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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

FERNANDA TORRES AFINADA COM O CINEMA


Ela é filha de um casal que é uma referência quando o assunto são as artes dramáticas. Dedica-se pouco a televisão e ao teatro, mas se entrega ao cinema participando de diversas produções experimentais ou dedicadas a um público mais seleto, mas também já conseguiu se destacar em comédias bem do estilo que o povão gosta. Por essas palavras, podíamos muito bem estar falando de alguma atriz americana, mas esta descrição é sobre Fernanda Torres, uma das atrizes mais respeitadas do Brasil. 


Fernanda Pinheiro Monteiro Torres nasceu no Rio de Janeiro em 15 de setembro de 1965 e é filha da grande Fernanda Montenegro e do saudoso Fernando Torres, ou seja, seu talento já veio de berço assim como o do seu irmão, o cineasta Cláudio Torres. Fernandinha, como é conhecida, começou a atuar nos palcos de teatro em 1978 e no ano seguinte já estava na televisão participando do programa "Nossa Cidade" da TVE e estreando na Globo na antiga série "Aplauso" que apresentava uma história diferente a cada episódio e tinha elenco rotativo. Sua primeira novela foi "Baila Comigo" (1981), na qual fez uma participação de cerca de trinta capítulos. No mesmo ano participou do início ao fim de "Brilhante" e depois de "Eu Prometo" (1983).

As novelas nunca foram o forte de Fernanda. Sua última do início ao fim foi "Selva de Pedra" (1986), remake de um dos maiores sucessos da TV brasileira exibido em 1972. Essa segunda versão fez sucesso, até hoje é uma das maiores audiências do horário nobre da Globo, mas a atriz sofreu críticas negativas vivendo a protagonista. Depois disso, passou a preferir aparecer na telinha em participações especiais e em seriados, preferencialmente ligados ao humor, como vários episódios de "A Comédia da Vida Privada" exibido em meados da década de 1990. No campo do drama só fez a microssérie "Luna Caliente" (1999), projeto de fim de ano da emissora carioca com pegada cinematográfica. Pudera, a atração foi dirigida por Jorge Furtado. Novelas, curiosamente, ela só tem feito quando é chamada para viver a personagem de sua mãe mais jovem, como no caso de "As Filhas da Mãe" (2001) e "Belíssima" (2005).

Dois projetos de TV da atriz merecem destaque, mas primeiramente vamos voltar na linha do tempo e rever sua trajetória no cinema, onde ela demonstra se sentir mais a vontade. Sua estréia foi em Inocência (1983), baseado na obra de Visconde de Taunay. Aos 17 anos ela viveu uma moça acometida pela malária que se apaixona por um médico itinerante, mas seu pai já havia prometido entregá-la a um rico fazendeiro. Não demorou muito e seu talento já estava sendo reconhecido. Em 1985, faturou o prêmio de melhor atriz no Festival de Gramado com A Marvada Carne vivendo uma moça simples do interior disposta a tudo para conseguir casar. Dois anos depois foi premiada em Cannes e em Cuba por Eu Sei Que Vou Te Amar, dirigida pelo escritor e jornalista Arnaldo Jabor. No longa, um casal faz em cerca de duas horas uma espécie de jogo da verdade sobre tudo o que já aconteceu a eles no tempo em que estão juntos.

Em Com Licença Eu Vou a Luta (1986) ela viveu a filha adolescente de um casal de classe média baixa que se apaixona por um homem mais velho e acaba engravidando. Sem a aprovação dos pais e um aborto provocado contra a sua vontade, a moça tenta lutar por seus direitos, mas descobre que só poderá viver em paz e com seu amor se fugirem. A atuação lhe rendeu mais um prêmio na França, em Nantes, e uma indicação no Festival de Locarno. Depois disso, com a crise da cinematografia nacional, ela não emplacou outros sucessos entre 1987 e 1995, mesmo tendo participado de pelo menos seis filmes no período, mas todos com pouca divulgação ou há anos dependendo de dinheiro para suas finalizações, situação corriqueira para quem desejava fazer cinema na época.

A segunda metade da década de 1990 foi bem diferente. Viveu uma mulher envolvida com contrabando no elogiado Terra Estrangeira (1996) e depois encarnou uma militante no premiado O Que É Isso Companheiro? (1997), longa indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Depois também colheu críticas positivas ao interpretar uma mulher que vive isolada em seu apartamento e que em certa virada de ano tem seu caminho cruzado por um fugitivo da prisão em O Primeiro Dia (1998) e reciclando a velha fórmula das irmãs idênticas em Gêmeas (1999) no qual ao menos uma deseja ter a vida da outra e não mede esforços para assumir essa identidade e personalidade. Ainda participou de dois longas em família. Foi co-autora do roteiro de Redentor (2004), dirigido por seu irmão e onde seu pai teve sua derradeira participação como ator, e dividiu a cena com sua mãe no melancólico Casa de Areia (2005), dirigido por seu marido Andrucha Waddington.


Humor da TV no cinema

Como já dito, duas produções de televisão que Fernanda participou merecem destaque. Uma delas é a série de humor com Andréa Beltrão "Tapas e Beijos" que ficaria algumas semanas no ar em 2011 e acabou sendo exibida ininterruptamente por cerca de oito meses. O sucesso estrondoso como há muito tempo não se via garantiu uma segunda temporada para 2012. O outro programa é a série parcialmente extinta "Os Normais". Ela revolucionou o modo de fazer comédia entre os anos de 2001 e 2003 e terminou no ápice, mas acabou ganhando sobrevida nos cinema. A atriz se juntou novamente ao amigo Luiz Fernando Guimarães no mesmo ano da última temporada e em 2009 para levar as loucuras do casal Ruy e Vani para as telas grandes. Um terceiro episódio é previsto.

Nos últimos anos ficou muito evidente que o brasileiro gosta de ir ao cinema para se divertir e busca encontrar o mesmo tipo de humor que acompanha pela televisão. Assim surgiu Saneamento Básico - O Filme (2007), longa-metragem com cara de especial de TV espichado cuja idéia é bizarra: para conseguir dinheiro público para a realização de uma fossa para tratamento de esgoto, uma comissão resolve aproveitar que existe uma verba disponível para a realização de um vídeo e fazem um filme sobre um monstro que assombra a construção. É curioso ver que aqui está reunida a panelinha de atores que mantém a chama do cinema nacional acesa, com exceção de Selton Mello e Rodrigo Santoro.

Fernanda Torres, com seu currículo bem extenso no cinema, certamente é motivo de orgulho para todos nós tanto quanto sua mãe, mas é fato que entre o drama e o humor ela se dá muito melhor na segunda opção. Careteira, desbocada, despachada e sem medo de fazer papel de ridículo, a atriz leva o público as lágrimas de tanto dar risada com muita facilidade. Antes restrita as produções mais cabeça e dramáticas, felizmente ela trouxe sua veia cômica já bastante explorada na TV para o cinema também. Que venham muitos outros filmes e que ela continue levando adiante o nome do nosso país com seus trabalhos.

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