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terça-feira, 6 de setembro de 2011

CORRIDA AO SUCESSO


Um elenco praticamente desconhecido. Um diretor sem fama. Um tema que poderia interessar apenas aos amantes de esportes. Os predicados de Carruagens de Fogo (1981) não eram dos mais atraentes, mas o filme que parecia pequeno cresceu inesperadamente e se tornou o azarão da temporada de premiações da época. Quando o diretor inglês Hugh Hudson lançou esta mistura de épico e drama talvez não esperasse o que iria acontecer. Quase que instantaneamente o longa caiu nas graças do público e da crítica. A história se passa durante o período que antecede os Jogos Olímpicos de 1924 a serem realizados em Paris. O filme acompanha a trajetória de dois jovens que pretendem entrar na disputa, cada um seguindo um caminho distinto, mas com desejos idênticos a serem conquistados através de coragem e determinação: escreverem seus nomes na história. Eric Liddell (Ian Charleson) é um missionário que ficou conhecido como "escocês voador" e que corre em devoção a Deus e tem um talento especial para o esporte, algo que considera uma dádiva divina. Já Harold Abrahams (Ben Cross) é filho de um judeu que enriqueceu recentemente e deseja provar sua capacidade e valor para a preconceituosa sociedade de Cambridge e para conseguir vencer a disputa contrata um treinador pessoal. Ambos seguem as eliminatórias sem problemas, até que em uma das classificatórias de Liddell é marcada para um domingo. Ele se recusa a competir por ser este um dia santo para sua religião. Percebendo a situação, um nobre oferece ao rapaz sua vaga na disputa dos 400 metros. Na mesma prova está inscrito Abrahams que por se sentir inferiorizado por sua origem semita não medirá esforços para sair vitorioso. O final é extremamente previsível, mas nada que desmereça a obra, até por se tratar de uma história real com valiosos ensinamentos.

Mais do que falar sobre uma modalidade esportiva, este filme trata sobre honestidade, responsabilidades, coragem, liderança e lealdade e religião e crenças. A trama prende a atenção do espectador independente de ele ser aficionado ou não por jogos ou disputas, pois os conflitos e dúvidas dos protagonistas tratam de manter o interesse na fita. Não é apenas a história de dois atletas que lutaram e venceram, mas sim de dois homens íntegros que não usaram truques e trapaças para alcançar seus objetivos. Visto dessa maneira, mesmo se tratando de uma história datada assim como o filme em si, principalmente por causa da temática religiosa que o roteiro engloba, Carruagens de Fogo continua sendo uma bela obra do cinema que merece ser perpetuada por tocar em assuntos que hoje em dia estão em declínio como companheirismo e respeito ao próximo, mas que nunca deveriam sair de moda. É de se estranhar que alguns críticos atualmente considerem um erro o Oscar ter sido dado a esta produção modesta. Talvez não fosse o mais badalado daquele ano, até porque não é um filme da indústria hollywoodiana, mas sua bela mensagem continua viva, ainda mais quando ouvimos a famosa trilha sonora composta pelo compositor grego Evangelos Odyssey Papathanassiou, mais conhecido como Vangelis. Ele compôs uma música para cada atleta, como se fossem marchas triunfais que acompanham a vitória de cada um, aumentando ainda mais a emoção da cena. Uma em especial marcou. Um tema clássico que passou a ser executado nos Jogos Olímpicos e que até hoje é usado em diversas situações para exaltar momentos de conquistas. A canção é inserida ao mesmo tempo em que os protagonistas estão em meio a mais importante das corridas de suas vidas. O esforço dos atletas, como pode ser visto nesta emblemática cena da foto, aliado a música que é um símbolo de superação dão uma injeção de ânimo até aos mais sedentários dos cinéfilos. Você pode nunca ter visto este filme, mas certamente a canção ouviu diversas vezes, até mesmo em outros títulos de cinema, principalmente em comédias. Uma pena que nem a cobiçada estátua dourada da Academia de Cinema ou o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro no Globo de Ouro foram suficientes para que a produção ganhasse status de clássico ou cult, sendo hoje um título esquecido por muitas pessoas e até mesmo desconhecido por novas gerações.

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