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segunda-feira, 28 de maio de 2012

CANNES 2012 HOMENAGEOU O BRASIL, MAS NÃO O PREMIOU

O diretor Walter Salles compareceu no Festival de Cannes juntamente com o
elenco de Na Estrada, seu novo filme que não ganhou prêmios

Havia certa expectativa que o Brasil conquistaria sua segunda Palma de Ouro após cinco décadas de jejum de prêmios, mas o Festival de Cannes 2012 já considerou a escolha da nossa terrinha como o país homenageado da edição uma grande honra. Assim, Walter Salles e seu Na Estrada deixaram o evento sem trazer uma lembrancinha. Por outro lado, a presença do cineasta brasileiro na disputa do principal prêmio foi uma das poucas coisas que fizeram o festival ganhar certo destaque este ano por aqui. O fato é que no mundo inteiro a repercussão do evento como um todo foi pequena.
Considerado décadas atrás como uma premiação até mais importante que o Oscar, o evento de Cannes acabou se tornando mais relevante somente para os cinéfilos e profissionais da indústria cinematográfica. Um dos grandes problemas é a falta de informação sobre os filmes participantes da disputa ou que tem sua pré-estréia no festival. A maioria não chega ao alcance do grande público e isso não é só no Brasil. No mundo todo existem dificuldades para a distribuição dos títulos, seja por dificuldades acerca do conteúdo ou até mesmo para legendar as produções. Da edição 2012 só temos duas certezas: Na Estrada deve estrear nos cinemas brasileiros em circuito restrito enquanto Madagascar 3, que teve sua primeira exibição pública abrindo o evento, mas fora da disputa de prêmios, deve lotar as salas dos shoppings nas férias de julho.
Cannes 2011 surpreendeu pela repercussão que teve, principalmente pela polêmica instantânea que causou o cineasta Lars von Trier ao dar declarações brincando com a idéia de que simpatizava com a figura do Hitler. A piada acabou tornando-o presença não grata no evento, mas em compensação ajudou na divulgação de Melancolia que após tanta exposição na mídia gerou certa expectativa entre os cinéfilos. É certo que só temos como medir o grau de êxito do festival ao longo do restante do ano conforme as produções vão estreando nos cinemas ou sendo lançadas em DVD. É importante lembrar que três obras participantes do evento do ano passado conseguiram chegar em boa forma até as premiações americanas que fecham o ciclo de festivais, entre elas O Artista que faturou cinco Oscars, incluindo Melhor Filme. 

Palmas para Michael Haneke
O cineasta austríaco Michael Haneke já é uma figura conhecida em Cannes e seu nome já desperta certa curiosidade entre os mais antenados sobre cinema. Participante de quatro edições do evento, ele surgiu em 2005 com o aclamado Caché, considerado por alguns críticos como um dos melhores filmes da primeira década no novo milênio. Quatro anos depois faturou sua primeira Palma de Ouro com A Fita Branca e agora em 2012 foi laureado com o mesmo prêmio por Amour, longa que se destaca em sua filmografia na qual a morte e o sofrimento estão sempre presentes. Na realidade seu novo filme também toca em assunto fúnebre, mas de forma um pouco mais amena. Jean-Louis Trintignant e Emmanuelle Riva formam um casal de idosos que passa por um momento delicado já que a mulher está a beira da morte.
Michael Haneke no centro e os atores Emmanuelle Riva e Jean-Louis
Trintignant comemorando a Palma de Ouro recebida por Amour
Mais reflexivo do que chocante, o projeto era para ter sido lançado no lugar de Violência Gratuita em 2007, trabalho hiper violento que é um remake americano do filme homônimo que o próprio Haneke dirigiu dez anos antes em idioma austríaco. Amour foi adiado por a premissa básica ser a mesma de Longe Dela, drama da atriz, roteirista e diretora Sarah Polley que na época já rodava com seu filme pelos festivais mundo a fora.
Pelo fato do festival receber produções de todos os cantos do mundo, é comum que a maioria dos vencedores sejam praticamente desconhecidos. Não tivemos este ano uma americana acostumada a filmes-pipoca surpreendendo e sendo premiada, caso de Kirsten Dunst que foi eleita Melhor Atriz por Melancolia. Este ano duas atrizes novatas romenas e do mesmo filme dividiram os aplausos. Em Beyond the Hills, Cosmina Stratan e Cristina Flutur vivem duas amigas que foram criadas em um orfanato romeno e quando adultas seguiram caminhos diferentes, sendo que uma delas tornou-se uma fanática religiosa. O longa também rendeu à Cristian Mungiu o prêmio de Melhor Roteiro.

Quanto aos demais premiados, bem, o tempo dirá se eles escreverão definitivamente seus nomes e de seus respectivos filmes na história do cinema. A lista de laureados em Cannes em todas as suas edições e hoje esquecidos é enorme e deve aumentar mais com a turma de 2012. Uma pena.

Um comentário:

renatocinema disse...

Prêmios são bobagens, a meu ver. O que realmente importa não são prêmios e sim o resultado. Afinal, Táxi Driver não venceu Oscar algum e é um dos melhores de todos os tempos, em minha visão.

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