Em 2001 um marco cinematográfico chegava às telas de todo o
mundo fazendo renascer um gênero já considerado sepultado há anos. Baz Luhrmann
reinventou os musicais e entregou ao público uma obra ímpar aproveitando ao
máximo os recursos sonoros e visuais disponíveis e com um toque irresistivelmente
exagerado. Lançado primeiramente no Festival de Cannes, depois timidamente
no circuito comercial americano, talvez nem os produtores imaginassem as
proporções de sucesso que atingiria Moulin Rouge - Amor em Vermelho, uma empolgante mistura
de cores, brilhos e luzes sem nunca apagar o talento dos atores Nicole Kidman e
Ewan McGregor que soltaram a voz e dançaram ao som de músicas de estilo pop que
ganharam novos arranjos instrumentais, além de outras criadas especialmente
para o longa. Inspirado no mito de Orfeu, o músico grego que triunfou com sua
canção sobre o mal, mas perdeu sua fé e seu amor para sempre, o filme nos
apresenta à Christian (McGregor), um escritor que nunca sentiu o amor
verdadeiramente, o que lhe causa um bloqueio criativo. Incentivado por uma
trupe de artistas boêmios de Paris, como o artista plástico Toulouse Lautrec
(John Leguizano), ele é levado a participar da vida social e cultural que gira
em torno do Moulin Rouge, um famoso cabaré cuja grande estrela é a cortesã
Satine (Nicole), por quem o rapaz se apaixona a primeira vista. Por uma
confusão, o poeta acaba conseguindo um encontro com a bela dama da noite por
quem se apaixona imediatamente e ela também demonstra ter se apaixonado.
Porém, ela já está prometida a um milionário que em troca do casamento irá
transformá-la em uma grande atriz e o cabaré em um grande e respeitado teatro.
A história assumidamente não é original e se sustenta em
cima de um triângulo amoroso, mas a forma de narrar é que faz toda a diferença.
Luhrmann não se preocupa em ousar e costura sua exaltação ao amor com momento
cômicos que se alternam com outros extremamente dramáticos, até culminar em um
dos finais mais arrebatadores que o cinema já viu. Poesia e arte puras da
primeira a última cena. Entre os vários prêmios e indicações que obteve em
diversas premiações e festivais mundo afora, esta luxuosa e colorida produção
foi o primeiro musical em 23 anos a ser nomeado para o Oscar de Melhor Filme,
mas ficou apenas com os troféus de figurino e direção de arte, merecidíssimos
visto que cada peça de roupa, objeto ou cenário foi feito manualmente. Uma pena
que a Academia de Cinema perdeu a oportunidade de celebrar o renascimento dos
musicais, o grande gênero do passado na festa, apesar de que corrigiram no ano
seguinte a gafe premiando outra obra desse estilo, Chicago. A cena acima
destacada é apenas uma ilustração do que Moulin Rouge - Amor em Vermelho é, pois
cada fotograma representa uma verdadeira obra de arte, um quadro a ser contemplado
em seus mínimos detalhes e é quase impossível selecionar uma única cena que o
represente completamente. Nesta em específico, a sequência musical é um
verdadeiro sonho acompanhado de uma bela canção que embalou muitos romances
fora das telas a até foi tocada em cerimônias de casamento. É muito bom ver que
os anos passam, mas o brilhantismo deste show cinematográfico continua sendo
perpetuado e conquistando novos fãs a cada dia. E viva o amor!... Em vermelho
de preferência.
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