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segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

FESTIVAL DE FÉRIAS - UM NATAL MUITO, MUITO LOUCO

Hoje é véspera de Natal, dia de muita correria e compras de última hora, em outras palavras, dia de muito estresse, mas a noite vem a calmaria e as alegrias e emoções devem predominar. No Brasil não temos o mesmo fanatismo que os americanos têm com esta festa cristã, mas ainda assim muitas pessoas vivem o clima natalino intensamente meses antes. Para elas todas aquelas enxurradas de reprises de comédias e dramas típicos de fim de ano na televisão são uma dádiva. Para quem ainda sente apreço pela comemoração, mas todo o ano promete que da próxima vez vai fazer algo diferente entre os dias 24 e 25 de dezembro, certamente se identificará com o casal protagonista de Um Natal Muito, Muito Louco (2003), longa que já pode ser considerado um clássico natalino tal qual Férias Frustradas de Natal, figurinha carimbada na TV praticamente todos os anos ao longo de quase três décadas. Ambos tratam do respeito e cultivo das tradições e do espírito de solidariedade e de família unida, mas claro que tudo temperado com muito humor.
 
Luther (Tim Allen) é o patriarca dos Kranks, uma família que sempre preservou as tradições natalinas e dividia as alegrias da data com amigos e vizinhos, até que por um ano apenas decidiram esquecer o Natal e partir para um cruzeiro. Como a filha Blair (Julie Gonzalo) está realizando trabalhos voluntários no Peru, Nora (Jamie Lee Curtis) e o marido decidem viajar para terras ensolaradas e não pensam sequer em enfeitar a casa, o que acaba despertando a ira dos vizinhos que correm o risco de perder um concurso de decoração de ruas por causa desse capricho. Começa então uma verdadeira batalha para os Kranks conseguirem planejar a tão sonhada viagem sem a interferência de terceiros, estes que não dão folga, principalmente por causa das intervenções de Vic Frohmeyer (Dan Aykroyd), um dos vizinhos mais xeretas. Porém, alguém nos céus não quer permitir que o espírito do feriado seja esquecido e um dia antes da véspera de Natal Blair avisa a família que voltará para a ceia trazendo a tira-colo o novo namorado para participar dos famosos festejos natalinos dos Kranks. Agora Nora e Luther têm menos de 24 horas para organizar uma festa com tudo que há de mais tradicional e para isso recorrem aos vizinhos que eles tanto hostilizaram até então.



A lição que tiramos do longa é das mais explícitas possíveis. Só para reforçá-la ainda temos um casal de idosos passando por um período difícil e que abrandará o coração do homem que ousou mandar as favas o bom velhinho e tudo mais. Sobra ainda espaço, embora bem pequeno no início da trama, para questionar que essa festa ganhou contornos muito mais comerciais que qualquer coisa, justamente o que desencadeia a decepção do casal protagonista que decide deixar seu boneco gelinho (nosso popular boneco-de-neve) escondido no porão. Em rápidas aparições, vemos quantas pessoas contavam com o dinheirinho dos kranks em troca de cartões ou biscoitos, por exemplo. É curioso, mas em meio ao corre-corre das compras e dos festejos que os brasileiros tanto gostam não chamam atenção produções do tipo em nossos cinemas. Pode ser o fato da ambientação contrária a nossa, branquinha e fria pela neve, a repetição de situações cômicas ou a mensagem clichê de esperança e amor que deixam no final, mas é certo que dá para contar com os dedos de uma mão os títulos que trabalham o tema e que escapam do crivo do público e crítica sem serem extremamente chamuscados. Por outro lado, para os produtores americanos os batidos filmes de Natal podem significar a salvação da lavoura quando o ano não rendeu boas bilheterias, por isso eles ainda continuam sendo feitos anualmente. Embriagados pelos sininhos e luzes dos pisca-piscas os espectadores não resistem.

O roteiro de Chris Columbus, responsável pelo clássico natalino das sessões da tarde Esqueceram de Mim e sua primeira continuação, é muito simples e até pode ser uma reciclagem de piadas, mas ainda assim funciona muito bem pelo fato de que a correria do fim de ano está presente ativamente na vida de qualquer pessoa e a identificação com o drama dos protagonistas é imediata, embora o humor pastelão possa ser um empecilho para alguns. Chama a atenção que o argumento é extraído de uma obra de John Grisham, o mesmo autor de obras sérias como O Dossiê Pelicano e O Júri. Nas mãos de um especialista em tramas ingênuas, o texto cresceu e tornou-se uma divertida crítica ao que é o Natal atualmente. A direção ficou por conta de Joe Roth, que já havia experimentado timidamente o clima natalino quando produziu O Sorriso de Mona Lisa. Aqui ele conseguiu imprimir um delicioso ritmo narrativo e ótimas piadas como a história de um bronzeamento artificial equivocado e a disputa acirrada por uma peça de presunto em um supermercado. O humor visual é dos melhores, ainda que Allen não tenha seu talento cômico reconhecido como merecia. Sem fazer caretas e estripulias a la Jim Carrey, ele consegue fazer rir e faz uma dupla excepcional com sua parceira de cena. Aparentemente ambos tiveram liberdade para improvisar, o que torna as situações ainda mais divertidas e próximas do real.



Provável que muita gente sem nem mesmo ter assistido já tenha tirado suas próprias conclusões negativas a respeito de Um Natal Muito, Muito Louco a começar pelo título digno de telefilmes, mas não se engane pelas aparências. Esta é uma comédia bem divertida e que satiriza o comportamento dos americanos de classe média e que serve até para o brasileiro rir de si próprio. É quase impossível não reconhecer no longa alguma situação que nós mesmos ou conhecidos viveram por conta de alguma gafe própria ou de algum parente, seja antes ou na hora da festa. Entre no espírito do longa e da época para a qual ele foi feito para descobrir suas qualidades. Reclamem o quanto quiser, mas é certo que o Natal perderia boa parte de seu encanto caso produções do tipo fossem extintas. Na pior das hipóteses, elas fazem companhia para aqueles que não podem festejar ao lado dos familiares ou amigos e deixam no ar a mensagem que o maior presente que alguém pode receber é um sincero feliz Natal, mesmo que ele seja dito por um ator que não faz a menor idéia de que você existe.

Um comentário:

Marcos Rosa disse...

Esse é das antigas! rsrsrs
Feliz Natal!

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http://algunsfilmes.blogspot.com.br/

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