de uma forma legalizada. Porém, essas mesmas empresas são recordistas de reclamação no Procon devido a problemas nos seus serviços de telefone. Se elas não conseguem dar conta nem dos seus produtos principais, para que entrar em um outro ramo? Parece até que é por maldade.

Para quem não quer sair de casa, ama tecnologia ou é louco para assistir aos filmes antes dos outros, pode parecer que as citações acima são incorretas, que a possibilidade de ver os filmes de todas essas maneiras é algo maravilhoso, mas na realidade não é. Para quem adora cinema e adere a pirataria ou já está louco para assistir as novidades a hora que quiser e sem ter que sair de casa para devolver os filmes, está dando um tiro no pé. A indústria do cinema precisa seguir etapas de lançamento em cada tipo de mídia para fazer suas produções renderem o necessário para cobrir os custos e ainda gerar lucros aos estúdios. Se um filme não faz uma boa carreira no cinema, não tem mais a chance de encontrar seu público nas videolocadoras e ainda é vendido a preço de banana pelos canais pagos ou os chamados VOD (Video on Demand) da internet em um espaço de tempo muito curto, ele não gera lucros aos estúdios e assim a produção de novos títulos será prejudicada.

Assim é triste constatar, mas a tecnologia que é tão festejada, no caso do cinema, pode também atrapalhar. Ela está fechando as videolocadoras e diversos cinemas e tirando o emprego de muitas pessoas. Muita gente que enriqueceu na época do surgimento das locadoras e do épice das fitras VHS, hoje não tem mais seus comércios e vivem com renda baixa ou até mesmo trabalhos temporários. O cinema não irá acabar definitivamente. Ele encontrará mais caminhos para chegar ao público, mas, infelizmente, a qualidade das produções devem sofrer uma grande queda. O investimento em efeitos especiais com certeza deverá aumentar, mas o empenho na criação de bons roteiros não deverá ser o mesmo. O ditado "uma imagem vale mais que mil palavras" será seguido literalmente. O mercado do cinema independente também deverá sofrer. Com tantas salas de cinema se adequando para receber produções em 3D e afins, os filmes mais simples e que refletem muito mais a arte de se fazer cinema ficarão com suas exibições comprometidas.

Bons tempos em que uma boa produção ficava meses em cartaz nos cinemas, havia listas de espera nas locadoras para alugar as fitas e o público ficava na expectativa de seus filmes prediletos serem exibidos na televisão. Tempos que não voltam mais. E é mais triste ainda pensar que a indústria do cinema hoje em dia sofre por causa do consumismo e da falta de educação do público. Ninguém precisa de uma engenhoca nova a cada ano para ser feliz e, até onde se sabe, nenhum pai ensina seus filhos a furtarem. Mas nem tudo está perdido. O avanço desenfreado da tecnologia no modo de exibição de filmes e até mesmo a pirataria de rua ou residencial ainda podem ser barrados. Todos eles só vingam se houver procura. Quando não há, eles deixam de existir. Se você é um amante do cinema, pense um pouco no mercado como um todo. Não pense só no presente. Pense também no amanhã do cinema. 

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