O diretor Walter Salles compareceu no Festival de Cannes juntamente com o elenco de Na Estrada, seu novo filme que não ganhou prêmios |
Havia certa expectativa que o Brasil conquistaria sua segunda
Palma de Ouro após cinco décadas de jejum de prêmios, mas o Festival de Cannes
2012 já considerou a escolha da nossa terrinha como o país homenageado da
edição uma grande honra. Assim, Walter Salles e seu Na Estrada deixaram o evento sem trazer uma lembrancinha. Por outro
lado, a presença do cineasta brasileiro na disputa do principal prêmio foi uma
das poucas coisas que fizeram o festival ganhar certo destaque este ano por
aqui. O fato é que no mundo inteiro a repercussão do evento como um todo foi
pequena.
Considerado décadas atrás como uma premiação até mais importante
que o Oscar, o evento de Cannes acabou se tornando mais relevante somente para
os cinéfilos e profissionais da indústria cinematográfica. Um dos grandes
problemas é a falta de informação sobre os filmes participantes da disputa ou
que tem sua pré-estréia no festival. A maioria não chega ao alcance do grande
público e isso não é só no Brasil. No mundo todo existem dificuldades para a
distribuição dos títulos, seja por dificuldades acerca do conteúdo ou até mesmo
para legendar as produções. Da edição 2012 só temos duas certezas: Na Estrada deve estrear nos cinemas
brasileiros em circuito restrito enquanto Madagascar
3, que teve sua primeira exibição pública abrindo o evento, mas fora da
disputa de prêmios, deve lotar as salas dos shoppings nas férias de julho.
Cannes 2011 surpreendeu pela repercussão que teve, principalmente
pela polêmica instantânea que causou o cineasta Lars von Trier ao dar
declarações brincando com a idéia de que simpatizava com a figura do Hitler. A
piada acabou tornando-o presença não grata no evento, mas em compensação ajudou
na divulgação de Melancolia que após
tanta exposição na mídia gerou certa expectativa entre os cinéfilos. É certo
que só temos como medir o grau de êxito do festival ao longo do restante do ano
conforme as produções vão estreando nos cinemas ou sendo lançadas em DVD. É
importante lembrar que três obras participantes do evento do ano passado
conseguiram chegar em boa forma até as premiações americanas que fecham o ciclo
de festivais, entre elas O Artista que
faturou cinco Oscars, incluindo Melhor Filme.
Palmas para Michael Haneke
O cineasta austríaco Michael Haneke já é uma figura conhecida em
Cannes e seu nome já desperta certa curiosidade entre os mais antenados sobre
cinema. Participante de quatro edições do evento, ele surgiu em 2005 com o
aclamado Caché, considerado por
alguns críticos como um dos melhores filmes da primeira década no novo milênio.
Quatro anos depois faturou sua primeira Palma de Ouro com A Fita Branca e agora em 2012 foi laureado com o mesmo prêmio por Amour, longa que se destaca em sua filmografia
na qual a morte e o sofrimento estão sempre presentes. Na realidade seu novo
filme também toca em assunto fúnebre, mas de forma um pouco mais amena.
Jean-Louis Trintignant e Emmanuelle Riva formam um casal de idosos que passa
por um momento delicado já que a mulher está a beira da morte.
Michael Haneke no centro e os atores Emmanuelle Riva e Jean-Louis Trintignant comemorando a Palma de Ouro recebida por Amour |
Mais reflexivo do que chocante, o projeto era para ter sido
lançado no lugar de Violência Gratuita em
2007, trabalho hiper violento que é um remake americano do filme homônimo que o
próprio Haneke dirigiu dez anos antes em idioma austríaco. Amour foi adiado por a premissa básica ser a mesma de Longe Dela, drama da atriz, roteirista e
diretora Sarah Polley que na época já rodava com seu filme pelos festivais
mundo a fora.
Pelo fato do festival receber produções de todos os cantos do
mundo, é comum que a maioria dos vencedores sejam praticamente desconhecidos.
Não tivemos este ano uma americana acostumada a filmes-pipoca surpreendendo e
sendo premiada, caso de Kirsten Dunst que foi eleita Melhor Atriz por Melancolia. Este ano duas atrizes
novatas romenas e do mesmo filme dividiram os aplausos. Em Beyond the Hills, Cosmina Stratan e Cristina Flutur vivem duas
amigas que foram criadas em um orfanato romeno e quando adultas seguiram
caminhos diferentes, sendo que uma delas tornou-se uma fanática religiosa. O
longa também rendeu à Cristian Mungiu o prêmio de Melhor Roteiro.
Quanto aos demais premiados, bem, o tempo dirá se eles escreverão definitivamente seus nomes e de seus respectivos filmes na história do cinema. A lista de laureados em Cannes em todas as suas edições e hoje esquecidos é enorme e deve aumentar mais com a turma de 2012. Uma pena.
Quanto aos demais premiados, bem, o tempo dirá se eles escreverão definitivamente seus nomes e de seus respectivos filmes na história do cinema. A lista de laureados em Cannes em todas as suas edições e hoje esquecidos é enorme e deve aumentar mais com a turma de 2012. Uma pena.
Um comentário:
Prêmios são bobagens, a meu ver. O que realmente importa não são prêmios e sim o resultado. Afinal, Táxi Driver não venceu Oscar algum e é um dos melhores de todos os tempos, em minha visão.
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