Assista nesta postagem um vídeo especial com os vencedores do Oscar 2012
A 84º edição do prêmio foi marcada pela modernidade dividindo espaço com
a nostalgia. Grande parte dos indicados faziam referências a própria História
do cinema, a começar pelo grande vencedor da noite, O Artista, uma original aposta da França em resgatar o valor da
sétima arte. O longa venceu concorrentes de peso como A Invenção de Hugo Cabret, de Martin Scorsese, que também
reverencia os primórdios do cinema aliando o enredo às inovações dos efeitos
3D, e Cavalo de Guerra, de Steven
Spileberg, um épico que reúne as principais características dos filmes que
marcaram a era de ouro de Hollywood. O contraste entre o passado e o futuro
também causou efeitos nos bastidores da festa. Como boa parte dos cineastas
está optando pelas câmeras digitais e o público já abandonou os rolinhos
fotográficos há anos, a empresa que patrocinava o espaço onde acontecia o
evento, a Kodak, pediu concordata e encerrou um ciclo tanto em sua trajetória
quanto para o cinema.
Entre as estrelas da festa também foi estabelecido o duelo entre o
passado e o futuro. A revelação Octavia Spencer confirmou seu favoritismo e
após ganhar tudo quanto é prêmio de coadjuvante só faltava mesmo o Oscar em sua
coleção. Em contrapartida, o veterano Christopher Plummer por incrível que
pareça não é detentor de uma grande coleção de prêmios, mas sua chance de ter a
famigerada estatueta dourada veio com o modesto Toda Forma de Amor. O Melhor Ator do ano foi o francês Jean
Dujardin que se tornou popular por O
Artista, mas já era detentor de respeitável currículo em seu país natal. Por fim, a grande Meryl Streep foi
surpreendida ao ser chamada ao palco para receber o troféu de Melhor Atriz
por A Dama de Ferro. Após 14 derrotas provavelmente ela esperava
receber da Academia em um futuro próximo um Oscar honorário, o que certamente ainda
deverá ocorrer.
E o Brasil novamente saiu de mãos abanando da festa. Havia muita
esperança de que o Oscar de Melhor Canção viria pela animação Rio,
mas novamente a nostalgia falou mais alto. Os simpáticos e velhinhos bichinhos
de Os Muppets levaram a melhor na categoria com a música “Man
or Muppet”, mas alguém a ouviu tocar nas rádios ou seu videoclipe bombou na
internet? Há muito tempo nenhuma canção vencedora do prêmio se torna um sucesso,
sendo composições que funciona bem dentro do filme e olhe lá.
Não deixe de assistir o vídeo especial com os vencedores do Oscar 2012. Basta clicar na imagem abaixo.
O Oscar acertou premiando...
O Artista – Filme
preto e branco e sem diálogos em pleno século 21 e ainda por cima super
premiado? Não os críticos e votantes da Academia de Cinema não
enlouqueceram e quem tomou coragem e encarou essa viagem ao passado não se
arrependeu. A produção francesa que relembrou a Hollywood da transição da
década de 1920 para 1930, período do advento do som no cinema, venceu além do
prêmio máximo da noite também as categorias de ator (Jean Dujardin) e diretor
(Michel Hazanavicius). Há muitos anos o grande vencedor do Oscar não reunia
tantas características para torná-lo marcante, fora o fato da França ter
superado os concorrentes americanos.
A Invenção de Hugo Cabret – Se o Oscar tivesse dado o prêmio de Melhor Filme e Melhor Diretor para
Martin Scorsese não estaria cometendo nenhum erro. A bela homenagem ao cineasta
George Méliés, aliada a um bom drama com toques de fantasia, poderia ter
vencido facilmente em todas as categorias as quais foi indicado, mas os cinco
prêmios conquistados pela equipe técnica e de direção de arte já fazem jus ao
porte da produção. A primeira incursão do cineasta no mundo da tecnologia e no
universo infantil pode ter uma narrativa um pouco arrastada, mas é compensada
por um visual arrebatador.
Meia-Noite em Paris – Woody Allen é um tanto avesso às premiações da Academia de Cinema. Só
esteve na festa uma única vez como apresentador de um vídeo especial e não
compareceu nem mesmo quando um de seus filmes foi consagrado. No entanto, os
votantes deixam as picuinhas de lado e sabem reconhecer uma boa história. Entre
tantos roteiros repetitivos e sem graça, vez ou outra o cineasta tem um lampejo
de criatividade e nos presenteia com narrativas inteligentes como esta que une
o contemporâneo e o antigo através dos devaneios da protagonista que consegue
entrar em contato com grandes nomes do cenário cultural e artístico dos anos
20.
Rango – A seleção
de animações desta edição foi fraca em termos de repercussão e bilheteria, mas
entre continuações que não repetiram o sucesso dos originais e projetos mais
destinados aos adultos que às crianças, salvou-se este desenho do cineasta Gore
Verbinski protagonizado por um camaleão. Mais uma vez a nostalgia e o tom de
homenagem se fazem presente. Os elementos diferenciados desta produção fazem
alusão aos clássicos do gênero western e alguns sucessos da história mais
recente do cinema. Embora a história não seja das melhores, o visual criativo e
colorido compensa.
A Separação – Não foi surpresa
o Irã vencer na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, afinal o longa a
respeito de um recém-separado que contrata uma jovem para cuidar de seu pai sem
saber que ela está trabalhando sem o consentimento do marido faturou todos os
prêmios da temporada. Além de premiar um excelente filme, a Academia de cinema
provou ter coragem e voz ativa oferecendo o Oscar a um país que há anos está em
guerra com os EUA, mas tais questões felizmente não influenciaram os votantes.
Meryl Streep – Muitos
dizem que ela não deveria mais ser indicada ao Oscar, porém, enquanto se tem
disposição e talento para trabalhar com cinema e entregar ao público atuações
memoráveis nada mais justo que recompensá-las. Certamente ao longo de três
décadas não foram todos os papéis de Meryl que realmente mereciam as indicações
a prêmios, mas também a Academia de Cinema por várias vezes deixou de fazer
justiça para fazer política de boa vizinhança. Em 2012 não teve jeito. O
perfeccionismo para retratar uma personagem real e ainda viva, com o auxílio de
uma caprichada maquiagem, levou a todos a crer que Margaret Tatcher estava realmente
em cena em A Dama de Ferro e
finalmente a veterana atriz faturou sua terceira estatueta dourada.
Merecia ter ganhado...
Cavalo de Guerra – Entre dois concorrentes de peso que homenageavam a História do cinema,
cada qual a sua maneira, esta produção grandiosa de Steven Spielberg
ironicamente acabou parecendo pequena demais na festa. Indicado em nove
categorias, incluindo Melhor Filme, o conto do adolescente que criou laços de
amizade com um cavalo e que foram afastados por causa de uma guerra não comoveu
completamente os votantes que nem mesmo na área técnica contemplaram a
produção.
Glenn Close – Ela é um
dos ícones do cinema dos anos 80. Indicada naquela época cinco vezes ao Oscar,
mas sem nunca ter ganhado, durante as duas décadas seguintes a atriz passou a
se dedicar ao teatro e a séries e filmes feitos para a TV. Seu retorno às telas
grandes não poderia ser melhor. Interpretando um texto que ela mesma já havia
trabalho nos palcos anos antes, em Albert
Nobbs Glenn deu vida a uma mulher que em busca de sua independência nos
difíceis anos do século 19 passou a se vestir e agir como um homem, uma farsa
que tomou preciosos anos de sua vida e que poderia jamais ter fim. Pelo
histórico do Oscar, ela era certeza que venceria o prêmio, mas as premiações
que antecederam o evento já provavam que mais uma vez ela só esquentaria lugar
na festa.
Michelle Williams – Pela terceira vez sendo indicada ao Oscar, a jovem atriz também poderia
ser uma escolha certeira da Academia. Em Sete
Dias com Marilyn, mais uma produção enfocando tempos áureos de Hollywood, a
intérprete deu vida à estrela platinada, embora não fosse dotada de semelhanças
físicas com ela. Porém, com muito talento e se apoiando nos trejeitos e caras e
bocas de Marilyn Monroe ela conseguiu trazer o mito de volta às telas em um
filme que enfoca uma semana da vida atriz sob a ótica de um fã apaixonado que
descobriu que por trás da sedutora mulher existia também uma insegura jovem
dependente de atenção e remédios.
Estava perdido na festa...
Tão Forte e Tão Perto – Quando o trágico episódio de 11 de setembro completou uma década o
diretor Stephen Daldry, especialista em dramas, também quis fazer um registro
daquele dia e optou por contar a história de um garoto problemático que perde o
pai no ataque. Seguindo a trilha de charadas que ele sempre deixava, o menino parte em uma jornada por Nova York em
busca de pessoas com o mesmo sobrenome e que possam ter alguma mensagem de seu
pai. Foi indicado apenas como Melhor Filme e Melhor Ator Coadjuvante para o
veterano Max Von Sydow, o suficiente para garantir ao título certa publicidade.
O Homem Que Mudou o Jogo – O próprio título nacional já deixa explícito o enredo. Baseado em fatos
reais, Brad Pitt interpreta o treinador de um time de beisebol que usou um
sofisticado software de análises para conseguir reunir uma equipe de qualidade
sem gastar muito. O longa não ganhou nenhum prêmio. Filmes sobre esporte até
tem seu público cativo, mas as histórias costumam ser repetitivas e quando o
esporte é muito enraizado à cultura americana, como neste caso, a repercussão
mundial costuma ficar aquém do esperado.
Missão Madrinha de Casamento – Uma noiva vai se casar e chama algumas amigas para serem suas madrinhas.
Uma delas tem complexo com seu corpo, é insatisfeita com o trabalho e não tem
namorado fixo, o que lhe leva a sentir uma inveja do bem da amiga. Raiva mesmo
ela sente de uma pretensa “nova melhor amiga da noiva” que faz o tipo madrinha
perfeita e quer desbancar as demais. Típica comédia romântica, o longa teve
tanta repercussão nos EUA que o Oscar se rendeu ao popular e conferiu ao longa
as indicações de roteiro original e atriz coadjuvante para Melissa McCarthy,
mas o filme foi um estranho no ninho na premiação.
O Oscar esnobou...
Rio – Devido a
ótima repercussão em solo americano, era esperado que este longa do diretor
brasileiro Carlos Saldanha finalmente nos daria o prazer de ter um Oscar, mas
nem ao menos concorremos na categoria de Melhor Filme de Animação. O longa que
enfoca as belezas do Rio de Janeiro e abre espaço para a discussão a respeito
do contrabando de animais silvestres foi indicado à Melhor Canção, mas não foi
desta vez que fomos premiados, nem mesmo disputando o prêmio com um único
concorrente.
Planeta dos Macacos – A Origem – O título pode não animar muito parecendo uma produção oportunista, mas
esta aventura da guerra entre símios versus humanos merecia maior atenção. Além
da história contundente, a parte técnica é impecável com bons efeitos especiais
que nos passam a impressão de que macacos de verdade estão em cena. Mais uma
vez o Oscar pagou mico e não contemplou quem merecia.
Ryan Gosling – Ele é um
dos atores mais respeitados e talentosos de sua geração e entre 2010 e 2011
participou de quatro filmes e em todos apresentou interpretações formidáveis,
mas o Oscar o esnobou descaradamente. Poderia ter concorrido por Drive, no qual vive um dublê de filmes
de ação que nas horas vagas faz serviços para criminosos, ou então por Tudo Pelo Poder, onde vive um assessor
de imprensa que precisa abrir mão de conceitos éticos para poder eleger seu
candidato à presidência.
Tudo Pelo Poder – George Clooney produziu, escreveu, dirigiu e ainda interpretou um dos
papéis principais deste drama político inteligente e realista que era apontado
como forte candidato ao Oscar. A decepção veio com uma única indicação, a de
roteiro adaptado. O ator se fez presente na festa indicado também como Melhor
Ator por Os Descendentes, mas não
levou nenhum troféu para casa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário