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domingo, 25 de dezembro de 2011

FESTIVAL DE FÉRIAS - SURPRESAS DO AMOR

Hoje é dia de Natal. Para alguns, dia de alegria e para outros de tristeza, mas também pode ser de dor de cabeça. Quem ainda não fez a famosa visitinha de fim de ano aos parentes e amigos hoje pode ser a data limite. Para aqueles que não curtem esse clima natalino, mas mesmo assim é obrigado a comemorar a data, Surpresas do Amor (2008) é uma divertida história que vem a calhar. Comédia romântica disfarçada, o longa não foge do esquema previsível do gênero, mas coloca em cena um casal curioso. A diferença de estatura entre Reese Witherspoon e Vince Vaugh é gritante e explorada em algumas peças publicitárias produzidas para este filme com os dois de costas um para o outro, mas ela montada em saltos bem altos e ainda em cima de algumas malas. O que poderia ser um entrave para a escalação da dupla acabou servindo para chamar a atenção, porém, certamente o que contou mais foi o fato de ele ser um especialista em humor mais popular e ela ser perfeita para dar ares românticos a uma relação amorosa iniciada de forma atípica ou forjada.

 
Brad (Vaughn) e Kate (Reese) aparentemente se conheceram em uma noite em um bar e após um rápido estranhamento já estavam se atracando no banheiro. Assim começava o namoro feliz de duas pessoas que se completam e partilham os mesmos gostos. O tempo passa e nunca um conheceu a família do outro, pois sempre arranjavam desculpas, principalmente nas datas festivas. A cada Natal, o feliz casal escapa da obrigação de visitar seus parentes com histórias bem criativas, como fazer trabalho voluntário em países pobres, assim eles ficam livres para aproveitar as férias viajando. Porém, certa vez ocorre um imprevisto e o passeio é cancelado na última hora e eles são obrigados a comemorar essa data em quatro casas diferentes em um mesmo dia já que ambos tem pais separados. Assim, eles terão que confrontar memórias, tradições, vergonhas e parentes indesejados. Ao mesmo tempo em que repudiam a situação, o casal passa a se desentender, principalmente porque Kate começa a ter o desejo de constituir sua própria família, coisa que não cogitava até então.


A força do filme se concentra na maneira bem humorada encontrada para contar uma história simples e repleta de clichês. Lembrando o estilo do velho clássico natalino Férias Frustradas de Natal, o diretor Seth Gordon estreou no cinema construindo uma narrativa bem humorada quadruplicando as loucuras que uma única família é capaz de enfrentar nas festas de fim de ano. O quarteto paterno é de peso e da conta do recado. Robert Duvall, Sissy Spacek, Jon Voight e Mary Steenburgen, todos com um Oscar em casa, estão numa etapa da carreira em que não precisam mais atuar para se satisfazerem ou agradar ao público, basta um pequeno papel para eles marcarem presença e até ajudar na publicidade do filme. Ainda assim, eles fazem papéis que, guardada as devidas proporções, podem muito bem fazer parte de qualquer família, são tipos verossímeis apesar de toda a loucura como irmãos adeptos de brigas, parentes oferecidas e até uma mãe mantendo um caso com um amigo do filho. Vale destacar também a presença de Jon Favreau, presente em diversas comédias, porém, mais conhecido como o diretor de Homem de Ferro, interpretando um dos irmãos truculentos de Brad. Já Vaughn e Reese, segundo boatos, tiveram muitos desentendimentos durantes as filmagens, mas se isso é verdade os fatos colaboraram a manter os protagonistas no tom certo. O tempo todo eles estão se alfinetando até o ápice das discussões, a separação e ai já se sabe como tudo acaba apesar de uma piada excelente para fechar o longa. A mocinha da história se apresenta como uma mulher forte, mas essa figura é para esconder a repressão que sentiu a vida toda da família e amigos graças a uns quilinhos a mais e umas escolhas excêntricas. Talvez por isso, sempre condenou a instituição familiar. Sua repulsa é compartilhada pelo companheiro, o que garantia o sucesso da relação.

Apoiado em piadas visuais cedendo espaço a outras reflexivas, o longa merece até um estudo sobre marketing, publicidade ou negócios. O título original é "Quatro Natais", bem a calhar, mas no Brasil ganhou um nome muito comum explicitando se tratar de uma comédia romântica, mas limando qualquer menção ao Natal, inclusive visualmente. Presentes e um enorme laço de fita envolvendo os protagonistas foram retirados dos cartazes, tudo visando uma vida útil nos cinemas maior. Produções do tipo dificilmente geram bilheterias astronômicas porque inevitavelmente tem um período curto para ocupar as telas grandes. Estreou para os americanos no início de dezembro, chegou mais a frente para os brasileiros e acabou invadindo o mês de janeiro. O DVD demorou a ser lançado justamente para ficar mais próximo do período natalino do ano seguinte ao seu lançamento, mas ai o câncer cinematográfico agiu e a pirataria e a internet boicotaram de vez o sucesso da comédia. Sim, sucesso. O longa realmente teria muitas qualidades para agradar a grandes platéias. O único problema mais gritante do filme é o fato que é praticamente impossível um casal passar por tantas situações constrangedoras no período de cerca de 24 horas e ainda ir e voltar nas várias casas dos parentes em tempo recorde.


Obviamente, Surpresas do Amor é para se distrair do início ao fim e não se levar muito a sério. Quem lança um olhar mais crítico sobre ele deve até querer exigir um atestado de sanidade mental para aqueles que ousam dizer que gostaram e viram qualidades. O fato da história se desenrolar no período natalino reforça a repulsa que muitos sentem. Mas Natal é tradição. Comédia familiar também necessita de elementos repetitivos. Assim, confusões, gritos, as brigas e as gafes em família, algumas piadas escatológicas, o uso de fotos antigas para dar o tom nostálgico, as lições de moral ou de vida no final, enfim todos os clichês desse tipo de produção estão presentes para manter a tradição do filminho natalino, mas mesmo assim divertido em qualquer época do ano. A grande lição que fica é que nunca o parceiro será o ideal. Todos têm algo vergonhoso no passado, um parente problemático ou inconveniente e não adianta esconder essas coisas da pessoa que se escolhe para dividir uma vida. É inevitável a identificação com as histórias e personagens e esse é o grande acerto de Gordon na estréia como diretor. Ele não quis inovar e apostou em situações corriqueiras e verossímeis. O único, porém é que o título nacional não vende bem a idéia. Surpresas realmente o espectador não tem, um detalhe que no final das contas não faz diferença. Reúna a família, pegue as sobras da ceia e caia na gargalhada. E prepare-se, certamente lembranças de outras festas familiares virão a tona. Feliz Natal a todos!

Um comentário:

renatocinema disse...

De vez em quando um filme clichê, com atores comerciais, agrada e faz bem.

kkk.

Bom natal e ótimo 2012.

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