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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

FESTIVAL DE FÉRIAS - OPERAÇÃO PRESENTE

Dia 25 de dezembro, é Natal, e os chatos de plantão podem reclamar a vontade, mas não dá para comemorar a data sem curtir um filminho natalino. Todos sabem o que vamos encontrar neles e talvez seja justamente a valorização do espírito de união, amor e solidariedade que todos buscam nesse tipo de produção. Geralmente com roteiros que flertam com o drama e a comédia, basicamente tais obras lidam com o tema da recuperação do conceito original desta data festiva e a animação Operação Presente (2011) não foge à regra, mas basta um pouco de criatividade para dar certo ar de novidade à produção. Como o Papai Noel entrega tantos presentes em todo o mundo em uma única noite? Basicamente tentando responder a essa pergunta que milhares de crianças certamente fazem todos os anos, este desenho traz toques de modernidade em sua narrativa como uma mega operação de confecção e distribuição de presentes com o que há de mais moderno e o sempre necessário núcleo familiar disfuncional desta vez é representado pelos próprios parentes do bom velhinho.
 
A narrativa nos apresenta à Arthur, o filho do Papai Noel, este que não é um milenário ancião como muitos pensam. Ele é o vigésimo homem de uma mesma linhagem a ocupar a vaga ao longo de mais de mil anos de distribuição de presentes, mas as coisas se complicaram comparando-se os dias de hoje com os primórdios desta atividade. A população mundial cresceu de forma descomunal tornando inviável que apenas o clã Noel consiga fazer a entrega de todos os presentes na madrugada do dia 25 de dezembro. Assim, hoje o aposentado e rabugento Vovô Noel, a prestativa Mamãe, o aficionado por tecnologia Steve, apontado como o sucessor do bom velhinho, o próprio Papai, Malcoln, em seus últimos dias usando a roupa vermelha e ainda o caçula desajeitado Arthur, além de milhares de elfos, viajam em uma moderna e potente aeronave e comandam uma estratégica operação para entregar os brinquedos, praticamente um plano de guerra. Mesmo assim, nem tudo sai perfeito. Neste Natal, após terminarem as entregas é descoberto que uma menina que mora em Cornualha, na Inglaterra, não recebeu a bicicleta que pediu e certamente deixará de acreditar na magia do Natal. Como é mostrado logo na introdução, hoje em dia com a internet ficou fácil para qualquer um fazer pesquisas sobre o Pólo Norte e ficar frustrado ao não descobrir nada sobre o Papai Noel, mas ele, sua família e seus funcionários estão lá e não podem ser esquecidos, caso contrário toda uma engrenagem será desconstituída e muitos ficarão desempregados.
 
 
Arthur então decide fazer a entrega deste último brinquedo ele mesmo e de quebra provar que um dia ainda poderá ser o bom velhinho. Com a ajuda de Vovô Noel e de Bryony, uma elfa embaladora, ele embarca com toda a coragem do mundo no bom e velho trenó puxado pelas renas. Em sua estréia como roteirista e diretora, Sarah Smith propõe uma discussão sobre o antigo versus o moderno. Enquanto Steve acha que pode fazer um trabalho melhor que o pai investindo em tecnologia de ponta, Arthur simplesmente opta por manter as tradições, seguindo os conselhos de seu avô que abomina a modernidade. Criado nas salas do estúdio Aardman, responsável por tesouros animados como A Fuga das Galinhas e Wallace e Gromit – A Batalha dos Vegetais, é conflitante a opção que escolheram para o aspecto visual deste longa. Desenvolvido em computação gráfica e optando pela opção do 3D, o filme “suja” a imagem de sua empresa que até recentemente era conhecida pelos trabalhos em stop-motion, aquela técnica de animação de bonecos de massinha. Todavia, esse é um detalhe levemente decepcionante, pois a inteligência característica do estúdio na construção de narrativas e visuais e personalidades de personagens continuam impecáveis.
 
Com uma narrativa divertida, leve e bem criativa, a diretora conseguiu reunir todos os elementos necessários para um típico filme natalino e ainda de quebra inovar adicionando conceitos tecnológicos propondo assim uma discussão pertinente aos dias atuais ao mesmo tempo em que esses elementos servem para alimentar o humor da trama. O roteiro, feito em parceria com Peter Baynham, responsável pelos polêmicos Borat e Brüno protagonizados por Sacha Baron Cohen, além de criticar levemente a pressão que a tecnologia faz para penetrar na vida de todos chegando ao ponto de quebrar tradições e tornar certas coisas obsoletas, também foca nos conflitos familiares, mas de forma diferente do que estamos acostumados em longas natalinos. Aqui a família Noel não está às voltas com a ceia ou com os gastos excessivos, mas sim na manutenção  do sistema de entrega de presentes como uma empresa de verdade onde existe hierarquia e as tarefas são divididas de acordo com as competências dos envolvidos. A busca incessante em mostrar o quão robótica é a relação desse grupo de moradores do Pólo Norte atrapalha um pouco o ritmo da narrativa, diluindo demais o humor em detrimento das alfinetadas. Se temos pontos altos com a alegria e loucura contagiantes do Vovô, por outro lado falta um vilão para dar gás à história ou podemos interpretar que a modernidade é a antagonista.

 
Operação Presente não é tão inocente quanto antigos desenhos como Rudolph – A Rena do Nariz Vermelho e tão pouco melancólico e emotivo como O Expresso Polar, mas retrata um pouco do que se tornou o Natal hoje em dia. O comércio impera e isso fica claro na adição na narrativa de uma empresa distribuidora de presentes, algo que faz alusão aos correios que vivem a pressão de milhares de pessoas que desejam que suas encomendas sejam entregues até a noite do dia 24. Os adultos do longa parecem contaminados pela tecnologia, como a Mamãe Noel viciada em internet ou seu filho Steve que manja tudo sobre equipamentos de última geração, mas o pequeno Arthur e seu avô, este já com certos sinais de demência que o deixam infantilizado, estão alheios a esse estranho mundo novo e lutam para manter a tradição em alta. Em suma, além de revitalizar o espírito natalino, a animação também deixa a mensagem que é preciso ter o equilíbrio entre o novo e o velho para atingirmos a perfeição. Estamos terminando 2012 e os carros não foram substituídos por naves espaciais e ninguém vive em apartamentos no estilo da família Jetsons como o cinema nos vendia a idéia de futuro antigamente. O antigo e o moderno estão convivendo e assim deve permanecer também na época do Natal. Ganhe seu vídeo game, seu computador ou seu celular, mas nunca se esqueça de agradecer e dar um abraço a quem lhe deu, simples gestos que esquecemos diante do apelo das novidades. Feliz Natal! 

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