DVDs - Submarino.com.br

quinta-feira, 30 de junho de 2011

A NOBRE E EXCÊNTRICA HELENA BONHAM CARTER


Ela tem uma filmografia extensa e bem diversificada, porém a maioria a conhece como a Sra. Burton. Helena Bonham Carter realmente só teve seu talento mais reconhecido pelo grande público após se casar com o cineasta Tim Burton, mas ela está longe de ser uma aproveitadora. Dona de um inegável talento, essa mulher tem um faro para escolher bons e marcantes projetos e suas interpretações geralmente não passam em branco por menor que sejam. De mulher recatada ou fora dos padrões em dramas de épicos até as loucas criações que encara nos trabalhos do marido, passando vez ou outra pela época contemporânea livre de maquiagem forçada ou espartihos, essa intérprete honra a profissão que escolheu e não tem medo de se despir da vaidade para entregar trabalhos perfeitos.

Nascida em 26 de maio de 1966 em Golders Green, na Inglaterra, Helena é filha de uma psicoterapeuta e seu pai era banqueiro, mas ela vem de uma linhagem cujos integrantes tinham certa influência política, outros eram pensadores e alguns até tinham ligação com o cinema, como o bisavô Anthony Asquith, um lendário diretor inglês. Ela teve uma educação tradicional e pôde estudar em colégios conceituados, porém não foi admitida no King's College, Universidade de Cambridge, simplesmente porque a direção da escola temia que ela deixasse o ensino superior para seguir sua carreira como atriz. Justamente por causa da rejeição, a jovem decidiu se dedicar totalmente às artes dramáticas.

Desde a infância, a vida da atriz não foi muito fácil devido a problemas de saúde de seus pais, mas até das dificuldades ela soube tirar proveito. Sua mãe teve um sério colapso nervoso do qual demorou anos para se recuperar, o que a levou a estudar psicoterapia, assim Helena sempre pede para que ela leia seus roteiros para opinar sobre as motivações psicológicas dos personagens. Dependendo da avaliação ela aceita ou declina o convite de trabalho. Já seu pai foi submetido a uma cirurgia para remover um tumor benigno, mas ele sofreu um acidente vascular cerebral que o deixou parcialmente paralisado e o confinou à cadeira de rodas. Com a experiência obtida com a convivência com um deficiente em casa, ela fez um laboratório espontâneo para interpretar a protagonista de Livre Para Voar (1998), uma jovem com deficiências motoras que deseja sentir o sabor da liberdade e vê a chance de conseguir quando ela passa a ser cuidada por um homem que é obrigado a prestar serviços comunitários.

Sua estréia como atriz profissional foi aos 16 anos em um comercial, mas seu primeiro filme foi realizado em 1983, A Pattern of Roses, uma produção para a televisão. A estréia no cinema foi logo como protagonista em Uma História Verdadeira, lançado em 1986, e a atriz já se viu no meio de um confronto de críticas. No mesmo ano, ao interpretar Lucy Honeychurch no oscarizado Uma Janela Para o Amor, ela teve seu primeiro papel de peso vivendo uma jovem que não se encaixa no perfil ideal de uma elegante moça representante da nobreza. Estes primeiros trabalhos levaram-na a se tornar uma escolha certeira para papéis de época, produções que entre o final dos anos 80 e início dos anos 90 ganharam certo impulso devido a atuação de uma produtora em especial chefiada pelo cineasta James Ivory cujos filmes eram bem recebidos pela crítica e público e rendiam premiações. Nessa fase participou de Maurice (1987) e Hamlet (1990), por exemplo.

Em 1992, Helena participou de O Retorno a Howards End, um título muito bem conceituado de época mais uma vez sob a batuta de Ivory. Com Asas do Amor (1997), sentiu pela primeira vez o gostinho de ser indicada aos principais prêmios, incluindo o Oscar, pelo papel de Kate Croy, uma jovem ambiciosa que tenta lucrar abrindo mão de seu amor mesmo que temporariamente. Em 1999, quando atuou no polêmico Clube da Luta, no papel de uma mulher excêntrica e insinuante que desencadeia a situação motora do longa, ela viu sua popularidade deslanchar e desde então não parou mais de receber convites para atuar no cinema, sempre alternando produções mais comerciais, como O Exterminador do Futuro - A Salvação (2009), com outras alternativas, como Droga da Sedução (2001), mas ainda, sempre que possível, retornando as interpretações mais sensíveis, como em Mistérios do Passado (2002).



Casamento em dose dupla

Casados desde 2001, Helena e o cineasta Tim Burton não só se uniram na vida pessoal como também na profissional. Sempre que surge uma oportunidade, a atriz ganha um papel nos filmes do marido, mesmo que ele seja pequeno, como o que teve em A Fantástica Fábrica de Chocolates (2005), quando interpretou a mãe do pequeno Charlie, o garotinho que sonha em conhecer a tal indústria de doces. Ela aparece muito pouco, mas o suficiente para deixar seu carisma e talento registrado.

A parceria no cinema começou no mesmo ano em que eles se casaram quando ela ganhou um dos principais papéis do remake de Planeta dos Macacos. Ela vive uma primata que, ao contrário de seus outros semelhantes, tem um apreço pelos seres humanos, especialmente em um dessa espécie, e resolve ajudá-los a fugir da terra governada pelos símios. Os personagens estranhos continuaram a segui-la, como a temida velha senhora cujo olho mostra a maneira que cada um morrerá em Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas (2003) e a estranha cozinheira que aceita participar de um plano macabro de seu vizinho em Sweeney Todd - O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet (2007). Em 2009, Helena viveu a Rainha Vermelha (outrora Rainha de Copas) na reinvenção do clássico conto Alice no País das Maravilhas. Interessante que ela emprestou suas feições à vilã, mas a personagem ganhou elementos de desenho animado, compondo um visual bem original.

Pelas mãos do marido, Helena também testou seu lado dubladora de desenhos. Em A Noiva Cadáver (2005) ela emprestou sua voz a personagem-título e mais uma vez trabalhou junto com o ator Johnny Depp, outro colaborador constante de Burton. Ele dublou o infeliz que faz os votos de casamento e desperta sem querer a tal mulher do mundo dos mortos. No mesmo ano ela dublou outra animação fazendo as vezes de Lady Tottington em Wallace e Gromit - A Batalha dos Vegetais. 

Helena, como legítima inglesa, também não podia ficar de fora da franquia baseada nos livros do bruxinho mais famoso de todos os tempos. Ela participou de Harry Potter e a Ordem da Fênix (2007) e Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1 (2010). Em 2011, além de aparecer no papel de Comensal da Morte no último filme da série, a atriz também participou das principais premiações por causa de sua personagem da realeza e verídica no super premiado O Discurso do Rei.

Excêntrica, romântica, contemporânea, épica ou mergulhando de vez na fantasia, não importa. Helena Bonham Carter é um nome imponente, literalmente, e sempre brinda o público com interpretações fortes e inspiradas. Mesmo quando está embaixo de muita maquiagem e figurino pesado, seu talento pode ser facilmente reconhecido. Seu próximo trabalho? Se houver algum projeto de Burton despontando por aí, certamente temos muita chance de vê-la atuando mais uma vez. Felizmente ela não tem uma relação siamesa com o marido e vira e mexe aceita as ofertas de trabalhos de outros cineastas. Que bom para nós os espectadores e fãs.

Nenhum comentário:

Você também pode gostar de:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...