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sábado, 17 de dezembro de 2011

FESTIVAL DE FÉRIAS - KING KONG

Sabadão é dia de diversão e a maioria das pessoas tem bastante tempo para se dedicar a atividades de lazer. Por isso a dica de hoje é um filme que muitos, por incrível que pareça, não assistiram ainda justamente por causa da duração de três horas. Se a desculpa é tempo, hoje não tem desculpa para não assistir King Kong (2005), reinvenção do grande clássico dos anos 30 que já teve um remake surrado pela crítica cerca de quatro décadas depois. A recente reinvenção da história do gigantesco primata foi aguardada com muita expectativa, fez bastante dinheiro, colheu prêmios por sua parte técnica, mas não escapou de críticas negativas, principalmente dos especializados na área que procuraram as mínimas falhas para destilar seus venenos em jornais, revistas e sites. O que eles esperavam? Um drama existencialista e cheio de mensagens subliminares em uma obra cujo protagonista é um grande animal selvagem? Para aqueles que na época concordaram com os críticos, vale a pena ver mais uma vez, mas com olhar de espectador de fim de semana. Assim é possível entender o sentido desta aventura milionária ter sido feita e encontrar alguns aspectos interessantes que soam como homenagens.


O diretor Peter Jackson lançava um novo e grandioso produto após a avalanche de prêmios, dinheiro e de boas críticas que colheu com o mega sucesso da trilogia O Senhor dos Anéis. E fez isso a altura. Entregou uma produção ágil, divertida, cheia de efeitos especiais e jogou o espectador em um mundo repleto de situações fantásticas. O melhor de tudo é que esta história pode ser apreciada por uma parcela bem maior de público, já que não é preciso ter conhecimento prévio dos personagens e local onde a ação se passa e tudo está concentrado em um único longa, o grande pecado das chamadas obras-primas do cineasta. A história basicamente é a mesma do original. Também passado na década de 30, época em que os EUA viviam a Grande Depressão, período em que milhares de pessoas tentavam sobreviver como podiam em meio a uma violenta crise financeira, o longa começa mostrando Ann Darrow (Naomi Watts) uma atriz que procura emprego em um cabaré. Por um acaso do destino, eis que ela conhece Carl Denham (Jack Black), um cineasta com uma excelente proposta de trabalho. Quando ela embarca em um navio rumo a uma misteriosa ilha onde serão feitas as filmagens, ela conhece o conceituado roteirista Jack Driscoll (Adrien Brody) e ambos se apaixonam, mas viver esse amor durante a viagem será algo impossível. Mal sabem eles os perigos que a tal ilha esconde. Lá eles são atacados por um grupo de nativos que precisam sacrificar um humano para afastar uma criatura do mal. Não é preciso ser adivinho para saber que a tal ameaça é King Kong e os perigos que estão por vir. Será mesmo?


As sequências de ação e adrenalina que Jackson criou são incríveis e é o que mantém o interesse no filme, já que a espinha dorsal é a mesma da primeira aparição do gorilão. Com um gordo orçamento, o cineasta usou e abusou da criatividade para gerar imagens impressionantes e os efeitos especiais foram usados aos montes. Porém, é perceptível seus cuidados para que o filme não fosse um amontoado de bichos e criaturas estranhas ameaçando a vida de humanos. Houve traquejo para aliar inovações, respeitar o original e ainda trazer referências de outros títulos de sucesso que foram blockbusters no passado como as aventuras de Indiana Jones e os dinossauros de Steven Spielberg, sem dúvida uma grande fonte de inspiração do diretor neozelandês. Assim, a história foi mantida na década de 30 e foi apresentado um pouco do contexto histórico, várias passagens marcantes foram mantidas, além de serem inseridas citações que remetem ao clássico dos primórdios do cinema, como uma lembrança do nome da atriz protagonista e do diretor. Assim, o remake é uma bela homenagem para aqueles que abriram caminho para as produções de cunho escapista.

Comédia, drama, ação e suspense se misturam ao longo das três horas de duração de forma excepcional e sem perder o foco nas histórias dos humanos. Muitos reclamam do ritmo arrastado inicial e da demora para a grande estrela aparecer, mas tal introdução é fundamental para justificar o restante da história e é justamente neste ponto que a maioria dos projetos de ação e aventura desandam, pois há muita preocupação com as cenas eletrizantes e de menos com o roteiro. A primeira hora é todinha dedicada a apresentação dos personagens, assim criando uma empatia com o espectador que mais para frente vai sofrer com as mortes de alguns e a vibrar com a mocinha conseguindo se entender com o macacão, figura criada digitalmente em cima dos movimentos corporais e faciais do ator Andy Serkis, um especialistas nesse tipo de trabalho. Uma das cenas mais famosas desta obra, seja ela em qualquer uma das três versões, é a parte em que Kong está no alto de um edifício segurando a bela Ann em sua enorme mão enquanto é alvejado por tiros disparados de aviões, uma parte emocionante e eletrizante. Vale ressaltar neste remake a longa sequência em que a protagonista é perseguida por tiranossauros e é salva por seu novo amigo. Impossível não sentir a adrenalina criada pelos eficientes movimentos de câmera potencializados pelos efeitos sonoros de primeira. Acreditem o embate entre dinossauros e o super primata não é invenção, já existia no passado. Sem eles talvez o resultado final não fosse tão excepcional. Em um filme de fantasia tudo é possível e Jackson deixou a imaginação rolar solta.


Infelizmente, é uma tendência de críticos avaliarem as obras levando em consideração o currículo de seus realizadores, se esquecendo que cada trabalho é diferente do outro e que eles são lançados em épocas distintas. Não adianta comparar o Jackson de 2005 com o de uma década antes que indicava um promissor diretor de dramas fortes e contundentes, um delírio para os críticos. Hoje, olhando algumas resenhas da época, fica parecendo que o cineasta sofreu do mal do tipo "Maria vai com as outras", ou seja, um ou outro repudiou e os demais se acanharam e omitiram suas reais opiniões. Com uma produção espetacular tão digna quanto as três obras anteriores do diretor, realmente são inexplicáveis certas acusações e a falta de elogios ao menos para alguns aspectos do longa. Em resumo, aliando texto e imagens de primeira, King Kong proporciona pura diversão do início ao fim e ainda nos oferece um clima nostálgico irresistível. Se você está querendo entretenimento de verdade esta é sem dúvida uma excelente pedida. Se preferir filosofar ou se afogar em histórias com o mínimo de veracidade, parta para outra, mas não corte a diversão dos outros.

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