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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

FESTIVAL DE FÉRIAS - EU OS DECLARO MARIDO E... LARRY

Para começar a semana nada melhor que uma boa comédia. Adam Sandler não é um excepcional sinônimo de humor, mas geralmente funciona bem quando divide o peso das atenções. Deixando o humor físico e as caras e bocas de lado (bem, nem tão de lado assim), o ator divide com Kevin James as piadas de Eu os Declaro Marido e... Larry (2007), uma eficiente comédia no qual eles vivem dois héteros tentando se passar por homossexuais para ganharem benefícios. Embora possa parecer mais uma produção para achincalhar a imagem dos gays, na realidade o humor aqui é usado de forma agradável e consciente e acaba por levar uma mensagem positiva ao público: todos têm direito a serem felizes, mas o caminho para alcançar tal felicidade cabe a cada um escolher e os outros respeitarem. Ok, não é com essas palavras literalmente que tiramos uma boa lição do filme, só os mais bondosos podem ver tal idéia. O recado mais forte é sobre a valorização da amizade, principalmente nos momentos difíceis.
 
Chuck Levine (Adam Sandler) e Larry Valentine (Kevin James) são dois destemidos bombeiros que não são unidos apenas na profissão, mas também são grandes amigos longe de seus uniformes de trabalho. Larry é viúvo e se preocupa com o futuro dos filhos. Devido a problemas burocráticos ele não consegue colocá-los como beneficiários em seu seguro de vida. Para tanto ele precisaria se casar novamente, o problema é que ela ainda não superou a perda da esposa e sabe que não pode confiar em qualquer mulher quando o assunto é dinheiro. O jeito é recorrer ao seu grande amigo que tem com ele uma dívida de gratidão por ter salvo sua vida em um incidente de trabalho. Chuck topa então viver uma união de fachada com Larry para ajudá-lo e assim pagar sua dívida, porém, a relação é colocada em xeque. Muitas pessoas andam aderindo a união com alguém do mesmo sexo para conseguir benefícios, portanto todos os casais moderninhos precisam ser investigados, assim eles estão na mira do investigador Clint Fitzer (Steve Buscemi)  e do chefe dos bombeiros, o Capitão Tucker (Dan Aykroyd).  Agora eles precisam transformar o casamento de mentirinha em realidade e vão receber a ajuda da advogada Alex McDonough (Jessica Biel), por quem Chuck acaba se apaixonando e complicando ainda mais as coisas.
 
Os dois protagonistas funcionam mais ou menos como o casal de homem e mulher típico das comédias românticas: a primeira vista são completamente opostos, mas aos poucos percebem que se completam. Fora o trabalho em comum, eles tem em suas vidas particulares suas principais diferenças. Chuck é animado, alto astral, tem sempre uma piada na ponta da língua e só pensa em curtir a vida intensamente, assim colecionar conquistas de mulheres para ele é um hobby. Já Larry é mais acanhado, sereno e não tem uma vida muito alegre depois que sua esposa faleceu. A maneira como cada intérprete adiciona humor a esses personagens é o ponto-chave. O diretor Dennis Dugan, que já havia dirigido Sandler em outros filmes como “O Paizão“, deu carta branca para seus astros improvisarem nas cenas, o que talvez explique como um longa que podia ser repleto de piadas de gosto duvidoso consegue ser leve e divertido.
 
Apesar do tema convidativo ao escracho e as polêmicas, é importante ressaltar a habilidade dos roteiristas Barry Fanaro, Jim Taylor e do conceituado Alexander Payne, de Os Descendentes, em lançar o anzol, mas devolver o que fisgam, ou seja, investir em piadas preconceituosas e debochadas, porém, sempre deixando em seguida uma mensagem politicamente correta como na cena do baile a fantasia quando Chuck e Larry são ofendidos e humilhados intensamente. Logo em seguida um discurso a favor da diversidade sexual é dito em alto e bom som por Sandler em um dos raros momentos de lucidez de seu personagem. Pouco depois lá está ele fazendo suas caretas e mímicas bancando a “amiga” confidente de sua advogada durante uma tarde de compras de roupas.
 
Entre piadas homofóbicas e mensagens que condenam o preconceito, Eu os Declaro Marido e... Larry aborda de forma criativa e leve um tema espinhoso, retratando com bom humor os problemas que cotidianamente são vividos por aquelas pessoas que fogem do padrão engessado do que é ser “normal” dentro da sociedade. Embora não seja uma produção com momentos de gargalhar e com uma introdução que não promete coisa boa pela frente, é certo que o desenvolvimento da trama prova ter algum conteúdo aliado aos momentos cômicos. Como já dito a amizade verdadeira e a sensibilidade despertada pelos conceitos sobre discriminação fazem esta comédia valer a pena. De quebra os saudosistas podem se divertir com alguns hits famosos do passado.

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