Hoje a lembrança desta coluna vai para um título que não está esquecido na memória do público, pelo contrário, está muito vivo nas lembranças principalmente dos adolescentes, já teve algumas continuações e é considerado um marco cinematográfico de terror, mas inexplicavelmente está fora do mercado há alguns anos. Pânico (1996) é uma obra assinada pelo cineasta Wes Craven que na década de 1980 marcou seu nome na história do cinema ao criar um dos serial killers mais famosos do cinema, o Freddie Krueger, tirando o sono de muita gente com A Hora do Pesadelo. Desde então, uma série de outras produções semelhantes surgiram, inclusive muitas feitas especialmente para lançamento em vídeo aproveitando o boom das videolocadoras. Pouco depois de uma década da primeira carnificina praticada pelo cara das garras de metais e rosto desfigurado ter sido lançada, o mesmo diretor tratou de revitalizar um gênero que já estava saturado e descambando para produções trash que mais causavam risos que sustos. Sua nova incursão requentava a velha fórmula do grupo de jovens formado por atores praticamente desconhecidos fugindo de um sádico assassino, mas a forma de apresentar isso a um novo público foi diferenciada.
Geralmente este tipo de produção é malhada pela crítica, mas neste caso ela foi bastante generosa oferecendo muitos elogios rasgados. Realmente, após um período longo e pobre ao gênero, com minguadas bilheterias e um ou outro título relevante, Pânico chegou para abalar as estruturas. Inicialmente apenas mais um filminho para entreter adolescentes, a produção surpreendeu em todo o mundo. Caindo no gosto do público alvo instantaneamente, é óbvio que a fita causou frisson na premiação de cinema da MTV e continuações e filhotes não tardariam a chegar. Foi responsável pelo movimento cinematográfico conhecido como terror teen que gerou nos anos seguintes sucessos como Lenda Urbana e Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado e até outros países entraram na onda dos serial killers. Na década de 2000, esse estilo caiu em desuso com a onda de refilmagens orientais, porém, sempre são lançados produtos semelhantes, geralmente direto em DVD, mas a repercussão é infinitamente menor.
Não é por acaso que Pânico teve o mérito de dois anos depois de o lançamento estar em uma conceituada lista dos 500 melhores filmes de todos os tempos e até hoje o título marca presença em algumas listagens do tipo, um espaço raríssimo para produtos do gênero. Desde a concepção da idéia, passando pelo roteiro, diálogos, do início ao fim esta produção é triunfal. A história com pitadas de humor negro foi desenvolvida por Kevin Williamson e recebeu muitos elogios, assim todas as produtoras de filmes, principalmente as especializadas em produções de horror e suspense, queriam este nome em seu casting. Ele foi responsável não só pelas eletrizantes sequências de perseguição e tortura, com direito a muito sangue sem escamoteações, o que levou a obra a ser mutilada em diversos países, mas também por desenvolver de maneira crível os personagens. Além de Neve Campbell, o casal David Arquette e Courtney Cox brilhou respectivamente como um policial e uma jornalista. O trio se destacou tanto que ficou com a imagem irremediavelmente ligada ao longa. Projeção bem-vinda na época, hoje eles sofrem com a escassez de convites para atuar no cinema.
A contabilidade da franquia é gigantesca. Deve-se chegar a uma fortuna de vários milhões somando os lucros mundiais de cinema, venda para TV paga, aberta e nos formatos de venda direta ao consumidor e locadoras das quatro produções que constituem a série. Em 2000, a trilogia foi fechada com um filme que causava sustos, mas tirava sarro da obra original. Dirigida também por Craven, na época ele afirmava que não revisitaria mais essa história, porém, em 2011, o quarto episódio foi lançado. E aqui chegamos ao motivo desta produção ser destacada como esquecida. Com mais uma continuação sendo lançada mais de uma década após o último capítulo, nada mais natural que os três primeiros filmes fossem disponibilizados no mercado para novos espectadores, mas inexplicavelmente a obra original, aquela que iniciou todo esse sucesso e é um marco, simplesmente não existe. Alguns sites e blogs divulgaram o lançamento de toda a coleção neste ano, mas uma busca pelas principais lojas virtuais prova que Pânico continua indisponível. Pode ser que algum problema envolvendo direitos autorais ou de exploração sejam os motivos do entrave, mas ficamos na torcida para que o lançamento em DVD ocorra realmente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário