Assista nesta postagem um vídeo especial com os vencedores do Oscar 2004
A edição 2004 do Oscar foi sem dúvidas uma das cerimônias mais chatas, mas também uma das mais corretas, desde o ano em que Titanic atropelou seus concorrentes. Os motivos são óbvios. O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei fez justiça aos dois longas da série que o antecederam e faturou todas as onze categorias em que concorria. Melhor Filme pode até ser um prêmio discutível, mas todas as categorias técnicas que venceu foram merecidas, assim como Peter Jackson ser considerado o Melhor Diretor.
A certa altura da festa, tinha gente subindo no palco para agradecer não só os prêmios que sobraram, mas também por a saga dos Hobbits não ter sido indicadas naquelas categorias, entre elas as dos intérpretes. Quem ganhou já sabia que ia faturar, não surpreendeu ninguém. Aliás, como os discursos seriam destinados a mesma equipe de um mesmo filme em quase todas as ocasiões que alguém ia agradecer um prêmio, os próprios vencedores trataram de ser rápidos com os beijinhos e isso fez com que a cerimônia fosse um pouco mais curta que o habitual e sobrou até tempo para reunir os campeões da noite no palco para uma fotinho de recordação.
As surpresas ficaram mesmo nas indicações ou na ausência delas. O Brasil foi surpreendido com a correção de uma injustiça, uma mulher conseguiu uma vaga entre as cinco disponíveis para Melhor Diretor e um pirata cheio de trejeitos foi indicado. Por outro lado, um épico moldado para faturar estatuetas não fez bonito na festa e uma estrela em ascensão em Hollywood tinha duas chances de emplacar na categoria de atriz principal, mas a Academia fez de conta que ela não existe.
Em 2004 muitos filmes saíram da festa sem as lembrancinhas que mereciam, mas certamente não saíram decepcionados. Já era esperado que o fechamento da trilogia O Senhor dos Anéis arrebataria todos os prêmios como forma de premiar toda a saga, uma das mais rentáveis da história do cinema. O Oscar também precisava agraciar um fenômeno desses para aumentar sua audiência na TV, principalmente entre o público jovem. Cold Mountain saiu da festa com menos prêmios que merecia e Seabiscuit – Alma de Herói acabou se tornando o mico da festa.
Não deixe de assistir o vídeo especial com os vencedores do Oscar 2004. Basta clicar na imagem abaixo.
O Oscar acertou premiando...
O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei – Dar as onze estatuetas a que esta obra concorria, incluindo Melhor Filme, mostra que o Oscar deste ano estava mais comercial do que nunca e visava atrair a atenção do público mais jovem visando sua audiência futura e consequentemente a continuidade da existência da festa. Realmente todos os prêmios foram merecidos, embora para muitos ainda seja estranho pensar que uma produção que depende de outras duas para sua total compreensão tenha ganhado o prêmio máximo da noite.
Sean Penn e Tim Robbins – Ambos foram premiados por Sobre Meninos e Lobos, respectivamente como ator principal e coadjuvante. A Academia premiando-os mostrou mais um sinal de sabedoria e maturidade tal qual uma no antes quando elegeu Roman Polanski como Melhor Diretor. Os dois atores são conhecidos por discursos inflamados sobre tudo que envolve política. Em uma época que americanos atacavam países árabes como ofensiva ao maior ataque que os ianques já sofreram, premiar a dupla foi um ato de coragem. Felizmente, eles não discursaram nem a favor e nem contra a política ou guerra da época e simplesmente agradeceram seus troféus bem comportadinhos.
Charlize Theron – A dama solitária da festa saiu muito bem acompanhada. Ela chegou sozinha na premiação com a indicação como Melhor Atriz pelo seu desempenho em Monster – Desejo Assassino e faturou a estatueta. Ela se despiu de vaidade e se entregou a um personagem horroroso, uma mulher mal cuidada e com feições masculinizadas que encontrou nos assassinatos um meio de sobreviver. O anúncio de seu nome não foi surpresa, mas é um dos raros casos que uma vencedora do Oscar também foi premiada pelo mesmo filme em festivais fora de Hollywood, no caso o Festival de Berlim meses antes da festa da Academia.
Renée Zellweger – Sendo sua indicação como Melhor Atriz Coadjuvante por Cold Mountain seu terceiro ingresso consecutivo para as cadeiras de luxo da festa, parece que a entrega do Oscar da categoria foi um prêmio de consolação, mas não. Realmente ela dá vida ao épico de guerra injetando bom humor com sotaque caipira à uma trama relativamente lenta.
Procurando Nemo – Finalmente a Disney colocou as mãos no Oscar de Melhor Animação, ainda que o desenho tenha a sua distribuição, mas a produção é da Pixar, sua futura parceira em ambas as frentes. Foi merecido, afinal só haviam dois concorrentes. Irmão Urso é bonitinho, mas muito simplório. Quanto As Bicicletas de Belleville, bem, não deixaria de ser interessante ver uma animação francesa e com técnicas ultrapassadas de animação vencer um blockbuster americano e calcado na publicidade da tecnologia de ponta utilizada.
Merecia ter ganhado...
Sofia Coppola – Seu trabalho em Encontros e Desencontros é bem cuidado e sensível, mas obviamente não chega aos pés do que Peter Jackson fez com seus seres fantásticos da Terra Média. Sua vitória seria apenas para pregar um susto numa noite estagnada e repetitiva e de quebra o Oscar fazer história premiando pela primeira vez uma mulher pela direção de um longa. Não foi desta vez.
Fernando Meirelles e seu Cidade de Deus – Depois de perdermos até a indicação para ocupar uma das cinco vagas de filme estrangeiro em 2003, algo que a própria crítica internacional achou um ultraje, um ano depois o Brasil foi surpreendido com quatro indicações, sendo três a prêmios técnicos e Meirelles como Melhor Diretor. Em todas teríamos chances, isso se não fossem os hobitts mais uma vez. Mesmo assim, para o cinema nacional só a lembrança dos votantes já valeu a pena. Isso só aconteceu porque ao longo do ano de 2003 o longa nacional saiu do circuito de festivais para estrear nas salas comerciais americanas.
Johnny Depp – O Oscar sempre gosta de premiar seus astros de sucesso quando eles conseguem sua primeira indicação. Depp é um dos mais elogiados atores de sua geração, mas demorou muito para conquistar sua primeira vaga no time de indicados. Ela veio com Piratas do Caribe – A Maldição do Pérola Negra, mas nem toda a entrega do ator a seu personagem fez a Academia amolecer o coração.
Moça com Brinco de Pérola – Candidato nas categorias de figurino, fotografia e direção de arte, o longa sobre a descoberta de quem seria a tal moça do quadro de mesmo título do filme tinha todos os atributos necessários para vencer as três, mas já sabem o que aconteceu.
Estava perdido na festa...
Seabiscuit – Alma de Herói – Toda festa do Oscar acaba com u coitado que chega na festa com tudo e sai de lá de mãos abanando. Este drama sobre cavalos de corrida concorria a sete estatuetas e não ganhou nenhuma. Suas chances reais seriam mesmo para os prêmios técnicos. Para filme e roteiro, a temática da obra já é um tanto ultrapassada.
Keisha Castle–Hughes – Menores de idade entre os indicados raramente não estão lá perdidos. A atriz neozelandesa concorreu na categoria de atriz principal aos 13 anos de idade e representou Encantadora de Baleias sozinha. Serviu para colocar o longa no mapa do cinema mundial e também para roubar a vaga que provavelmente seria de Nicole Kidman por seu papel em Cold Mountain.
Diane Keaton – Com um papel adequado para uma alegre senhora em uma comédia de sucesso e bem escrita, sua indicação por Alguém Tem Que Ceder já era certa, mas representar o longa sozinha não. Não é sempre que comédias românticas conseguem ficar acima do patamar regular e quando isso acontece merecem incentivos.
Patricia Clarkson e Alec Baldwin – Será que coadjuvantes bons estavam em falta na safra dos principais indicados de 2004? Representando respectivamente Do Jeito Que Ela É e The Cooler, os atores obviamente não tinham chances, até porque não eram nome fortes até então. Pelo menos para a atriz foi bom porque a indicação deu uma razoável projeção a sua carreira.
O Oscar esnobou...
Cold Mountain – Deve ser duro se dedicar a um projeto com toda a pompa de vencedor do Oscar e no fim sofre uma grande decepção. Deve ter sentido isso o diretor Anthony Minghella e seus colaboradores. Embora o longa tenha sido indicado a sete prêmios, sua ausência nas categorias de filme, direção e atriz para Nicole Kidman foi um verdadeiro balde de “cold water”.
O Último Samurai – O épico oriental produzido por Hollywood é outro que merecia chances nas categorias principais, mas acabou ficando com algumas poucos indicações da parte técnica, ainda que tenha tido a surpresa de Ken Watanabe ser lembrado para ocupar uma das vagas de Melhor Ator Coadjuvante.
Scarlett Johansson – Ela surgiu para a crítica e o grande público em dois papéis elogiados, em dois longas-metragens tão bem-avaliados quanto suas interpretações e isso em um mesmo ano, assim aumentavam suas chances de ser figurinha fácil no Oscar. Porém, a Academia esnobou suas atuações em Encontros e Desencontros e Moça Com Brinco de Pérola. Uma pena.
Tim Burtin e seu Peixe Grande – Há anos o diretor vem presenteando o mundo com obras fantásticas e com visual excêntrico, mas o Oscar nunca o agraciou e seus trabalhos são raramente lembrados para a festa, mesmo para ocupar categorias secundárias. Quando ele acerta a mão com o belo drama Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas a Academia lhe confere a mísera indicação de Melhor Trilha Sonora.
Simplesmente Amor – Havia uma torcida para que esta simpática comédia romântica com pedigree inglês conquistasse algumas indicações, principalmente apostando em seu, literalmente, grande elenco que poderia ocupar algumas vagas de coadjuvantes ou ainda o roteiro ser lembrado. O Oscar esnobou totalmente.
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