Hoje muitas pessoas estão entrando de
férias, pelo menos boa parte dos estudantes, mas de qualquer forma o clima de
descontração já está no ar para todos curtirem. Para começar bem esse período
de festas e descanso a dica é o grande blockbuster do ano, o aguardado Os
Vingadores (2012), que marca o encontro de famosos e poderosos heróis
dos quadrinhos, mas todos já conhecidos do grande público, afinal cada um já
teve a oportunidade de protagonizar seu próprio filme-solo ou apareceram em
participações em outras aventuras. É certo que os heróis são diferentes uns dos
outros e têm seus universos particulares, mas quando uma mente criativa e
obstinada está por trás de um projeto tudo é possível. O responsável por esta
divertida aventura é o diretor Joss Whedon em seu segundo trabalho atrás das
câmeras e que também roteirizou o memorável encontro. Não é a toa que a cada
nova cena fica clara a paixão do cineasta pelo universo dos quadrinhos Marvel,
certamente um sentimento nutrido desde a infância.
Resgatando a essência dos quadrinhos
homônimos datados da década de 1960, o enredo nos apresenta ao exilado príncipe
Loki (Tom Hiddleston) que se apossa do Tesseract, um cubo com poderes capazes
de abrir portais entre mundos distantes, assim colocando o planeta Terra em
terríveis perigos. A S.H.I.E.L.D, a agência de segurança mundial comandada por
Nick Fury (Samuel L. Jackson), resolve colocar em prática a Iniciativa
Vingadores, contando com indivíduos que possuem habilidades especiais para
combater o mal. Eles são o Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), o Capitão
América (Chris Evans), Thor (Chris Hemsworth), Hulk (Mark Ruffalo), a espiã Viúva
Negra (Scarlett Johansson) e o agente Gavião Arqueiro (Jeremy Renner). Todos
eles se reúnem para evitar os planos malignos de Loki e seus comparsas
alienígenas. Aliás, o vilão é ninguém menos que o irmão adotivo de Thor e está
disposto a espalhar a destruição por onde passa. Pela sinopse não é preciso
dizer que a parte técnica da produção é de primeira com efeitos especiais e
sonoros arrasadores.
Bem, até que as sequências de
adrenalina comecem é certo que a narrativa demora um pouco a engrenar. Apesar
de não precisar esmiuçar as origens dos personagens, já que foram apresentados
ao público em outros filmes, aqui Whedon acabou focando na personalidade deles
e conseguiu uma segunda linha de trabalho. Além da trama de aventura, também
temos aqui um divertido e inevitável duelo de egos. Qual destes heróis é o mais
poderoso? Fica difícil medir a força ou a importância individual quando a
energia e a inteligência de um grupo são requisitadas para salvar o mundo. O
fato é que tanto os mocinhos quanto o antagonista são muito interessantes e
travam conflitos físicos e verbais de alto nível. Claro que o ponto alto do
longa é a cena em que os heróis formam um círculo e seguem para a batalha. É a
realização do sonho de muitos cinéfilos e maníacos por HQ.
Quanto ao elenco, é muito bom ver que
todos os atores atingiram o mesmo nível de interpretação, todos têm sua
importância e equivalente espaço de tempo em cena. Deixaram os estrelismos de
lado, ao menos fora das telas. No longa, a guerra de egos, principalmente entre
Homem de Ferro e Capitão América, provoca bons momentos cômicos. É claro que
para a maioria das estrelas reunidas vestirem o uniforme de seus heróis é um
tanto confortável nesta espécie de sequência turbinada de seus longas-solos,
mas um ator passou por uma prova de fogo. O personagem Hulk teve na última
década dois filmes que não foram grandes sucessos e Eric Bana e Edward Norton o
interpretaram respectivamente na primeira e na segunda produção. Todavia, é
Mark Ruffalo quem melhor se adéqua ao perfil do monstrengo verde, dando mais
profundidade à personalidade do médico que guarda dentro de si uma raiva
descomunal, além de demonstrar que este herói de aspecto diferente no fundo tem
senso de humor. Para gerar a criatura, foram capturados os movimentos faciais e
corporais de seu intérprete e depois aplicada a técnica de desenho em cima de
cenas reais, mesmo recurso da animação para adultos A Lenda de Beowulf. No final das contas, temos um grupo um tanto
diferente em diversos aspectos, porém, unidos por um propósito maior: fazer o
bem.
Após quase duas horas e meia de muitas
batalhas, aventura, humor sarcástico e situações absurdas, porém
divertidíssimas, é muito gratificante ver que um projeto que poderia se revelar
apenas um caça-níquel qualquer foi realizado com muito esmero e qualidade,
respeitando assim tanto os maníacos por super-heróis quanto os espectadores
alheios a esse mundo onde tudo é possível. Whedon, que já criou muitas séries
para a TV visando o público adolescente, aqui mostra maturidade na adaptação de
um material um tanto difícil para agradar crianças, jovens, adultos e porque
não até o pessoal da terceira idade. Sem querer ser levado a sério demais, mas
nitidamente disposto a lucrar quantas cifras forem possíveis mundo afora (nos
cinemas bombou e a fortuna do longa só deve aumentar com as diversas
plataformas de consumo doméstico), Os Vingadores é fiel ao espírito de
uma boa história em quadrinhos, diverte e prende atenção com situações de pura
adrenalina e é uma ótima forma de dar um pontapé inicial nas férias. Depois de
assistir, deverá ser difícil não cair na tentação de fazer uma maratona com os
outros filmes de heróis da Marvel para adentrar ainda mais neste fantástico
universo, lembrando que cada filme-solo deixava alguma referência que agora faz
todo sentido.
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