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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A REDE SOCIAL, UMA REALIDADE OU UMA ILUSÃO?

Um mundo imaginário onde você conhece todo mundo e se sente super popular, mas no fundo está isolado em seu mundinho. Essa é a idéia básica de A Rede Social (2010), produção baseada em fatos reais acerca da vida de Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg). Com apenas 19 anos de idade ele ficou milionário criando um dos maiores empreendimentos da história da internet, o site Facebook, que conta com mais de 500 milhões de usuários no mundo todo. Curiosamente, o próprio criador dessa teia de relacionamentos, dizem, é um ser com extrema dificuldade em se relacionar, tanto é que para ter o site ele conquistou diversos inimigos. É aí que entra o brasileiro Eduardo Saverin (Andrew Garfield). Eles estudaram juntos nos EUA, eram amigos e criaram o site de relacionamentos, inclusive foi Saverin quem bancou o projeto. Outros também colaboraram com o empreendimento, mas no final apenas o nome de Zuckerberg era citado como responsável pelo site.

Inicialmente o site se chamava Facemash e era praticamente uma brincadeira para fazer uma espécie de avaliação dos atributos físicos das estudantes da universidade de Harvard em que Zuckerber e Saverin estudavam, mas ao ver na idéia uma grande chance de ficar milionário, o americano tratou de se livrar do brasileiro assim como de outros amigos como os gêmeos Cameron e Tyler Winklevoss (Arnie Hammer) e Divya Narendra (Max Minghella). O trio propôs a idéia de levar a idéia do site para fora do ambiente universitário e foram enrolados por Zuckerberg, que cerca de quarenta dias depois lançou o Facebook sem mencionar os outros nomes envolvidos na criação, apenas o dele. Depois de anos de batalhas legais, eles ganharam uma indenização.

No caso de Saverin, quando o site subiu de valor, ele foi pego de surpresa pelas linhas miúdas do contrato que assinou sem prestar atenção. Suas ações foram reduzidas a praticamente nada. O brasileiro processou o ex-amigo, mas entrou em um acordo fora dos tribunais sem valores divulgados, porém sumiu. Ninguém mais tem notícia dele já há vários meses e não se sabe dizer se o sumiço é alguma imposição do acordo.


Curiosamente, cada uma dessas pessoas que participaram da criação do Facebook tinham características físicas ou personalidades bem diferentes das de Zuckerberg. É como se ele necessitasse estar perto disso para se sentir completo. Ao ver que não havia mais necessidades, ele tratava de se livrar dos companheiros. A vontade de ser aceito é um sonho que muitos jovens têm e Sean Parker (Justin Timberlake) entra na vida do rapaz para justamente introduzi-lo na sociedade que ele tanto almejava. Ao freqüentar as festas e esbanjar seu dinheiro ao lado do novo amigo, o gênio da computação realizou seu sonho de poder tudo e ser cobiçado. A ganância e a superioridade encontraram suas perfeitas encarnações.

O grande sucesso do filme pode ser explicado ao excelente roteiro e a eficiente direção do cineasta David Fincher, que transformaram a história de um sujeito que poderia ser completamente odiado pelas platéias em um conto de um homem triste que deixou sua criação encobri-lo e cada vez mais jogá-lo em um abismo. Ele criou uma ferramenta para unir pessoas e ficou milionário, mas vive em uma solidão sem tamanho e com uma lista repleta de inimigos. Os próprios usuários do site correm o risco de cair em uma armadilha. Ao mesmo tempo em que acham que tem milhões de amigos por causa do Facebook, eles estão se isolando do mundo real e das pessoas de carne e osso. Nunca a idéia de mundo virtual foi tão bem mostrada.


Concorrendo a oito Oscars, A Rede Social pode não ter sido o grande campeão da festa, venceu três categorias, mas já escreveu seu nome entre os grandes filmes. Ainda bem que a história não tem como um dos enfoques principais o trabalho de Sean Parker, o criador de um site para compartilhamento de músicas sem pagar, uma criação da qual a indústria fonográfica não se recuperou mais. Pensar em pirataria de música faz logo pensar na de filmes. Por mais que o filme fosse bom, seria demais todas as premiações jogarem seus louros em cima de uma produção que faz apologia aos meios ilegais de acesso a obras culturais. Seria o mesmo que dar um tiro no pé. Mas quantas pessoas não devem ter baixado o filme ou a trilha sonora desta produção? Aí está uma falha do filme, ou melhor, do roteiro da vida. O personagem da pirataria não é punido, pelo contrário, é um milionário de bem com a vida, mesmo com alguns processos nas costas. Já Zuckerberg foi punido. Mesmo sendo milionário aos 26 anos, sua individualidade e solidão em que vive já são seus castigos.

Lançado no final de 2010, A Rede Social ganhou dezenas de prêmios, conquistou ótimas bilheterias e até se tornou assunto jornalístico devido aos bastidores desta história verídica. Agora já está disponível nas locadoras para quem quiser conferir um ótimo filme, mas infelizmente baseado em uma história em que "os vilões" sairam vitoriosos em termos. Final feliz para eles, mas com sabor amargo para muitos.

Um comentário:

Leonardo Marques disse...

Acho a Rede Social não um filme para ganhar estatueta, mas sim para todos assistirem.

PS: Parabéns pelo blog. Tem algum email pra contato. Gostaria de lhe fazer um convite.

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